Empreender é um desafio que exige coragem, paciência e determinação. Empreender também é o verbo mais recorrente na cabeça de jovens criativos, em busca de inovação e de um trabalho com propósito. Mas, muitas vezes, ter uma boa ideia e vontade de empreender não é suficiente para que o negócio deslanche.
Com a proposta de ajudar jovens empreendedores nesse processo de não deixar que bons projetos se percam por falta de planejamento ou de investimentos, têm surgido no Brasil vários mecanismos e ambientes de aceleração de startups. Porque bons negócios, ao nascer, têm muito a se beneficiar de um apoio sólido para darem seus primeiros passos.
Ir atrás de algum processo de aceleração e escolher o formato que mais tem a ver com a proposta da sua empresa é a primeira dica que o publicitário André Tanesi, sócio da Descola – uma plataforma online para cursos livre fora dos padrões tradicionais de educação à distância – dá aos pequenos e médios empreendedores que estão iniciando sua jornada empresarial.
O conselho é dado com base na experiência real da Descola, que no início de 2014, teve seu modelo de negócio aprovado pelo SEED (Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development), programa de aceleração do Governo de Minas Gerais, que aconteceu entre maio e novembro do ano passado. “Optamos pelo Seed, entre outros motivos, por se tratar de um programa equity free” (não fica com participação nas empresas aceleradas), diz André.
Já nos primeiros dias de programa, no entanto, os sócios da Descola descobriram que essa questão não tinha a menor importância perto dos benefícios que o programa oferecia. O primeiro deles era o contato com uma metodologia de aceleração.
“Começamos aprendendo metodologias importantes para o planejamento e a organização do negócio. Na faculdade, aprendemos como gerenciar uma empresa, mas não como criar uma do zero. E essa ausência foi corrigida no Seed, onde aprendemos como testar hipóteses, como validar negócios, como pivotar quando necessário. Tudo isso permitiu que validássemos teses a respeito de alguns de nossos problemas, compreendêssemos melhor nosso produto e nossos consumidores e assim pudéssemos modelar o nosso negócio de forma mais eficiente para enfrentarmos as dificuldades que iriamos encontrar”, diz André.
Outros benefícios do programa destacados por ele: o espaço físico para o trabalho, em ambiente colaborativo de coworking com as outras 80 empresas aceleradas naquela edição do programa, favorecendo a troca de experiência e a colaboração mútua para a solução de problemas; o networking estabelecido durante os 6 meses do processo de aceleração e, por fim, o desenvolvimento de planos e de metas a cumprir, de forma organizada, com objetivos semanais. “Mensuramos tudo e estabelecemos metas. Desde o número de entrevistas com consumidores, passando pela a quantidade de novos cursos e de alunos em cada curso, até o faturamento”.
Todos esses benefícios têm contribuído muito para a construção do modelo ideal de empresa que o grupo tem buscado. “Com tudo isso, entendemos melhor o que é a nossa empresa e quais são os nossos objetivos. Com esse entendimento é mais fácil visualizar que é preciso ajustar e onde é possível corrigir a rota”. André revela que o processo de aceleração modificou praticamente toda a empresa. “Mudamos várias coisas para melhorar a experiência do usuário. Por exemplo, percebemos que nossos clientes não assistem a um vídeo de 30 minutos de forma contínua, por isso, modificamos o formato dos cursos, que passaram se estruturar em blocos de cinco minutos.”
A criação de um produto específico para universidades também foi um dos resultados colhidos no Seed. “No processo de aceleração reconhecemos um diferencial nosso, que é o formato de trabalhar o conteúdo destes cursos. Existe muito conteúdo disponível na internet, porém, queríamos disponibilizar um formato de ensino que fosse prático, rápido e fácil para o usuário aprender. Daí nasceu a ideia de adaptarmos cursos extra-curriculares dados nas universidade para a plataforma online, de forma descolada e eficiente”, diz André.
Para ele, a conclusão é clara: a inserção da Descola no Seed foi realmente um divisor de águas no processo de “empreender”. E, exatamente por isso, André recomenda a experiência da aceleração para as jovens empresas que estão saindo da casca. “Um dos mentores do Seed nos falou algo muito bacana: não saia vendendo todos os seus bens para dar início a sua empresa. Hoje existem muitas formas de viabilizar o seu negócio, tem muita gente querendo investir em boas ideias e a economia do país tem sido propícia para o mercado de startups. Por isso, aproveite o momento e vá atrás disso”. André tem mais dicas que considera importantes para o sucesso dos empreendimentos:
1. Teste seu negócio: coloque seu negócio no ar no menor formato possível, mas teste. Porque é muito comum termos uma grande e ideia e, ao chegar no mercado, percebemos que não era bem aquilo que imaginávamos. Então, antes de investir um monte de grana no produto, pesquise, faça entrevistas e veja se realmente o seu negócio tem demanda no mercado.
2. Seja cara-de-pau: não tenha vergonha de mostrar a sua ideia. Mesmo que ela ainda seja um embrião – hoje existe muita gente disposta a conhecer e investir em boas soluções, inclusive ajudando a tirá-las do papel.
DE EMPREENDEDOR PARA EMPREENDEDOR
– Softwares que você recomenda e usa no seu computador pessoal
Uso muitos apps no meu computador, principalmente para ajudar no trabalho. Alguns deles:
Evernote: um app para fazer anotações, criar rascunhos, pautas, e tudo que precisa ser escrito em algum lugar. Ele tem uma forma de armazenamento inteligente e fica tudo salvo no app. É possível compartilhar e editar tudo de forma fácil e prática.
Slack: é a ferramenta que a gente mais usa. É o substituto do e-mail interno. Uma ferramenta em que trocamos as mensagens já categorizadas e que envolve todas as pessoas que estão atuando no tema. Fica tudo muito fácil de ser encontrado.
Sunrise: gostei da ferramenta para organizar minha agenda e minhas tarefas do dia-a-dia.
Spotify: Ok, esse não parece ser ligado à produtividade, mas preciso de boa música para me concentrar e realizar minhas tarefas, então uso bastante.
– Dica de hardware ou acessórios no seu computador pessoal
Uso bons fones de ouvido, assim posso ouvir minhas músicas e não atrapalhar ninguém ao lado.
– Dica de configuração ou atalho
Separo minhas coisas em diferentes áreas de trabalho. Acho mais fácil a organização desse jeito.
– Qual a sua relação e opinião sobre cloud computing?
O cloud facilitou muito nossa vida. Hoje, todos os arquivos que temos com a equipe ficam em algum tipo de cloud, então todos têm acesso, de qualquer lugar, a qualquer hora. Ganhamos em praticidade e agilidade.
– Como seria o computador dos seus sonhos?
Não sei qual vai ser a próxima grande mudança. Cada vez mais os computadores ficam mais velozes, com maior capacidade de realização, menos fios e maior convergência com outros meios, como o celular, por exemplo.
Com esta série HP/Intel no Draft, vamos falar das ferramentas e tecnologias usadas pelos inovadores. Do lifestyle e dos novos jeitos de trabalhar dos game changers brasileiros. Dos novos espaços de trabalho e dos novos jeitos de gerir dos nossos makers. Do como pensam e como fazem negócios os empreendedores criativos do país.