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Maurício Mota, da The Alchemists: narrativas transmídia podem auxiliar o seu negócio

Joana Andrade - 4 fev 2015 Neto do escritor Nelson Rodrigues, Maurício Mota, fundador da produtora The Alchemists, fala sobre inovação e criatividade
Neto do escritor Nelson Rodrigues, Maurício Mota, fundador da produtora The Alchemists, fala sobre inovação e criatividade
Joana Andrade - 4 fev 2015
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Aos nove anos, Maurício Mota descobriu que o senhor de barba branca no porta-retratos da casa de seus pais não era o seu avô e sim o pensador alemão Karl Marx. Foi assim que começou a ter consciência e entender na prática quem era seu avô: o escritor, jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues.

“Quando eu entendi que meu avô era Nelson Rodrigues, e percebi que ele morreu sem ter o reconhecimento artístico e financeiro que merecia, entrei numa obsessão por encontrar novas maneiras de fazer com que as histórias de criadores como meu avô atingissem o maior potencial possível”, diz Maurício.

Foi, talvez, o primeiro sentimento empreendedor do menino que, mais tarde, aos 15, transformou a tese de mestrado da mãe, Sônia Rodrigues, sobre RPGs, os Role Playing Games, num jogo de contação de histórias. Ao invés de vendê-lo a uma fabricante de brinquedos, Maurício passou dois anos apresentando o game pessoalmente nas escolas públicas estaduais do Rio de Janeiro, tentando convencer professores e diretores de que sua invenção ajudaria os alunos a compreender melhor as histórias e a escrever melhor.

Depois de dois anos de esforço, o jogo foi adotado por mais de quatro mil escolas no Brasil, além de virar uma coleção de livros. Foi assim Maurício consolidou sua primeira empresa, a Autoria C, em sociedade com sua mãe. Hoje, sob os cuidados dela, a empresa atua como uma rede social fechada, a Almanaque da Rede, ajudando alunos do ensino médio a tirar melhores notas nas redações do Enem.

Em função do seu jogo, aos 21 anos, Maurício foi convidado a palestrar sobre criatividade em empresas. Aí entrou em contato com o conceito de branded entertainment. E percebeu que esse poderia ser modelo diferente de fazer com que os criadores de histórias, aliados às marcas, pudessem criar mais histórias, produzir mais conteúdo, e ter mais reconhecimento financeiro. Começava ali a atuação de Maurício junto ao mercado publicitário e às grandes agências.

O jogo ainda lhe renderia novos frutos. Em 2007, foi convidado a participar de um evento no MIT, o Massachusets Institute of Technology, sobre o futuro do entretenimento, organizado por Henry Jenkins, especialista em convergência das mídias e cultura colaborativa. “Me apaixonei pelo assunto que ele estudava, narrativas transmídias, e aí me dei conta de que meu avô, Nelson Rodrigues, sempre foi transmídia: ele escrevia para qualquer plataforma. Era jornalista, dramaturgo, escritor, ou seja, escreveu livros, escreveu para o rádio, para o teatro, para a televisão, para os jornais. Voltei de lá certo de que essa era a evolução que o conteúdo tinha que seguir”, diz Maurício.

O desenvolvimento de projetos de storytelling e de conteúdo multiplataforma acabou se tornando o principal produto da The Alchemists, produtora criada por Maurício ainda em 2007. A música Os alquimistas estão chegando, de Jorge Benjor, foi a principal influência para a criação do nome da empresa, que hoje conta com três escritórios: no Rio, em São Paulo e em Los Angeles.

O projeto mais recente da empresa é o desenvolvimento e a coprodução, juntamente com a Wise Entertainment, da série multiplataforma East Los High, exibida no canal Hulu (concorrente direto do Netflix, nos Estados Unidos) e voltada para o público latino, um dos maiores mercados consumidores dos Estados Unidos.

Indo para a sua terceira temporada, a série bateu a marca de 20 milhões de espectadores e conquistou, em 2014, o primeiro lugar no prêmio Escolha dos Leitores da revista Adweek, à frente de séries como House of Cards e Orange is the New Black. East Los High tem o patrocínio da Ford e a perspectiva de virar filme, linha de roupas e concurso de dança. “A primeira temporada foi 100% bancada por marcas e fundações dos Estados Unidos, que queriam trabalhar questões sociais com os latinos. Hoje, essas marcas entram como sócias e coprodutoras de projetos da The Alchemists e reinvestem seus lucros na produção de novas séries para outros públicos”, diz Maurício. É o caso, por exemplo, de uma nova série em produção sobre jovens negras que vivem em Atlanta.

A The Alchemists utiliza duas metodologias proprietárias: a “Bússola Narrativa”, que analisa aspectos qualitativos e quantitativos do mercado com o objetivo de entender a audiência, o público que ainda não está sendo impactado, o tipo de conteúdo que as pessoas querem consumir, as plataformas que não estão sendo exploradas. E o “Mapa de Fãs”, que mapeia o perfil dos fãs daquele tipo de série e identifica o que eles estão buscando. Dessa maneira, gera-se uma espécie de guia que vai pautar os roteiristas na elaboração de novas séries.

No Brasil, a The Alchemists, em parceria com a ESPM, a Escola Superior de Propaganda e Marketing, deve lançar ainda em 2015 uma série para jovens universitários, que nasceu de uma análise de quem são esses jovens e que conteúdos eles querem consumir. Além disso, a produção do longa-metragem Deuses de Dois Mundos, baseado no best-seller de P.J. Pereira, também está na lista de projetos da produtora. Assim como a série Contatos, em parceria com a Segunda-Feira Filmes, com previsão de lançamento em 2015. Trata-se de um suspense sobrenatural que conta a histórias de pessoas mortas que fazem aparição em redes sociais.

Maurício acredita que o Brasil pode desenvolver a próxima Hollywood. De olho nesse mercado, a The Alchemists vem atuando na curadoria da “Escola de Série”, um projeto de educação criado pelo Sebrae e pela ESPM, que busca funcionar como uma plataforma de desenvolvimento e capacitação de produtores e roteiristas no Rio de Janeiro. “A ideia é trazermos o melhor dos métodos e dos processos norte-americanos para acelerar a nossa capacidade de escrever e produzir as melhores histórias por aqui”, diz ele.

 

DE EMPREENDEDOR PARA EMPREENDEDOR
Apps de produtividade que todo empreendedor devia usar
Evernote e MindMeister

Sites/perfis de negócios e inovação que todo empreendedor devia seguir
“Genius Steals”, do Faris Yakob e Rosie Simian
Blog do Henry Jenkins
Blog do Laboratório de Inovação da Annenberg School, com quem temos um convênio

Livros de negócio que todo empreendedor devia ler
“O Poder do Mito”, de Joseph Campbell – quem quer fazer qualquer tipo de negócio precisa entender sobre mitos e símbolos
“Innovate The Pixar Way”, de Bill Capodagli e Lynn Jackson
“Creativity Inc.”, Ed Catmull
“Conscious Business”, Fred Kofman

Eventos de inovação e negócios que todo empreendedor deveria frequentar
Eu acho que os eventos perderam bastante relevância com o fato de as novidades chegarem antes para você, online. Então tenho ido bem menos a eventos, pois não tem mais aquela coisa de “Uau, nunca tinha ouvido falar sobre isso”. Nossas alianças com o MIT e com a USC têm sido proveitosas porque temos acesso a inovações tangíveis que estão sendo pensadas lá. É mais prático para a gente e mais consistente do que ir a um evento com 3 mil pessoas em que todo mundo quer perguntar por perguntar ou em que os tweets são mais acompanhados que o evento em si.

Que softwares você usa no seu computador pessoal?
Eu uso muito o Skype, por causa do escritório do Rio. E o Box para os arquivos da produtora.

Que acessórios você usa no seu computador pessoal?
Fones de ouvido para música, teclado e mouse wireless.

Dica de configuração ou atalhos que você usa.
Aquele que muda as telas dos diferentes programas que você tem aberto.

Como seria o computador dos seus sonhos
Que lesse os meus sonhos e os transformasse em filmes para eu assistir depois que acordar.

 

AssinaturaHP

Com esta série HP/Intel no Draft, vamos falar das ferramentas e tecnologias usadas pelos inovadores. Do lifestyle e dos novos jeitos de trabalhar dos game changers brasileiros. Dos novos espaços de trabalho e dos novos jeitos de gerir dos nossos makers. Do como pensam e como fazem negócios os empreendedores criativos do país.

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