Rodrigo Vieira Cunha é, desde pequeno, apaixonado por surfe. Não apenas o esporte, mas tudo o que remete à cultura do surfe: o mar, o desafio imposto pelas ondas, o exercício ao ar livre, a proximidade com a natureza. Ao se formar em jornalismo, em Porto Alegre, pela PUC/RS, Rodrigo se perguntava: “Como, atuando como jornalista, posso levar para dentro do mundo dos negócios, das redações, dos jornais, um pouco da minha paixão, da minha visão de mundo?” Rodrigo queria que práticas sociais e ambientais mais responsáveis fizessem parte do seu dia-a-dia.
Rodrigo passou pela redação do jornal Zero Hora, foi chefe de redação da sucursal de Porto Alegre da revista Veja e atuou também na revista Você S.A., ambas da Editora Abril. Nesses veículos, se dedicou a lançar luzes sobre temas ligados à responsabilidade social e sustentabilidade – que naquela época, no começo dos anos 2000, ainda não tinham muita visibilidade no Brasil. Foi assim que recebeu o convite para trocar sua atuação na imprensa pelo trabalho na comunicação do Banco Real – que seria mais tarde comprado pelo Santander.
O Banco Real, então sob a liderança de Fábio Barbosa (hoje presidente do Grupo Abril), um dos executivos mais respeitados quando o assunto é sustentabilidade, procurou Rodrigo para atuar na área de Reponsabilidade Social da empresa. A decisão de encarar o desafio veio de poder ajudar aquele grupo de pessoas a realizar uma transformação importante, que tinha a ver com as crenças de Rodrigo. “Um banco é um espaço muito legal para trabalhar porque é um negócio que promove a interação com todos os setores da sociedade. O nível de influência que o Banco Real tinha, como um dos principais bancos do país e do mundo, era muito grande. Isso foi muito sedutor para mim porque eu teria a oportunidade de amplificar o que eu estava fazendo para um número enorme de pessoas”, diz Rodrigo.
Nesse período, o Banco Real se tornou referência em Responsabilidade Social e em Sustentabilidade no Brasil e no mundo, conquistando, em 2008, entre outros prêmios, o título de Banco Mais Sustentável do Mundo pela Financial Times. Foi ali também que Rodrigo iniciou seu trabalho junto ao TED, conseguindo que o Banco, àquela altura já transformado em Santander, patrocinasse o primeiro TEDx no Brasil, realizado em São Paulo em 2009 e considerado um dos cinco melhores do mundo. O seu envolvimento com o evento cresceu e ele passou a autuar também como organizador e curador do TEDx Amazônia, o que lhe rendeu o título de embaixador do TEDx na América Latina.
Depois de oito anos, a mesma motivação de influenciar pessoas e empresas positivamente fez Rodrigo sair do banco e trilhar novos caminhos. Dessa vez, a jornada foi partilhada com o amigo Lucas Mello, na LiveAD, agência de comunicação digital, de quem se tornou sócio, e que tinha uma visão de mundo parecida com a dele – “aproveitar um poder, que é o da comunicação, para ajudar a transformar o mundo para melhor. As pessoas compram coisas e isso não vai mudar: nossa ideia é fazer com que os produtos influenciem de forma positiva a vida de todo mundo”, diz Rodrigo, que entrou para ajudar a criar um braço de relações públicas na agência e que, mais tarde, ganharia a força de um novo negócio: a Profile PR, que integra O Grupo, do qual fazem parte também a BOX 1824 e Talk Inc, além da própria LiveAD.
A Profile PR atende clientes como a United Nations Foundation, cuja parceria começou com a criação e divulgação do Rio+Social, em 2012. O evento tinha como objetivo democratizar a discussão sobre metas globais de sustentabilidade e influenciar as decisões tomadas no Rio+20, que aconteceria no dia seguinte. Para isso, o evento reuniu 700 pessoas ligadas a esse universo, junto a 150 influenciadores digitais e 50 jornalistas globais, para debater com líderes mundiais como Muhammad Yunus, Gro Brundtland, Ted Turner, Michelle Bachelet, Pete Cashmore e Fábio Barbosa.
O evento foi transmitido online para milhares de pessoas, impactou cerca de 7 milhões de usuários no Facebook, e 150 milhões no Twitter. A hashtag #rioplussocial desenvolvida para criar um discurso colaborativo de impacto atingiu o tranding topics no Brasil e no Mundo durante todo o dia. A ação abriu espaço para a continuação do projeto, com a criação do PlusSocialGood, uma plataforma para alimentar essa discussão por todo o mundo.
O trabalho em parceria com o TED continuou dentro da Profile PR, que foi a responsável por ajudar a trazer a edição global do evento ao Brasil, ano passado. O TED Global 2014 aconteceu no Rio de Janeiro e reuniu palestrantes de 69 países diferentes, durante uma semana, nas areias de Copacabana.
DE EMPREENDEDOR PARA EMPREENDEDOR
Que apps de produtividade todo empreendedor devia usar?
Tento simplificar ao máximo, usando o mínimo de apps possíveis. Gosto do calendário Sunrise, da lista de “to do” Wunderlist e do Evernote para organizar ideias e referências. Gosto de organizar também as referências de conhecimento com o site NewsMonitor, talvez o melhor agregador de conteúdo de qualidade que existe.
Que sites/perfis de negócios e inovação todo empreendedor devia seguir?
Gosto de seguir sites de notícias internacionais para saber o que está acontecendo no mundo e ver antes as novidades: The New York Times, Financial Times e Wall Street Journal, principalmente. Para inspiração gosto das newsletters Brainpickings, Protein e PSFK e outros mais focados em sustentabilidade, como Sustainable Brands e algumas referências da Futerra, uma empresa de comunicação e sustentabilidade da Inglaterra.
Que livros de negócio todo empreendedor devia ler?
Livros de negócios são legais, mas tenho lido pouco. Prefiro ler biografias. Principalmente porque trazem histórias reais, para não ficar só na teoria. Livros como a biografia do Steve Jobs, por exemplo, ensinam muita coisa. Este é imperdível. Tenho lido muita coisa sobre felicidade. Livros de negócios estão focados em ensinar os empreendedores a ganhar dinheiro. Escrevi o livro “Como fazer uma empresa dar certo em um país incerto”, para o Instituto Empreender Endeavor. As entrevistas eram todas focadas na história dos empreendedores e executivos, com aprendizados importantes que tiveram. Ao final, eu perguntava do que mais se arrependiam. Grande parte, já bem-sucedida, diziam que queriam ter passado mais tempo com seus filhos. Quantos livros de negócios ensinam isso? Aprendi coisas incríveis no livro “The Happiness Hypothesis”, de Jonathan Haidt. Não adianta ter um negócio ou ideia incrível se as pessoas em volta ou com que você faz negócios não estiverem felizes.
Que ferramentas (planilhas, softwares, hardwares etc) todo empreendedor deveria ter?
Google drive tem quase tudo que preciso!
Que eventos de inovação e negócios que todo empreendedor deveria frequentar?
Tenho uma lista de todos os principais eventos de inovação e negócios do mundo, mas se fosse escolher apenas um seria o TED. É a principal conferência de inovação do mundo. Não troco por nenhuma, principalmente, pela oportunidade fantástica de fazer networking de primeira linha. É um investimento alto, mas é algo que vale para a carreira, principalmente. Ter contatos é o que faz a diferença para os empreendedores. Outro evento altamente inspirador é o SXSW. Uma grande experiência. Também vale ir ao menos uma vez no Global Innovation Summit.
Alguma dica de acessório que você usa no seu computador pessoal?
Flash drive no lugar de HD. Aumenta a produtividade de maneira incrível porque o acesso do computador aos dados fica muito mais ágil.
Qual a sua opinião sobre cloud computing?
Quando a conexão funciona, o cloud computing é perfeito e auxilia muito na produtividade.
Como seria o computador dos seus sonhos?
Um que não trave quando estou produzindo muito, com muitas abas e programas abertos.
Com esta série HP/Intel no Draft, vamos falar das ferramentas e tecnologias usadas pelos inovadores. Do lifestyle e dos novos jeitos de trabalhar dos game changers brasileiros. Dos novos espaços de trabalho e dos novos jeitos de gerir dos nossos makers. Do como pensam e como fazem negócios os empreendedores criativos do país.