Por Gabriel Borges
Um dos eventos sobre inovação mais importantes do mundo completou 10 anos e, provavelmente, você ainda nunca havia ouvido falar nele. Com o propósito de discutir para onde aponta nosso futuro, a Conferência Lift se firmou no calendário de uma comunidade internacional de mais de mil pessoas que, todo ano, se encontra na gélida Genebra, em terras suíças, no início de fevereiro.
Em um tom quase que de celebração, nesta décima edição, os curadores do evento resolveram convidar alguns dos palestrantes mais interressantes que subiram ao palco nos outros anos. Uma dessas figurinhas repetidas foi o inglês Russell Davies. O estrategista digital, que já esteve à frente de equipes de inovação como da Nike, agora lidera o grupo responsável pela digitalização do governo britânico.
Logo em uma de suas primeiras falas, Russell deu um tapa na cara de todos nós, sentadinhos ali na platéia: “acho que precisamos parar de falar sobre inovação”. Influenciado pelo aprendizado dos últimos projetos em que esteve envolvido, ele propôs algumas reflexões sobre como temos dado atenção para aquilo que não vale mais à pena. É como se estivéssemos olhando para o dedo e não para a lua apontada.
Segundo ele, acabamos entrando numa espécie de transe onde queremos digitalizar tudo. Ficamos muito entusiasmados com a miríade de possibilidades que a internet nos permite e temos passado muito tempo pensando o que mais podemos digitalizar. Estamos nos esquecendo de pensar em realizar aquilo que precisa ser realizado. E que, naturalmente, pode até ser feito de uma maneira mais simples com o digital – mas que não está subjugado a ele.
O tempos são outros. Hoje, escrever uma linha de programação é escadalosamente mais rápido do que há alguns anos. Contudo, ainda perdemos muito tempo discutindo se deveríamos escrevê-la. Realmente. Muitas vezes, seria mais rápido executar a tarefa do que fazer uma reunião para discutir se deveríamos fazê-la.
Nos projetos digitais para o governo britânico, Russell estabeleceu uma nova máxima: “nossa estratégia é a entrega”. Descobriu que não precisam mais de novas ideias. O que realmente precisam é executar primorosamente as ideias que já existem. O que não significa que seja uma tarefa fácil. Muito ao contrário.
Nem é preciso ir muito longe para perceber que essa reflexão faz todo sentido em qualquer lugar. Afinal, várias das empresas mais admiradas no mercado atualmente se mostram mais preocupadas com a entrega e com a experiência de seus clientes do que com suas estratégias de marketing e negócios.
E foi pensando nisso que voltei para o Brasil. Parece que, aos poucos, estamos abandonando o mundo da persuasão e, cada vez mais, nos aproximando de um mundo onde a usabilidade é quem reina. E chega de novas ideias!
Gabriel Borges, o GB, é sócio e CEO da Ampfy
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