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A escola de comunicação Énois já ajudou mais de 3 mil jovens a ler, escrever (e pensar) melhor

Mirela Mazzola - 2 mar 2015 Nina Weingrill criou uma agência de comunicação que também ensina jovens da periferia a se comunicar. E, não satisfeita, ainda criou a Velô, grife de roupas voltadas para ciclistas
Nina Weingrill criou uma agência de comunicação que também ensina jovens da periferia a se comunicar. (E, não satisfeita, ainda criou a Velô, grife de roupas voltadas para ciclistas.)
Mirela Mazzola - 2 mar 2015
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As oportunidades que a paulistana Nina Weingrill teve ao construir a carreira estão fora do alcance de milhares de jovens brasileiros. Formada na primeira escola de jornalismo do Brasil e uma das mais conceituadas na área, a Faculdade Cásper Líbero, ela concluiu uma pós-graduação em marketing digital e já trabalhou nas maiores editoras de revistas do país, a Globo e a Abril.

Mas, em 2009, a jornalista de 29 anos começou a encurtar a distância que a separava de quem não teve as mesmas chances. Ao lado da colega Amanda Rahra, foi plantada a semente da escola e agência de comunicação Énois – quando as duas passaram a ministrar, voluntariamente, aulas de jornalismo para meia dúzia de jovens do Capão Redondo, bairro da periferia de São Paulo.

Depois de quatro fins de semana, a ideia era criar um fanzine, como é chamada uma publicação independente, não periódica e de baixo custo. Deu certo: no final do curso, quase 30 jovens compunham o grupo, a revistinha ganharia outras edições e passou a ser distribuída em onze escolas da região.

Os dois primeiros anos da escola foram viáveis graças à verba de um programa de incentivo da Prefeitura de São Paulo. “Depois disso, o modelo começou a não se mostrar sustentável”, lembra Nina. Não havia sede própria e, por vezes, as fundadoras tiravam dinheiro do próprio bolso.

Enquanto isso, o avanço dos alunos era notável: ao ler e escrever melhor, eles começaram a desenvolver a argumentação e o questionamento, além da melhora nas notas de português. “Estar perto desses garotos nos inspirava a seguir em frente”, diz Nina. Foi então que elas conceberam a agência de conteúdo Énois. Funciona assim: os participantes da iniciativa criam, sob a supervisão das jornalistas, projetos para o mercado, e a venda deles financia a escola.

Em 2011, a Énois se fez presente em outros bairros periféricos e, no ano seguinte, ganhou uma sede própria, no Centro. Calcula-se que mais de 3 mil jovens do ensino médio de escolas públicas já foram impactados. E mais podem ser, já que uma plataforma on-line de ensino à distância deve ser lançada no primeiro semestre.

Em meados de 2014, outra causa importante entrou no caminho de Nina: a da melhora da mobilidade urbana. Com a mãe, Cláudia, e uma amiga dela, a estilista Camila Silveira, a jornalista criou Velô, grife de roupas voltadas a ciclistas. São feitas de tecidos tecnológicos (não amassam facilmente, deixam a pele respirar e têm proteção solar, entre outras propriedades) e apresentam cortes versáteis. A proposta é que as peças sejam usadas durante as pedaladas, em compromissos sociais e até no trabalho. “Os preços mais altos se devem a nossa cadeia produtiva, com fornecedores nacionais e certificados”, explica.

Mãe de primeira viagem da pequena Mia, de 4 meses, ela tenta dividir o tempo que resta entre a Énois e a Velô. A jornalista sentiu na pele que empreender não é um caminho fácil e nem sempre as contas fecham. “Mas chegar ao fim do dia e pensar ‘era isso mesmo que eu queria ter feito’ recompensa tudo”, conclui.

 

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