Por Andréa Tolaini
“Assistir à minha mãe pintando telas que retratam a natureza é a lembrança mais bonita que guardo da infância. Tenho certeza que, ali, a dona Maria Inês era ela mesma, empoderada como artista e mulher. Mas, conforme eu e minhas irmãs crescíamos, ela foi se afastando desses momentos e passou a dar aulas de artes.
“Inspirada por ela, eu sonhava ser artista. Talvez por pressão social ou para escolher uma carreira ‘estável’, estudei publicidade. Para mim, era como um meio-termo. Fiz trabalhos de produção cultural, mas não me sentia completa – eu queria ser a protagonista de tudo aquilo.
“Em 2011, dois anos depois da morte da minha mãe, pedi demissão e fui buscar o autoconhecimento. Precisava ‘fugir’ do meu contexto e do que esperavam de mim. Juntei minhas economias e fui passar um semestre em Londres. Lá, fiz alguns cursos e vi muita gente vivendo da arte. Tinha a impressão que, fora do Brasil, as pessoas se colocavam à disposição das oportunidades que surgissem no caminho delas.
“Na Inglaterra, pintei minha primeira mandala. Na adolescência, me encantei por essas figuras simétricas tão bonitas ao ganhar um livro para colorir. Já de volta ao Brasil, saí da casa do meu pai e me mudei para a minha amada casa-ateliê, onde vivo há dois anos.
“Ao postar a foto de uma mandala pintada na parede de casa, recebi três encomendas. Com o tempo percebi que encontrei meu talento e as pessoas reconheciam isso. Mandalas são um símbolo forte e secular, e as cores têm importância vital para mim. Amo criar as composições de tons nas minhas obras.
“Antes de aceitar uma encomenda, tento conhecer o comprador, saber um pouco sobre sua vida, seus gostos e até seu signo. Tenho entregas previstas para os próximos oito meses! Hoje, meu pai respeita meu trabalho e se orgulha dele. Acho que no começo minha família tinha uma certa insegurança sobre eu viver de arte. E, de fato, não foi fácil tirar meu sustento dela.
“Minha maior alegria foi descobrir meu talento e ganhar a vida com ele. Pode parecer clichê, mas me orgulho muito de ter abandonado a antiga carreira e hoje fazer o que amo. Se você une trabalho, confiança e muita insistência, não tem como dar errado.”
Andréa Tolaini, 30, artista plástica, vive em São Paulo (SP).
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