Estilista por profissão e paixão, Sandra Melo fundou a própria marca de sapatos há 32 anos. Cada um de seus 23 funcionários produz, no máximo, cinco peças por dia. Alguns deles estão com ela há mais de 15 anos, a exemplo do modelista italiano Romano Tangerini, de 77 anos. “Está cada dia mais difícil encontrar quem produza sapatos à mão”, diz Sandra. Recortes e aplicações são feitos manualmente, sem emprego de máquinas de corte a laser.
Mesmo com as atribuições de diretora da Selo de Controle, nome da etiqueta que comanda desde 1983, a empresária desenha os modelos, todos femininos. Com o passar dos anos e das tendências, nunca abriu mão do estilo da marca. Bicos e saltos finos, por exemplo, não entram na linha de produção artesanal. “Nossos sapatos não precisam ser tirados durante uma festa”, afirma Sandra.
A mineira de 55 anos é filha de costureira e aprendeu a manusear linha e agulha aos 13. Foi ela quem confeccionou o próprio vestido de debutante. Passada a adolescência, a moda e a cidade natal ficaram para trás – Sandra trocou Campo Belo por Belo Horizonte para estudar administração de empresas. De lá, foi para o Rio de Janeiro e então para São Paulo, onde começou a confeccionar, ao lado do marido Natham Balbino, bolsas e cintos para lojistas da região da rua João Cachoeira, no Itaim Bibi.
Primeiro, as peças eram vendidas para outras marcas. Hoje, somente com a etiqueta Selo de Controle, são revendidas em cerca de 30 lojas em nove Estados. Com modelagem confortável, recortes inusitados e cores variadas (das neutras às mais vivas), sapatos em estilo boneca, sandálias e rasteiras chegam ao consumidor final por cerca de R$ 400.
No futuro, Sandra não cogita elevar demais a produção nem assumir escala industrial. Ela tem três filhas – a primogênita, Jéssica, 27 anos, é formada em jornalismo e começa aos poucos a entrar nos negócios da mãe. A do meio, Catarina, 22 anos, estuda cinema, e a caçula, Sofia, de 15 anos, pretende cursar moda e participar da criação de modelos. “Apesar de não cobrá-las, penso que uma hora terei que parar e gostaria de manter a marca dentro da família.”
Diziam que o dendê (fonte do óleo de palma, matéria-prima de alimentos e cosméticos) só podia ser produzido em monocultura. O projeto SAF Dendê, da Natura, com plantio em Sistema Agroflorestal, acaba de romper com esse mito -- melhor para o agricultor e para o ambiente.