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Conheça a história do GuiaBolso, o aplicativo de finanças pessoais com mais de 1 milhão de usuários

Giovanna Riato - 1 out 2015 Thiago e Benjamin, os fundadores do GuiaBolso, se conheceram no mundo corporativo e planejavam empreender há anos.
Thiago e Benjamin, os fundadores do GuiaBolso, se conheceram no mundo corporativo e planejavam empreender juntos há anos (foto: Thomas Freier).
Giovanna Riato - 1 out 2015
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Parece clichê ou mimimi de crise econômica, mas trata-se de uma verdade perene: o desejo de milhões brasileiros é ter dinheiro para pagar as contas no fim do mês e, quem sabe, conseguir planejar uma viagem, comprar um imóvel ou trocar do carro. A missão do GuiaBolso, um aplicativo de finanças pessoais que sincroniza as informações bancárias do usuário numa só plataforma é tornar mais fácil isso tudo. Literalmente dentro do bolso, fica mais simples acompanhar a evolução dos gastos. O aplicativo facilita também o planejamento, permitindo que sejam determinados limites de despesas para cada categoria.

A plataforma nasceu com o objetivo de ajudar as pessoas a lidar melhor com dinheiro e fazer fechar aquela conta simples: ganhar mais, gastar menos e guardar um pouco. A receita para alcançar isso, segundo o sócio fundador do GuiaBolso, Benjamin Gleason, 37 anos, é reservar 50% da renda em gastos essenciais, 15% para prioridades financeiras (como quitar dívidas ou formar poupança para o futuro) e para 35% nas despesas com estilo de vida (hobbies e lazer).

Ele e o outro fundador Thiago Alvarez, 35, respiram finanças desde muito. Benjamin nasceu nos Estados Unidos e trabalhou como consultor financeiro na Hyperion e na McKinsey&Co. Por conta desta última, foi transferido para o Brasil há oito anos e decidiu ficar por aqui. A consultoria também foi responsável por aproximar os dois sócios, em 2007.

O GuiaBolso foi lançado em versão desktop e só decolou depois de sair em mobile, no Android e iOS.

O GuiaBolso foi lançado em versão desktop e só decolou depois de sair em mobile, no Android e iOS.

Thiago trabalhou durante cinco anos como diretor financeiro da ONG Alfabetização Solidária, de Ruth Cardoso. Quando conheceu Benjamin, era gerente-sênior da McKinsey e a amizade entre os dois — desde o início permeada por um desejo de empreender em um negócio com função social — começou a tomar forma. Com o tempo, Benjamin deixou o cargo na consultoria para tornar-se diretor geral e financeiro do Groupon no País, em 2011, na época da explosão das compras coletivas. Ainda assim, empreender em algo para fazer o bem continuava em seus planos.

Com o olhar de estrangeiro sobre um país em desenvolvimento, ele via uma série de possibilidades de melhoria. Fez alguns trabalhos voluntários. Num deles chegou a morar por três meses na Rocinha, no Rio de Janeiro, para reestruturar as finanças de uma ONG da área de educação. “Nos Estados Unidos as coisas são muito fáceis, já amadurecidas. Aqui há um potencial enorme para novas iniciativas nos mais variados nichos. É possível ter impacto muito grande”, diz, em português perfeito.

Entre 2011 e 2012, quando o boom da oferta de crédito no Brasil começava a se transformar em inadimplência, ficou evidente para os amigos que os brasileiros precisavam de ajuda com as finanças pessoais. Thiago ainda trabalhava na consultoria prestando serviço para grandes bancos, e via de perto a curva do endividamento crescer. Então era isso. Os dois entenderam que era hora de assumir o risco de abandonar a bem sucedida vida corporativa para começar uma startup com essa função. A decisão, por mais que soe algo bonito, é uma das mais difíceis, como conta Benjamin:

“É muito complicado sair de um emprego para começar um negócio, mas isso é necessário. A pressão de precisar fazer as coisas darem certo faz os projetos evoluírem. É diferente de continuar com o seu trabalho e tocar o negócio em paralelo”

Era 2012 e os dois começaram a chamar amigos e conhecidos para conversar sobre as finanças, em uma espécie de consultoria. “Vimos a dificuldade que as pessoas têm para lembrar quais foram os seus gastos”, diz Benjamin. Os dois faziam a planilha financeira no Excel e ajudavam encontrar formas de aproveitar melhor o dinheiro. “Tivemos um retorno positivo, o planejamento ajudou muito as pessoas. Começamos a pensar em como replicar aquilo em grande escala, atingindo muita gente pelo meio digital.”

COLOCANDO AS CONTAS EM DIA

A esta altura, eles descobriram que apenas 2% das pessoas conseguem manter planilhas financeiras atualizadas — e então veio o estalo de que na startup, que já se chamava GuiaBolso, eles deveriam tornar este processo automático, sincronizando as informações do banco para o usuário. Transformar a ideia em realidade exigiu empenho na programação para garantir segurança ao usuário. Os bancos, aponta Benjamin, também receberam bem a iniciativa: “Até eles perceberam que é insustentável que as pessoas não tenham controle de seus gastos, com alto endividamento. O crédito tem de ser sustentável”.

Em abril de 2014, foi ao ar a primeira versão do GuiaBolso, inicialmente apenas para desktop. Benjamin reconhece que o receio dos usuários de sincronizar a conta bancária com o sistema é uma barreira considerável. Ainda assim, a empresa está conseguindo superar o problema com muita divulgação sobre a robustez do sistema que protege as informações. Além disso, é impossível fazer qualquer movimentação bancária pela plataforma, apenas conferir a movimentação da conta.

A startup tem 45 funcionários e planeja chegar a 100 no ano que vem.

A startup tem 45 funcionários, acaba de mudar para um escritório maior e planeja chegar a 100 no ano que vem (foto: Thomas Freier).

O sistema chegou ao mercado sem fazer muito barulho e só bombou mesmo quando o aplicativo para smartphones (primeiramente para o sistema iOS) foi lançado, em julho. “O mobile fez a gente mudar totalmente de patamar. Fomos escolhidos pela Apple como o 1º entre os aplicativos de finanças pessoais e os downloads cresceram muito”, conta Benjamin. Em fevereiro deste ano, com a versão para Android, veio o impulso que faltava: atualmente o GuiaBolso já tem mais de 1,2 milhão de usuários ativos. Como comparativo, o Uber tem 500 mil usuários no Brasil.

Benjamin acredita que, ao menos por enquanto, a plataforma tem tido o impacto positivo que eles pretendiam quando tiveram a ideia. Os gastos são sempre atualizados a partir da conta bancária do usuário, com categorização dos lançamentos, inclusive dos feitos nos cartões de crédito. É possível sincronizar mais de uma conta dos principais bancos do varejo, como Itaú e Caixa. Ele garante ter constatado melhoria média de 15% nas finanças pessoais de quem começa a usar o aplicativo.

O perfil dos usuários, os sócios dizem, é variado e atinge diferentes classes sociais. A diferença no comportamento financeiro, no entanto, é pequena. “Em geral, as pessoas gastam mais do que ganham. Não há distinção entre classes.” Benjamin constatou ainda que, em geral, as pessoas superestimam a renda líquida em 6%. “O mais chocante é o cheque especial, que tem os juros mais caros. Todo mês, 26% da nossa base usam”, conta.

Como incentivo adicional para que os usuários organizem as finanças, em maio deste ano o GuiaBolso ganhou recurso que avalia a saúde financeira. Com base no fluxo da conta, ou seja, no quanto a pessoa economiza e aplica e no seu endividamento, o aplicativo dá uma pontuação para cada usuário. A ideia é estimular a melhoria. “Vimos que funciona”, diz Benjamin.

HORA MONETIZAR O NEGÓCIO

Todo o crescimento do GuiaBolso até agora foi financiado por investimentos captados em três rodadas. A última delas atraiu fundos que aplicaram um total de 22 milhões de reais na startup. Nas rodadas anteriores, Kaszek Ventures, e.Bricks, Valor Capital também fizeram aportes.

Os investimentos captados nesta fase permitiram que o GuiaBolso crescesse sem tanta pressão por gerar receitas, como conta Benjamin:

“Primeiro formamos uma base de usuários e, agora, estudamos a melhor forma de nos monetizar”

Isso deve ocorrer em 2016, quando os sócios querem colocar novas ideias em prática. Eles seguirão o modelo de negócios do aplicativo Mint, que oferece serviço semelhante ao do GuiaBolso e tem 12 milhões de usuários nos Estados Unidos. O plano é firmar parceria com empresas financeiras e passar a sugerir os serviços delas às pessoas cadastradas no aplicativo. A ideia também é oferecer recursos customizados. Por exemplo, se um usuário está no cheque especial, ele poderá receber a sugestão de pegar empréstimo de determinada instituição com juros mais baratos e quitar a dívida no banco. “Vamos trazer produtos bons, que façam sentido para o usuário. Nada de empurrar título de capitalização”, afirma Benjamin. No futuro, ele admite que a estratégia pode evoluir para sugestões de investimentos. “Já identificamos que muitas vezes as pessoas guardam dinheiro, mas não sabem onde aplicar.”

Os três anos e meio de história já trouxeram grande aprendizado para os sócios. Acostumados a terem as respostas, eles entenderam que na internet não é bem assim que as coisas funcionam. “Em uma consultoria você analisa a situação e sugere solução para o cliente. Em uma startup, não adianta especular. Tem que colocar no ar e ver a reação do usuário”, diz Benjamin, e prossegue:

“Aprendemos a ter humildade e entendemos que não temos todas as respostas. O segredo é tentar e se adaptar o mais rápido possível para permanecer relevante. É tudo mais dinâmico”

A empresa mostra disposição para oferecer a evolução rápida que os usuários querem. Eles acabam de se mudar para um novo espaço, na avenida Faria Lima, em São Paulo. Por lá, esperam dobrar o número de funcionários e saltar dos atuais 45 para cerca de 100 no ano que vem. O time dará fôlego para que o GuiaBolso alcance outra meta importante: chegar a cinco milhões de usuários. O número parece alto mas, para Benjamin, é fatia uma pequena do potencial que o Brasil oferece. “O país tem 60 milhões de contas bancárias. É muito espaço para a gente crescer”, diz. Tem muito bolso por aí.

DRAFT CARD

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  • Projeto: GuiaBolso
  • O que faz: Plataforma para organização e planejamento das finanças pessoas
  • Sócio(s): Benjamin Gleason e Thiago Alvarez
  • Funcionários: 45
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 2014
  • Investimento inicial: NI
  • Faturamento: ainda não tem
  • Contato: [email protected]
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