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Produção de alimentos: as forças que movem o agronegócio

Gabriella Sandoval - 3 nov 2015
O maquinário é importante, mas só conta parte da história: o agronegócio é feito por pequenos, médios e grandes produtores
Gabriella Sandoval - 3 nov 2015
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Considerado o setor mais competitivo da economia brasileira, o agronegócio representa 23% do total do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e quase 46% das exportações feitas pelo país. Nos telejornais, as reportagens sobre o tema frequentemente exibem uma profusão de imagens de maquinário pesado – das colheitadeiras usadas nas lavouras aos caminhões que escoam a produção até os principais portos. Mas não custa lembrar: como qualquer atividade humana, a agricultura é feita por pessoas. Não apenas os grandes, mas também os médios e os pequenos produtores.

Segundo a classificação usada pelos fundos de financiamento do setor produtivo, que visam diminuir a desigualdade regional, o pequeno produtor rural é aquele com receita bruta anual de até 16 milhões de reais. Os médios têm uma receita entre 16 milhões e 90 milhões de reais e, os grandes, acima desse valor.

A união faz a força

A magnitude da contribuição dos produtores de pequeno e médio porte varia bastante conforme a cultura agrícola. De acordo com os dados mais recentes do Censo Agropecuário (de 2006), a chamada agricultura familiar (formada pelos pequenos e médios produtores) responde pelo cultivo de 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 58% do leite, 59% do plantel de suínos, 50% do de aves, 30% dos bovinos e 21% da produção de trigo.

“Em muitas regiões, o cooperativismo é o caminho de se agregar valor à produção rural, bem como inserir pequenos e médios produtores em mercados competitivos e altamente concentrados”, afirma Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Quase metade (48%) de toda a produção agropecuária do país passa de alguma forma por uma dessas cooperativas – existem cerca de 1 600 delas no Brasil.

Entre os benefícios desse modelo de economia de escala estão o aumento do poder de barganha na hora de comprar insumos para produção, como sementes e fertilizantes; e a agregação de valor na venda dos produtos e serviços como armazenamento, assistência técnica, industrialização e comercialização dos produtos.

Indicação Geográfica

A “diferenciação” como forma de agregar valor ao produto é um dos caminhos apontados também pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Dos quase 20 milhões de pequenos negócios existentes no Brasil, mais de 5 milhões estão no campo. Só em 2015, a entidade já contribuiu com projetos de 100 000 produtores rurais que tinham necessidades como aumentar as vendas, diminuir perdas, reduzir emissões de gases poluentes ou ganhar mais eficiência na lavoura.

Por meio do movimento Compre do Pequeno Negócio, o Sebrae busca valorizar milhares de famílias que se dedicam à produção de café, hortaliças, mandioca, vinhos, cana, rapadura, cachaça, flores, frutas, mel, peixes, aves, suínos, caprinos e bovinos.

Tome-se o exemplo do café. Dos 390 000 produtores no Brasil, 85% são de pequeno porte. Por meio do movimento, o Sebrae visa impactar a vida desses cafeicultores das regiões da Alta Mogiana, do Cerrado Mineiro, da Mantiqueira ou do Norte Pioneiro do Paraná, que viraram referências graças à obtenção do selo de Indicação Geográfica. O registro, conferido a produtos que são característicos do seu local de origem e possuem qualidade única em função de recursos como solo e clima, também foi conquistado por outros produtos, como o melão de Mossoró (RN) e os vinhos do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha.

Para Ênio Queijada de Souza, gerente nacional de agronegócios do Sebrae, a “diferenciação”, como vem sendo feita com os alimentos orgânicos, ajuda a promover a inclusão produtiva. O mercado de orgânicos cresceu 25% em 2014 em relação ao ano anterior, movimentando 2,5 bilhões de reais.

“Comprar dos pequenos negócios é uma forma de ajudar a desenvolver a economia local, concentrar a renda na comunidade e gerar empregos”, diz.

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