O Piggypeg começou a ser notícia no início deste ano por trazer uma proposta inovadora: ser um aplicativo que remuneraria clientes apenas pelo fato de entrarem numa loja. Com oito meses de operação, a startup acaba de vencer o prêmio LIDE Futuro 2015 como a mais inovadora do país — ao lado da Hidrofito e da Truckpad.
A startup inova porque busca subverter uma das premissas básicas da publicidade — a de difundir uma empresa ou produto, na maioria das vezes com propaganda, para aproximar o consumidor — eliminando a propaganda ao pagar os consumidores para que se aproximem da empresa. Se durante muitas décadas o gasto com publicidade era algo inquestionável (ainda que seus efeitos não fossem totalmente verificáveis), nos últimos anos, isso vem mudando. Com o avanço das mídias digitais, os aparelhos, canais e plataformas de comunicação e propaganda estão em mutação constante. Nesse novo cenário, menos homogêneo, novas estratégias de publicidade estão sendo criadas. Aí entra o caso do Piggypeg. Que não propõe o fim da publicidade, mas pode ser um aliado interessante nos novos tempos.
“O aplicativo nasceu de um sonho. Eu estava na época estudando muito o varejo, em todas suas frentes. Fiquei impressionado como as lojas pequenas e médias tinham pouco fluxo. Como aquela conta de aluguel, gerente, caixa, vendedores, estoquista, etc, poderia fechar com 10 a 15 pessoas entrando na loja por dia? É incrível, mas é este o número de pessoas que entram em uma loja pequena em um dia comum. A resposta é que a conta normalmente não fecha. Isso faz com que as lojas tenham de investir em alguma ação de publicidade, o que normalmente significa assumir mais custos antes de ter resultados. Aí, se torce para que a ação dê certo, as pessoas certas sejam impactadas e possam ir até o local desejado e efetuem as compras. Então eu pensei, se o objetivo final é que as pessoas visitem as lojas, porque não recompensá-las por isso, com dinheiro de verdade? Se isso fosse possível eu traria o desperdício com propaganda para zero, deixaria os visitantes satisfeitos sempre, e ainda redirecionaria o dinheiro que morria nas empresas de publicidade para os consumidores finais, alimentando o clico de consumo e a atividade econômica. Acordei às três da manhã e comecei a colocar tudo no papel”, conta Eduardo Moreira, 39, CEO da PiggyPeg.
O sonho do Eduardo se transformou em um software com o qual você recebe sugestões de lojas próximas por meio de um mapa interativo. Ao visitar essas lojas, você é recompensado com depósitos bancários em Reais, sem precisar consumir nada no estabelecimento.
Inspirados pelo sucesso da Nota Fiscal Paulista, pelas tecnologias de marketing digital e pelo modelo do Google Ads, a equipe liderada por Eduardo criou a primeira propaganda que distribui moeda com valor real. Já existiam sistemas de cash back, remuneração para responder pesquisas e até alguns modelos que remuneravam com dinheiro de verdade (a maioria remunera com pontos e benefícios), mas nenhum sem exigir um trabalho ou consumo do usuário. A maioria das recompensas do PiggyPeg varia entre 2 e 20 reais.
Eduardo afirma que o aplicativo oferece às lojas a possibilidade de comprar um fluxo qualificado de potenciais clientes. “Elas depositam um valor no aplicativo, dizem que tipo de público querem visitando sua loja (homens, mulheres, jovens ou idosos), horários do dia desejados e definem quanto cada visita valerá para os usuários do aplicativo. Desta forma, se uma loja de roupas femininas deseja ter 1 000 visitas de mulheres entre 20 e 40 anos e irá pagar 1 real por visita, ela gastará 1 000 reais mas terá a certeza da efetividade de sua ação, algo impensado até hoje para as lojas físicas”, conta. Entre os clientes do aplicativo há alguns grandes varejistas, como as lojas Marisa, Iódice, Chilli Beans, Casa&Construção. “Nós somos o link patrocinado do mundo físico”, diz Eduardo.
Ao entrar numa loja graças à recomendação do Piggyme, o usuário cadastrado no app precisa usar o smartphone para dar um “chek-in” no QR exposto na loja. Com isso, contabiliza seu crédito de recompensa — que pode ser sacado a cada 20 reais acumulados.
O faturamento da Piggypeg vem de uma comissão sobre o valor distribuído pelas lojas. Esta comissão varia entre 10% e 15% do valor total. É um modelo de negócios que precisa de volume para ficar de pé, mas que, ao mesmo tempo, cria barreiras de entrada para novos entrantes.
QUANDO O EMPREENDEDOR É TAMBÉM ESCRITOR E PALESTRANTE
Empreender no segmento financeiro não é novidade para o carioca, ex-Pactual, fundador do Banco Brasil Plural e diretor da corretora Geração Futuro. Ele conta que o projeto PiggyPeg alimentou o “monstrinho” empreendedor que tem dentro de si:
“Está sendo um barato ver um sonho, literalmente, de um ano e meio atrás, virar uma empresa com 100 mil clientes, quase 300 lojas participantes e muitos planos de crescimento”
O empresário diz que o reforço positivo o faz querer tentar mais e mais. Ele acaba de montar um novo negócio, a Geratech, empresa de tecnologia baseada em São José dos Campos (SP), que vai construir apps para nossas empresas e incubar outros projetos de fintech como o PiggyPeg.
Eduardo estudou engenharia civil na PUC-RJ, mas enveredou no mundo dos negócios após conseguir uma bolsa para cursar economia na Universidade da Califórnia e, atualmente, mora em São Paulo. Ele também é autor de quatro livros, entre eles o best-seller Encantadores de Vidas (Editora Record), e um palestrante requisitado, fazendo mais de 100 palestras por ano sobre autodescobrimento, educação financeira e a busca de um equilíbrio na vida.
“Essas atividades se alimentam e complementam. É como no jogo de buraco. Quando estamos sem jogo na mão, às vezes vale a pena pegar o ‘lixo’ na mesa. Cartas que parecem não fazer sentido, mas acabam te dando a base para formar novos jogos à frente. O importante é descer os jogos que você vai montando, porque ficar com as cartas nas mãos por muito tempo pode te custar caro. Por isso é importante realizar e tentar acertar sempre que a chance aparece”, diz.
Na PiggyPeg, Eduardo tem como sócios a Brasil Plural, a MTCOM e o Grupo OESP (O Estado de São Paulo). O investimento inicial na startup foi de 1 milhão de reais, captado junto aos sócios. A gestão da empresa é feita através de um board formado por ele, e outros três diretores: o COO João Olivério (ex CEO da ZenDesk no Brasil), a CSO Marie Timoner e o CTO Rodrigo Rafael.
Após a premiação no Lide Futuro, os sócios se preparam para uma nova rodada de captação. Eduardo sabe que seu modelo precisa de volume para manter-se em pé. Mas está animado com os números: “Por dia, cerca de 500 visitas são feitas por nossos usuários. São números bem impressionantes para um aplicativo que tem apenas oito meses de operação. No nosso segmento, já estamos entre os primeiros do ranking em número de downloads, tanto na plataforma iOS quanto na Android”.
O momento é de expansão. A plataforma já está disponível para que lojistas e usuários de todo o Brasil se cadastrem. Hoje a maioria dos estabelecimentos listados ainda é de São Paulo e do Rio de Janeiro, mas a expectativa é que isso mude em breve. Existe um plano, já em execução, de ampliação da rede para que o app esteja presente em lojas de moda, alimentação, decoração e cultura em todos os Estados brasileiros.
“Meu grande barato é tentar coisas novas. Seja aprender a cantar, a programar softwares, a editar vídeos, fotografar, qualquer coisa. O importante é ser algo novo que me dá a sensação de que estou começando novamente do zero para construir algo bacana. O que me motiva é imaginar que existe um mundo de coisas fabulosas que ainda nem ouvi falar, e que se eu não sair do lugar onde estou jamais irei conhecê-las”, diz Eduardo.
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