Que tal montar um negócio que se preocupe com mobilidade urbana, sustentabilidade e muita conveniência no atendimento? É isso que pensou o casal de cervejeiros caseiros Mari Rodrigues, 29, e Leo Araripe, 38 quando idealizaram a Brewcicleta, o primeiro delivery de cervejas especiais e artesanais do Rio de Janeiro e Niterói. Por causa da brincadeira no nome, você já percebe de cara que o veículo usado nas entregas é a bicicleta. O serviço foi criado com base na experiência deles como consumidores e na vontade de apostar em coisas que eles acreditam, como conta Mari: “O objetivo da empresa é promover melhores alternativas para cidades e paladares. Eu sentia uma enorme dificuldade em encontrar determinados rótulos de cerveja. Só conseguia comprar pela internet e tinha que esperar dias para degustar. Por outro lado, a gente costumava fazer todas as atividades do nosso dia a dia de bike, o que inspirou e facilitou bem tirarmos o projeto do papel”.
A bicicleta foi escolhida também por ser um meio de transporte alternativo, limpo, saudável, rápido e de baixo custo. Eles traçaram rotas específicas para fazer as entregas no pedal, priorizando a segurança e a pontualidade. Mari fala sobre a escolha:
“Por que não usar a bicicleta nas entregas? O Rio é uma cidade linda, que me oferece uma condição perfeita para isso. Com certeza sou muito mais feliz na minha bike do que dentro de um carro no trânsito”
Ela acredita que assim, indiretamente, também divulgue a cultura da bike como estilo de vida para os clientes. Mas, enfim, vamos ao que a bicicleta transporta: cerveja. E não qualquer uma. Além da criatividade de usar a bike para se destacar num mercado competitivo, Mari e Leo tiveram a sensibilidade comercial de apostar em um produto que tem se tornado um novo e crescente hábito de consumo dos cariocas: as cervejas especiais.
UMA CERVEJA ANTES DO ALMOÇO É MUITO BOM
Formada em sommelier de cervejas e análise sensorial, a paulista Mari, que sempre foi boêmia, acabou influenciando o gosto do companheiro carioca. Eles se conheceram em 2012 no Rio Maracatu, bloco carnavalesco onde ela toca até hoje e do qual Leo é um dos diretores, além de professor. Logo foram morar juntos e ela sempre admirou a independência dele com relação ao “trabalho formal”. Isso foi uma grande influência na escolha dela por deixar de trabalhar “para os outros” e fazer algo divertido e interessante.
“Trabalhei a minha vida inteira como administradora. Me formei em Recursos Humanos em Ribeirão Preto, depois cursei Administração e sempre fui uma burocrata. Eu trabalhava em escritório, aquela coisa de bater ponto, mexer com planilha de Excel e tal. Fui transferida para o Rio de Janeiro e meu contrato com a empresa acabou em 2014. Foi quando caiu a ficha: eu não queria mais aquilo para mim. Eu fiz o curso de sommelier de cervejas no Senac, identifiquei essa demanda de mercado e sabia que o Leo seria o cúmplice perfeito”, conta Mari.
Hoje ela cuida da parte técnica, comercial e das redes sociais da Brewcicleta. Aqui vale mencionar outro diferencial: Haroldo, o gato do casal, fotogênico como todos da espécie, vem se tornando um “personagem” da Brewcicleta. Até ele entrou na dança. Enquanto isso, Leo tornou-se o responsável pela frota de duas bicicletas, usadas nas entregas do dia-a-dia, e é quem mais pedala (Mari só participa das entregas em dias de grande demanda). Eles têm ainda uma terceira bike, customizada para estacionar em eventos e ser, em tempos de “food truck”, uma espécie de “drink bike”.
Leo também cuida da logística (dos pacotes às entregas) e, com este movimento, passou a conciliar o empreendimento com a profissão de músico e produtor. Mari fala do impacto da empreitada na harmonia familiar:
“A empresa mudou completamente a nossa vida. Antigamente eu sabia bem separar o que era o meu trabalho, o que era lazer e o que era a minha vida pessoal. Hoje, não”
Ela diz que consegue conciliar bem a administração da casa (que também é escritório e depósito da empresa), o gato, a burocracia e a relação pessoal com Leo. “A cumplicidade tem que ser muito grande. Se eu tivesse me juntado a outra pessoa não teria dado tão certo”, afirma.
VOU DE BIKE E, SE NÃO DER, DE ÔNIBUS MESMO
Lançada há apenas cinco meses com investimento de vinte mil reais, conseguidos através de um financiamento familiar, a empresa vem crescendo rápido. Hoje tem cerca de 20 fornecedores diferentes, entre importadoras, distribuidoras, representantes comerciais e cervejarias. “Cada rótulo vem de uma fonte diferente e não é fácil administrar essa logística. Algumas cervejas são muito caras e eu tento ter o máximo de variedades sem comprometer meu fluxo de caixa”, diz a empreendedora que não gostava de Excel.
Com aproximadamente 150 rótulos, a carta de cervejas no facebook oferece segmentação por estilo e informa nacionalidade e preço. Assim são apresentadas: “clássicas e refrescantes”, “cremosas e encorpadas”, “frutadas sem frescuras” e “suaves para degustar sem pressa”. Os preços também variam bastante, indo de rótulos abaixo de 15 reais até uma cerveja dos monges trapistas belgas que custa 150 a garrafa.
Os pedidos são feitos via facebook, e-mail, telefone ou WhatsApp. O custo do frete é tabelado e varia dependendo do local da entrega (varia entre 5 e 15 reais). Desde que caibam em uma única viagem de bike, a quantidade de garrafas pedidas não altera o valor do frete.
A casa e escritório da Brewcicleta fica na Lapa, no Centro do Rio. De lá, Leo e Mari conseguem fazer entregas em nos bairros de Santa Tereza, na Zona Portuária, em toda a Zona Sul até a Gávea e Tijuca de forma imediata (ou seja, numa pedalada relativamente rápida). Nos bairros das Zonas Norte e Oeste e a região de Niterói, o atendimento é feito por agendamento. Quando o destino é ainda mais distante, ou quand o volume de cervejas vai além da capacidade da bicicleta, a entrega é feita de transporte público. Mantendo, assim, a essência e a proposta da empresa em apostar em um estilo de vida alternativo.
“Nas entregas em Niterói, a gente leva as bicicletas na Barca (que atravessa a Baía de Guanabara), desembarca e faz a entrega normalmente. Nesses casos, o preço da Barca Rio-Niterói-Rio é incluído no custo do frete”, conta Mari.
A inovação e a curiosidade no serviço e a qualidade do atendimento (o casal oferece assessoria na hora de escolher a cerveja) vêm chamando a atenção de quem já está há mais tempo nessa estrada. “O reconhecimento de pessoas antigas desse mercado me deixa muito feliz. É impressionante como as pessoas curtem a ideia e pedem para a gente expandir para outros centros”, diz a empreendedora.
Além do atendimento personalizado, é possível também agendar o horário da entrega. Sim, em tese elas acontecem em horário comercial, de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h mas, se o cliente pedir e agendar com antecedência, eles programam a entrega para o período da noite — ou no final de semana. “É para quem gosta de cerveja, gostar ainda mais”, diz Mari. E segue o pedal.
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