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Como a Startup in School estimula a inovação e o empreendedorismo na educação

Fernanda Cury - 4 fev 2016
Para criar a Ideias de Futuro, Jaci Cruz separou capital e estabeleceu um prazo de 18 meses para ver se estava no rumo certo
Fernanda Cury - 4 fev 2016
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Jaci Cruz se formou em administração de empresas e começou sua carreira em uma grande empresa de telecomunicações, onde trabalhou por 9 anos, passando por áreas de Planejamento, Gestão e Novos Negócios. “Neste período tive mentores maravilhosos, e fui uma das mulheres mais jovens a assumir um cargo executivo na empresa. Certamente fui muito feliz lá, mas sentia que faltava alguma coisa. Era como se toda a minha energia estivesse focada na empresa, e sobrava pouco para a família, amigos, para mim. Não é que eu quisesse trabalhar menos, de forma nenhuma (aliás, empreender é trabalhar mais), mas eu queria ter resultados mais amplos do meu esforço”, conta.

Assim, em 2011 ela decidiu sair da empresa. “Queria avaliar outros caminhos profissionais. Nesse período, procurei um professor com quem trabalhei na época da graduação, líder de diversas iniciativas pró-empreendedorismo na universidade, que foi uma grande inspiração. Comecei a trabalhar em projetos de educação, tanto corporativa quanto para jovens, e fui fazer mestrado, também na USP, pesquisando sobre empreendedorismo social. Sempre acreditei no potencial da educação, tanto como mercado quanto como no seu impacto para melhorar a vida das pessoas, e o mestrado só reforçou essa percepção. Em especial, o uso de tecnologia para transformar e multiplicar o processo educativo, algo ainda pouco explorado no Brasil e, de certa forma, no mundo”, comenta.

Parcerias do bem

Em 2013, durante o mestrado, Jaci deu início à criação da Ideias de Futuro, uma plataforma de financiamento coletivo para programas de educação. “Percebemos que, quando os alunos realizavam um projeto extracurricular e levantavam fundos, tinham uma rica experiência empreendedora. Um aluno de 16 anos, por exemplo, comentou que depois de participar do projeto, enxergava uma oportunidade em todo lugar que olhava”, lembra. Para criar a Ideias de Futuro, ela se preparou bem: separou capital e estabeleceu um prazo de 18 meses para rever se as coisas estavam no rumo certo. “Mas a Ideias de Futuro não escalou, mesmo depois de quase dois anos de dedicação no desenvolvimento e comercialização. Tivemos que mudar o foco e procurar outros caminhos. Daí surgiu a ideia de criar um programa que tivesse o empreendedorismo e a tecnologia como foco, e não apenas como um ‘efeito colateral’ positivo. Na época eu estava desenvolvendo outros projetos com meu sócio atual, o Luís Leão, que tem grande vivência e liderança no meio da tecnologia de informação. Foi uma parceria ideal, onde entrei com a parte de empreendedorismo, e ele com a parte de tecnologia.”

“Mas não foi fácil. O capital que eu havia separado tinha se esgotado, e estava difícil acreditar e investir em uma ideia novamente do zero. Além disso, as escolas não enxergavam o valor da inovação, achavam que era mais um projeto que ia começar, fazer um barulho com os alunos, e acabar, dando muito trabalho e pouco resultado. O diferencial foi buscar parceiros que complementassem nossa atividade, e reforçar a metodologia, como por exemplo, a criação de um conselho pedagógico. Em vários momentos pensei em desistir. Nesse período fomos incubados no Cietec, dentro da USP, o que ajudou nos primeiros passos. Mas depois, não conseguíamos ganhar escala. Quando o capital estava acabando, tivemos que desocupar nossa sala na incubadora. Foi difícil, mas depois a decisão se mostrou acertada. Como nossa equipe fixa é pequena, utilizamos home office e espaços de coworking e não precisamos ter gasto com local permanente”, explica.

Mas tudo mudou em 2015, quando ganharam o prêmio “Mulheres Tech Sampa”, uma parceria do Google, Rede Mulher Empreendedora e Prefeitura de São Paulo para projetos realizados por mulheres que incluam mais mulheres e meninas no meio da tecnologia. O Startup in School, então, deixou de ser apenas uma ideia no papel. Naquele momento, o prêmio foi essencial não só pelo dinheiro, mas principalmente pelo incentivo. “Tive a sensação de que valia a pena seguir em frente”, confessa. Além disso, com o prêmio veio a visibilidade e novos parceiros. “Conhecemos pessoas incríveis, que passaram a nos apoiar, como o Google, a Tech Sampa, a Rede Mulher Empreendedora e o Gente Urbana”, conta Jaci.

Startup in School, na prática

Este é um programa de empreendedorismo tecnológico para escolas, principalmente de ensino médio, que tem como objetivo fortalecer a cultura de inovação e empreendedorismo entre alunos, professores e coordenação. A base é uma competição entre alunos de criação de startups durante dois dias, com workshops de desenvolvimento. “Fomentamos a criatividade e o protagonismo do aluno, ao mesmo tempo em que estimulamos a aprendizagem de programação, uma ferramenta poderosa de criação e impacto. Mas o grande diferencial é o trabalho feito anteriormente, no qual explicamos para os professores as técnicas e ferramentas que eles podem aplicar para estimular o empreendedorismo tecnológico e, desta forma, dar continuidade ao projeto”, diz Jaci.

Inspirado no Startup Weekend, o Startup in School criou uma metodologia que pode ser replicada por organizadores independentes. “Acredito que no futuro precisaremos nos focar mais em formação de multiplicadores do que em executar o programa”, explica.

Para saber os desafios do início, os acertos que fizeram a diferença, os resultados que a Íntegra Medical tem alcançado e muito mais, confira a entrevista completa no Itaú Mulher Empreendedora, uma plataforma feita para mulheres que acreditam nos seus sonhos. Não deixe de conferir (e se inspirar)!

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