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Na Stayfilm, a saída de um sócio, a expansão internacional e a paternidade mudaram tudo

Filipe Callil - 27 out 2016 Douglas e Daniel, fundadores da Stayfilm, em Londres. A startup opera lá graças a um incentivo do governo local.
Douglas e Daniel, fundadores da Stayfilm, em Londres. A startup opera lá graças a um incentivo do governo local.
Filipe Callil - 27 out 2016
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Quem vê a plataforma Stayfilm de fora, pode achar que nada de muito relevante aconteceu ou mudou de um ano e meio pra cá, quando o publicitário Daniel Almeida, um dos co-fundadores do negócio, concedeu sua primeira entrevista ao Draft.

O produto oferecido — um editor e finalizador automático de vídeos —, assim como o modelo de negócio, baseado em publicidade, continuam iguais. A aparência e a usabilidade do aplicativo, apesar de algumas atualizações, são quase as mesmas. Só que, internamente, a história é outra. Teve a dor de ver sócio saindo, a alegria de ver a empresa crescer, e tem o medo misturado com a certeza de que quando se está num negócio inovador, o caminho certo é para frente.

Há um ano e meio, contamos a história da Stayfilm (clique na imagem para ler).

Há um ano e meio, contamos a história da Stayfilm (clique na imagem para ler).

No início deste ano, um dos sócios da Stayfilm deixou o negócio. “No início, como em qualquer caso de separação, foi bem difícil. Mas, agora as coisas estão melhores”, diz Daniel.

Apesar da reestruturação societária e operacional, a startup comemora ter alcançado um dos principais objetivos, traçados lá atrás: a expansão para outros países. No momento, além de Brasil, a Stayfilm opera em Londres (Inglaterra), Barcelona (Espanha), Boston e Nova Iorque (EUA).

Para conseguir entrar nesses países, a principal estratégia adotada pela Stayfilm foi estabelecer relações com programas estatais de empreendedorismo, via órgãos governamentais que apoiam a inclusão de novos negócios estrangeiros. Um exemplo é o caso do governo britânico que, atualmente, os auxilia por meio de subsídios e benefícios fiscais, além de consultorias e networking local.

NOVOS TERRITÓRIOS, NOVOS DESAFIOS

Na prática, as atividades na Europa são administradas por um gerente regional responsável pelo relacionamento com possíveis clientes e parceiros. Já nos Estados Unidos existe um outro grupo que adquiriu a licença de representação comercial. Daniel fala a respeito:

“O mercado norte-americano é extremamente competitivo e meio fechado para quem vem de fora. Por isso, tivemos que buscar um parceiro que já estivesse lá”

 

A partir da internacionalização, a empresa conseguiu, nos últimos 18 meses, dobrar a sua base de usuários ativos – passou de 400 para 800 mil. Quase metade desses acessos, hoje, vem de fora do Brasil.

A Stayfilm, basicamente, é uma ferramenta que transforma fotos em vídeos, oferecendo recursos de animação, trilha sonora etc, ao gosto do freguês. No total, mais de 2,2 milhões de vídeos já foram produzidos no aplicativo. A maioria pelo usuário final. Mas, também – e cada vez em maior quantidade – por marcas.

Dezenas de grandes corporações, segundo o fundador, utilizam a solução do Stayfilm para produzir os famosos “virais”, seja para divulgar seus lançamentos de produtos ou gerar relacionamento e engajamento com clientes.

Participar de eventos internacionais, como o SxSW, ajudou Daniel a se centrar e não perder o foco.

Toda semana, a Stayfilm divulga os “best of” vídeos criados pelos usuários.

Um exemplo é o time britânico de futebol Chelsea FC, que lançou um canal oficial dentro da plataforma no qual qualquer torcedor pode criar experiências visuais (filmes exclusivos) enaltecendo a paixão pelo clube. O Corinthians também fez um. Em vez da startup cobrar diretamente pelo serviço, foi feito um acordo de divisão de receita em cima do que for gerado com a veiculação de publicidade. O modelo se replica para outros parceiros e clientes.

“As marcas estão à procura de soluções cada vez mais eficientes e baratas. Com a nossa ferramenta elas conseguem, além de uma produção automatizada e gratuita de conteúdos, novos formatos para veiculação de mídia. Em breve, todas as marcas irão investir em vídeos na internet e queremos estar na vanguarda disso”, afirma Daniel.

Ele está, é sabido, olhando para o lado certo. Entre outros estudos, um relatório lançado no início deste ano pela Cisco estima que, em 2019, cerca de 80% do tráfego mundial de internet será por meio de vídeo streaming.

CONHECER O MUNDO PARA SE CONHECER MELHOR

Nos últimos meses, Daniel teve a oportunidade de viajar para diferentes lugares do mundo, sempre carregando o crachá da Stayfilm no peito. Uma das viagens mais importantes, a seu ver, aconteceu em março deste ano, quando ele foi a Austin, no Texas, participar do SXSW. Lá, o empreendedor foi selecionado para palestrar em um dos painéis oficiais do festival. A troca de experiência com pessoas de outros países, ele diz, tem sido fundamental para a evolução do seu negócio mas, principalmente, dele mesmo:

“Eu tinha muito medo de não conseguir dar os próximos passos, de perder o foco ou, simplesmente, de gastar minha energia em coisas que não dariam em nada”

Viver as experiências internacionais, ele diz, evitou isso. Além de se reencontrar nessa troca de figurinhas com gringos, o empreendedor também tem estreitado ao máximo a relação com potenciais usuários da plataforma. Para tanto, recentemente, ele e os sócios criaram o “Programa de Gestão de Talentos”, uma espécie de encontro informal, periódico, com diferentes grupos de universitários nos quais o objetivo é compartilhar ideias, receber feedbacks e testar as melhorias do produto.

Participar de eventos internacionais, como o SxSW, ajudou Daniel a se centrar e não perder o foco.

Participar de eventos internacionais, como o SxSW, ajudou Daniel (o “Almeida” acima) a se centrar e não perder o foco.

“Em vez de ficarmos rodando lâmpada internamente para resolver algo, compartilhamos nossas inquietações com esses estudantes e encontramos soluções efetivas com muito mais rapidez”, conta. Mas nem só de jovens colaboradores que a Stayfilm sobrevive. Para manter o crescimento de usuários e vendas, no próximo ano, o publicitário planeja quase duplicar o quadro de funcionários no Brasil. Atualmente, são 15 pessoas trabalhando com dedicação total ao negócio em um escritório próprio, de 100 metros quadrados, na Zona Norte de São Paulo.

“Criar uma empresa de ponta necessita investir em pessoas qualificadas e ambiente de trabalho agradável”, afirma. Com a ajuda desse novo time, Daniel pretende incluir cada vez mais inteligência e qualidade aos serviços prestados. “Temos estudado muito sobre novas tendências. Em breve, de alguma forma, queremos incluir realidade virtual e vídeo streaming em nosso produto.”

TER FILHO: UMA REVOLUÇÃO DENTRO DE CASA – E DA EMPRESA

Douglas Almeida, irmão mais velho e sócio de Daniel, se tornou pai recentemente. Uma novidade que demandou não apenas a redistribuição de tarefas, como também uma reformulação – para melhor – dos valores e cultura da startup.

“Depois que a minha sobrinha nasceu, eu e o Leandro (o outro co-fundador) acabamos acumulando uma boa parte do trabalho do meu irmão. E isso, apesar de exaustivo, foi ótimo para que refletíssemos mais sobre o porquê de toda essa jornada”, conta ele. Isso trouxe um aprendizado inesperado ao trio de sócios:

“A paternidade de um dos sócios nos fez aprender mais sobre cumplicidade, companheirismo e a importância de se ter bons parceiros”

Agora, ele, diz, o objetivo é compartilhar esses aprendizados com nossos funcionários e clientes da Stayfilm. E nem teria como ser diferente. Seguindo os passos do irmão, o caçula também espera, a partir do ano que vem, ter mais tempo para investir na vida pessoal.

“Seria impossível deixar o negócio de lado, mas quero tornar possível conciliar melhor família, viagens e mais tempo livre para estudar ou cuidar da minha saúde. Acredito que não exista sucesso profissional que justifique o fracasso familiar”, diz Daniel. Ele segue, amadurecendo junto com o seu negócio. É assim que tem de ser. E, nesse caso, sabemos que não vão faltar filmes para contar essa história.

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