A paraense Iolane Tavares é assistente social de formação e durante muitos anos atuou em instituições de apoio a menores infratores e em delegacia de apoio a mulheres vítimas de violência. Em 1990 ela deixou o Pará e se mudou para São Paulo. Uma apaixonada pelos aromas e sabores de sua terra, ela encontrou uma maneira de manter-se ligada as suas origens e, melhor ainda, lucrar com essa paixão. Confira a entrevista!
Como surgiu a ideia de montar a Frutos da Amazônia?
A Frutos da Amazônia surgiu em 1994, por dois grandes motivos: com três filhos pequenos, dois deles nascidos já em São Paulo, eu encontrava dificuldade para me recolocar no mercado de trabalho. Paralelamente, nesta fase eu identifiquei uma oportunidade para trabalhar com produtos originários da região norte. Eu percebia que o mercado local não contava com ingredientes oriundos da Amazônia, e grande parte das pessoas tinha poucas informações sobre o estado. Fiquei interessada em apresentar os sabores, aromas e histórias que me eram tão familiares, e daí surgiu o pilar de sustentação da empresa: toda a nossa linha dos produtos tem envolvimento com as populações tradicionais da floresta, sua estética, lendas e mitos.
De que forma você começou a empresa?
Comecei na edícula da minha casa, fazendo biscoitos, geleias e bombons de chocolates recheados com os frutos nativos da Amazônia, como cupuaçu, açaí, graviola, taperebá, bacuri e castanha do Pará . Queria oferecer para mercado algo inédito nos anos 90, ou seja, bombons e biscoitos que não se resumissem ao produto em si, mas que trouxessem a floresta e sua riqueza de sabores. Foi um conceito arrojado, pois naquela época os produtos importados ganharam o mercado. Diante da falta de interesse dos consumidores por produtos regionais, considerados exóticos naquela época, quase desisti. Mas o meu vínculo cultural e afetivo com região me deu forças para continuar insistindo, até consolidar a marca.
Quais estratégias você adotou?
Começamos revendendo nossos produtos em cafés e pequenos empórios. Nosso primeiro cliente foi o Café Floresta, que funcionava no térreo do edifício Copan, um ícone da cidade de São Paulo. Como não tinha capital para abrir uma loja própria, a melhor estratégia foi revender os produtos. Para driblar a falta de recursos para investimento em marketing, nosso canal de divulgação foi o boca a boca. Além disso, enviamos amostras de produtos para os formadores de opinião, como jornalistas, e conquistamos espaço na mídia.
Como e por que você passou a exportar seus produtos?
A Frutos da Amazônia traz no seu DNA uma brasilidade que sempre encantou o mercado externo. Mas a exportação só começou a fazer parte da estratégia de crescimento da empresa a partir de 2014, quando participei de projetos setoriais ligados a Apex , workshops sobre o tema e rodadas de negócios internacionais. Procurei entender melhor os desafios da exportação e dos mercados. Para isso, encomendei um estudo de mercado com a empresa júnior de relações internacionais da USP de Marília, onde levantamos dados relevantes sobre o mercado dos Estados Unidos, França e Alemanha, países escolhidos para o início.
Atualmente, onde são vendidos os produtos Frutos da Amazônia?
O volume exportado é pequeno, representa 10% das nossas vendas. Ainda carecemos de um bom distribuidor para o nicho. Por enquanto, no mercado externo, vendemos na rede alemã Galeria Kaufhof presente em várias cidades, como Berlim, Colônia e Frankfurt. Nos Estados Unidos fizemos recentemente uma venda expressiva de 50 mil caixas de biscoitos para a empresa de assinatura Try the Word. No Brasil atuamos nos principais empórios de São Paulo, como Casa Santa Luzia, Eataly, Empório Santa Maria, Pão de Açúcar, em redes de Hotel como Meliá e Hilton. Além disso, criamos uma loja virtual para aumentar nossas vendas, facilitando acesso para nossos clientes e divulgando a marca Frutos da Amazônia. Este canal tem se mostrado muito eficiente não só para o consumidor final, que muitas vezes não tem como adquirir nossos produtos na sua cidade, como também para fazer grandes negócios, inclusive no exterior.
Quais seus conselhos para quem pretende exportar?
Para reduzir os riscos é essencial conhecer bem o mercado no qual você pretende atuar. Avaliar hábitos de consumo, questões relativa à cultura do lugar, conhecer seus concorrentes e se seu produto tem competitividade para entrar no jogo. Além disso, é muito importante participar de feiras e missões de prospecção de novos mercados.
Quais seus planos para o futuro?
Queremos levar a Frutos da Amazônia para outro patamar. Nosso desafio no momento é atrair investidores para alavancar o crescimento da empresa, mas sem afetar o propósito que norteia toda a sua história: respeitar a natureza e encantar o paladar.
Para saber mais:
Site: www.frutosdaamazonia.com.br
O que faz: empresa especializada em biscoitos, bombons, geleias e bolos elaborados a partir dos frutos nativos da Amazônia.
Sócio: Iolane Tavares
Funcionários: 12
Sede: Rua Azia Jabur Maluf, 59
Início das atividades: 1994
Investimento inicial: R$ 3 mil
Contato: [email protected]
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