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Ricky Ribeiro continua à frente do maior portal sobre mobilidade urbana sustentável do país: o Mobilize Brasil

Ana K. Rodrigues - 8 dez 2016 O Mobilize Brasil é a maior referência em estudos de mobilidade urbana sustentável do país.
O Mobilize Brasil é a maior referência em estudos de mobilidade urbana sustentável do país.
Ana K. Rodrigues - 8 dez 2016
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A história de Luiz Henrique da Cruz Ribeiro, o Ricky, tem uma urgência inescapável, já que ele sofre de uma doença degenerativa. Não sem alegria nós o encontramos, quase dois anos depois, firme e atuante em seu propósito.

Ricky é aquele tipo de pessoa para quem a metade do copo está sempre cheia. Aos 36, segue à frente do mais completo portal sobre mobilidade urbana do Brasil, o Mobilize Brasil, que acaba de completar cinco anos de operação. O portal foi lançado depois de uma grande mudança na sua vida: o diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica (conhecida pela sigla ELA), doença degenerativa progressiva cuja causa ainda intriga os cientistas, quando ele tinha 28 anos.

Em março de 2015, contamos a história de Ricky e do Mobilize (clique na imagem para ler).

Em março de 2015, contamos a história de Ricky e do Mobilize (clique na imagem para ler).

Conforme contou ao Draft lá em março de 2015, Ricky ficou triste apenas um dia de sua vida: quando soube da doença e leu tudo o que achou na internet sobre ela.

Três anos depois, em 2011, já sem os movimentos dos membros e sem a fala, o jovem paulistano, que durante toda a vida foi interessado em temas como sustentabilidade e mobilidade, decidiu combinar os diversos tratamentos da ELA aos quais vinha se dedicando ao projeto do portal. Deu mais que certo: o Mobilize Brasil hoje é uma referência em informação relevante sobre mobilidade urbana inclusive para governos, imprensa e ONGs.

Nesses cinco anos, conta Ricky – que falou conosco por e-mail, por meio de um computador com um sensor óptico, por meio do qual consegue digitar suas respostas – o Mobilize foi muito além do que ele imaginava na época do lançamento. “Produzimos e reunimos cerca de cinco mil conteúdos próprios sobre mobilidade urbana, incluindo artigos, reportagens, estatísticas, apresentações, vídeos e outros documentos, além da reprodução de material da mídia nacional e internacional. Também foram realizados estudos, campanhas, eventos, exposições e concursos”, conta. No que se refere à sua condição, a história do site também vem sendo desafiadora e surpreendente, como ele conta:

“O Mobilize Brasil é uma bonita história de sucesso. Mostra que valeu a pena ir atrás dos sonhos, mesmo quando os obstáculos iniciais poderiam parecer quase intransponíveis”

Ele prossegue: “Em 2011, eu não poderia imaginar como estaria minha condição depois de cinco anos, uma vez que a literatura médica indica uma expectativa de vida entre dois e cinco anos para pacientes de ELA”.

A doença de Ricky continua evoluindo, mas em ritmo lento e quase imperceptível. Ele segue uma rotina de tratamentos e terapias, tendo o apoio valioso de sua família e de seus amigos. Sua mãe, Cristina, segue coordenando a área administrativa e as campanhas do Mobilize, além do cuidado diário com a rotina do filho. Os amigos Renato Miralla, Guilherme Bueno e Nelson Avella continuam a seu lado como conselheiros do site, ajudando-no a tomar decisões importantes quanto ao conteúdo e a captação de recursos (por sinal, uma campanha de arrecadação de fundos está no ar).

CONQUISTAS ANTES IMPENSÁVEIS ACONTECERAM ESTE ANO

Essa rede de apoio ajudou Ricky a ir ainda mais longe e abraçar projetos paralelos ao Mobilize, agora em 2016. Recentemente, voltou a prestar serviço para a consultoria Ernst&Young, empresa para a qual ele já havia trabalhado, em 2007, depois de uma temporada em Barcelona, onde fez um mestrado em sustentabilidade na Universidad Politécnica de Cataluña e descobriu uma maneira nova de ver o mundo, as cidades e a questão da mobilidade.

De bike em Barcelona, em 2004, onde despertou para a questão da mobilidade urbana.

De bike em Barcelona, em 2004, onde despertou para a questão da mobilidade urbana.

À época, Ricky foi morar no Recife e atuava em projetos de consultoria e responsabilidade social. Foi quando os primeiros sintomas da ELA apareceram.

Ele conta que conciliar as atividades deste novo trabalho na EY com o do Mobilize tem sido um grande desafio, que pede uma dose extra de disciplina, equilíbrio e foco. E, também, sabedoria para determinar quanto de tempo dedicar a cada atividade, além de aproveitar os pontos em comum entre ambas, como ele conta:

“Antes eu me envolvia, em maior ou menor grau, em tudo que acontecia no Mobilize Brasil. Hoje isso já não é possível, mas sigo acompanhando e trabalhando no portal praticamente todos os dias”, ele conta. “Felizmente existe bastante sinergia entre as atividades, já que também trabalho com mobilidade e sustentabilidade na EY. Por exemplo, pesquisas que realizei durante o desenvolvimento do Guia de Mobilidade Corporativa também geraram informações e atualizações para o portal.”

OTIMISMO. ISSO AJUDA. PRATIQUE

De março de 2015, quando saiu a primeira reportagem sobre o Ricky e o Mobilize no Draft, para agora, a atuação do portal se expandiu e renovou. No ano passado, o foco do Mobilize foi a produção de reportagens próprias inéditas, missão para o qual o portal contratou dois jornalistas. Uma dessas, Quem tem direito à gratuidade no transporte? Como obter o benefício?, já ultrapassou 300 mil acessos — um recorde. A equipe do Mobilize também criou listas de documentários, curtas metragens e músicas infantis sobre mobilidade urbana, e realizou o concurso de fotografia #ClickMobilidade.

Neste ano os acessos ao portal continuaram subindo, mostrando que nunca se falou tanto em mobilidade urbana sustentável quanto agora. Em 2015, houve um aumento de 33% em relação ao ano anterior. A previsão é fechar 2016 com 20% a mais.

Entre as ações mais importantes concluídas este ano está o Guia de Mobilidade Corporativa, feito em parceria com a EY, foi criado para estimular as organizações a pensarem sobre o tema e também funciona como um manual para colocar em prática um plano de mobilidade corporativa.

O Mobilize lançou, em parceria com a EY, um guia de mobilidade para ser distribuído em grandes empresas.

O Mobilize lançou, em parceria com a EY, um guia de mobilidade para ser distribuído em grandes empresas.

A recessão econômica deste 2016 felizmente não trouxe tantos problemas ao Mobilize, e os que surgiram foram contornados com paciência, planejamento e um pouco de sorte.

Um exemplo foi a redução de equipe, que aconteceu devido à menor receita. Felizmente, o número de colaboradores voluntários, especialistas e blogueiros cresceu. Em 2015, à época da primeira matéria, o portal contava com seis blogs próprios. Agora são 10. Esse equilíbrio manteve o conteúdo e as ações do Mobilize funcionando à perfeição.

Outra boa notícia que o Ricky nos contou é que o portal renovou sua parceria com seus dois patrocinadores, o Itaú e a seguradora Alliance, ainda que com uma redução no valor total repassado. E as campanhas por doações de parceiros contribuintes continuam a todo vapor, ainda que neste ano tenham conquistado menos atenção que nos anteriores. “Temos a expectativa de obter em 2017 um nível de receita similar a este ano, apesar do difícil momento que o país atravessa”, conta ele.

Além dessa melhorada na receita, o Mobilize pretende reeditar a Campanha Calçadas do Brasil, que fez grande sucesso em 2012. A ideia agora é aplicar o conceito de caminhabilidade – a qualidade das calçadas para a caminhada diária dos cidadãos – e batalhar para melhorar as condições para pedestres e cadeirantes. A campanha será realizada em parceria com outras organizações e universidades.

Ricky continua otimista. Tão otimista quando há cinco anos, quando resolveu fazer algo em que acreditava e que pudesse ajudar tantas pessoas.

“Embora os desafios sejam gigantes e as dificuldades muitas, a mobilidade urbana sustentável tem apresentado avanços em São Paulo, no Brasil e em diversas cidades do mundo”

Ele está confiante com planos também na vida pessoal: enquanto a ELA se mantém estável, Ricky planeja: “Queria adquirir uma cadeira de rodas motorizada, para finalmente poder voltar a sair de casa e, quem sabe, circular novamente pela cidade”. E quem disse que ele não pode?

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