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A 2goBag, que faz marmitas fashion, levou um baque em 2016, mas manteve-se em pé. Agora, quer expandir

Luisa Migueres - 20 dez 2016 Karlos e Gabi, em frente à 2goBag. "Marmitar não é cafona", título da reportagem do Draft de 2015, virou frase na vitrine.
Karlos e Gabi, em frente à 2goBag. "Marmitar não é cafona", título da reportagem do Draft de 2015, virou frase na vitrine.
Luisa Migueres - 20 dez 2016
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Se depender das lições que Karlos Brasília e Gabi Vianna, os dois sócios da 2goBag, o ano que vem trará surpresas melhores do que as deste 2016. A marca de bolsas e mochilas térmicas – ou marmitas fashion, como eles preferem descrever – começou a operar há dois anos, com pouquíssimo investimento, e agora vai apostar no seu crescimento.

Em 2015, quando saiu no Draft pela primeira vez, os dois ainda estavam assimilando o próprio potencial, com um conceito de produto bem definido, loja inaugurada em um bairro nobre de São Paulo e um e-commerce funcionando bem. À primeira vista, pouco parece ter mudado. Três funcionários a mais, novos modelos de bolsas nas vitrines. Mas o aprendizado que 2016 trouxe está nas entrelinhas: contratações mal sucedidas, dificuldade de administrar o crescimento do negócio, aumento da concorrência, entre outros.

A 2goBag saiu no Draft pela primeira vez há um ano (clique na imagem para ler a reportagem).

A 2goBag saiu no Draft pela primeira vez há um ano (clique na imagem para ler a reportagem).

Com um início tão promissor, seria esperado que Karlos e Gabi projetassem um salto no volume de vendas depois de um ano. Mas manter esse número estável se mostrou suficientemente desafiador. “Com as subidas e descidas do mercado, conseguimos manter. Setembro foi o nosso pior mês no atacado, e agora estamos estabilizando”, conta Karlos. O motivo, segundo ele, foi uma contratação que prometeu muito e entregou pouco. “Uma funcionária que cuidava dessa parte nos causou um prejuízo, então demos esse passo para trás.”

A solução imediata foi voltar a administrar os pedidos do atacado – e, para isso, levar trabalho para casa e fazer hora extra. Só que a emoção não parou por aí. Para dar um gás nas vendas no varejo, em junho os sócios contrataram uma agência de marketing digital, que não entregou o serviço que eles esperavam. “Prometeram dobrar o nosso faturamento, mas ele caiu pela metade”, diz Karlos. O contrato durou um mês, e terminou quando ele e Gabi perceberam que a 2goBag tinha “sumido” do Google por 20 dias – por conta de uma falta de pagamento no Adwords. Ela diz:

“Aprendemos muito sobre essa questão de delegar. Não dá para simplesmente entregar na mão de alguém: tem que fiscalizar”

Este ano foi decisivo, contam os sócios. “Acho que antes a gente estava embasbacado, porque conseguimos fazer muita coisa boa sozinhos, então acabamos esperando o momento de mudar algo”, conta Gabi. Mas (ufa!) agora ele chegou. Em janeiro a 2goBag vai mudar seu showroom de endereço, migrar para uma loja virtual mais inteligente e automatizar uma série de processos para poder expandir a operação.

DOIS TROPEÇOS QUE PODIAM TER CUSTADO CARO

Como dois investimentos não deram o retorno esperado, a 2goBag apertou o cinto nos últimos meses. Para manter as contas em dia, a dupla também começou a fazer uma consultoria de seis meses com o Sebrae. Eles estão no primeiro módulo, focado na organização física da empresa e de processos. “Isso já facilitou muito a nossa vida, os métodos têm dado muito certo”, diz Gabi.

As aulas acontecem às quartas-feiras, em período integral, o que eles admitem dificultar um pouco a rotina. Afinal, o negócio não para. “Por sermos uma empresa pequena, fica difícil de implantar tudo, e isso exige muitos controles. Até para prestar contas para a consultoria é difícil, mas a gente aplica à nossa moda.”

Entre os planos para este ano, também havia uma parceria com o Senai, para capacitar os fornecedores das bolsas, mas orçamento não permitiu. Mesmo assim, a empresa manteve alguns deles e conseguiu adicionar novos à lista, de acordo com as suas especialidades. Gabi conta: “A gente fica muito fragilizado na mão de um fornecedor, e isso começou a nos impedir de crescer, porque eles não davam conta de atender à demanda”.

CRESCER VIROU UMA NECESSIDADE

Apesar de as vendas terem voltado ao mesmo número do ano passado – 1 500 bolsas vendidas por mês – os sócios estão se preparando para receber mais pedidos. Além da mudança física, para um imóvel alugado, vão migrar as vendas online para a Mercado Shops, plataforma do Mercado Livre. A ideia é criar campanhas de marketing e promoções com mais facilidade e separar um espaço especial para vendas do atacado, que hoje são feitas à moda antiga, tipo caderneta. “Hoje, divulgar tabela é muito complexo, não consigo mandar pra 180 revendedores de uma vez só”, diz Gabi.

A internacionalização da marca foi um dos acertos deste ano.

A internacionalização da marca foi um dos acertos deste ano.

Como todo esse processo de melhorias pode não alavancar as vendas por si só, os preços sofreram alguns ajustes (para baixo!). Se antes a faixa de preços das bolsas variava entre 119 reais e 775 reais, agora vai de 109 reais a 599 reais. “Refizemos alguns modelos e conseguimos torná-los mais baratos. Agora também aceitamos pagamentos em 12 vezes sem juros”, conta Karlos.

Além das quatro linhas já disponíveis na loja, há duas novas nas prateleiras: uma de matelassê com proposta mais popular, e outra reversível, onde o cliente pode levar a parte térmica ou não. Apesar dos esforços, não tem sido fácil mostrar o valor dos produtos da 2goBag. Gabi conta que foi preciso reposicionar a marca, aliás, para justificar o preço ainda alto em relação aos concorrentes — que, por sinal, há um ano ainda eram poucos:

“Agora temos mais de 30 concorrentes, muitos deles nos copiando na cara dura. Então precisamos vender o nosso conceito”

A nova plataforma, segundo eles, vai ajudá-los a comunicar os atributos das bolsas, reforçando a ideia de que elas são acessórios de moda com design e acabamento caprichados, e não só térmicas “para bater” no dia a dia.

OS PRIMEIROS ACERTOS GARANTIRAM UM FÔLEGO

Apesar dos tropeços, Gabi e Karlos acreditam ter tomado também muitas decisões certas para o negócio. Até hoje eles vendem seus produtos no atacado apenas no cartão de crédito ou à vista, por exemplo. A falta de inadimplência foi o que garantiu a segurança financeira da empresa ao longo do ano. “Se a gente tivesse dívidas ou um histórico ruim no mercado, teria quebrado”, ele diz.

Os momentos de turbulência também não impediram que a 2goBag começasse a exportar. A irmã de Gabi, que mora em Miami, hoje é responsável por vender as bolsas no varejo e no atacado nos mesmos moldes para os Estados Unidos, México e Canadá.

Na salinha nos fundos do showroom – onde os dois sócios sentam, frente a frente, dividindo a mesa – eles seguem se complementando para levar a 2goBag rumo à expansão. “A gente se equilibra. Quando ela fica brava, eu fico tranquilo”, conta Karlos. A sintonia será ainda mais importante agora, que eles querem pensar de forma mais estratégica, e colocar dinheiro na operação – o primeiro investimento “consciente”, segundo Gabi:

“A gente nunca fez um investimento na 2goBag, mas agora estamos dispostos, para deixar de ser micro. Estamos com vontade gastar!”

Agora que as caixas de mudança já estão começando a se acumular, os sócios parecem ansiosos para começar 2017 e deixar a primeira casa da 2goBag digerindo tudo o que aprenderam. “Agora também temos uma máquina de café! Te falei?”, pergunta Gabi, se certificando de que contou todas as novidades. Parece que eles vão precisar dessa dose extra de cafeína.

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