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Verbete Draft: o que é Captologia

Isabela Mena - 1 mar 2017 BJ Fogg é o pioneiro por trás da Captologia, o conjunto de tecnologia desenvolvidas para mudar hábitos de quem as utiliza no dia a dia.
BJ Fogg é o pioneiro por trás da Captologia, o conjunto de tecnologia desenvolvidas para mudar hábitos de quem as utiliza no dia a dia.
Isabela Mena - 1 mar 2017
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

CAPTOLOGIA

O que acham que é: Uma vertente da Cientologia.

O que realmente é: Captologia (Captology, em inglês) é o estudo de computadores como meios de persuasão e de mudança de hábitos e comportamentos, que aplica princípios da psicologia às áreas de tecnologia e design. O prefixo do termo, CAPT, é acrônimo de “Computers As Persuasive Technologies” (computadores como tecnologias persuasivas).

Segundo Marcelo Halpern, professor da ESPM- RS e doutorando do programa de pós-graduação em Design da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Captologia estuda e desenvolve produtos baseando-se na relação entre a tecnologia e o comportamento humano. “A Tecnologia Persuasiva parte do princípio de que, pelo mapeamento e compreensão de determinadas condutas, é possível criar produtos que estimulam e motivam mudanças de hábitos e comportamentos”, diz o especialista.

Halpern também descreve a Captologia como “o conjunto de tecnologias interativas – como computadores, telefones celulares, softwares, websites, aplicativos, videogames e outros produtos digitais – desenvolvidas com o intuito de estimular a mudança de hábitos dos seus usuários”.

Coordenador do Curso de Design do Centro Universitário La Salle e também doutorando do Programa de Pós-Graduação em Design da UFRGS, Fabrício Kipper diz que, para uma tecnologia ser considerada persuasiva (ou apenas PT, de Persuasive Technology), a mudança de comportamento deve ser intencional, não o resultado colateral de seu uso. “Há uma diferença entre desenvolver um aplicativo para controle de atividades que apenas as registra dados e outro que estimula o usuário a caminhar mais e utiliza esses registros como estratégia para estimular mudanças de hábitos”, conta Kipper.

Quem inventou: BJ Fogg, psicólogo e diretor do Laboratório de Tecnologia Persuasiva na Universidade de Stanford (nos Estados Unidos) e autor do livro Persuasive Technology: Using Computers to Change What We Think and Do. Na época da criação, Fogg era doutorando em Stanford e concentrava seu trabalho em psicologia experimental e tecnologia. De acordo com Halpern, Fogg é responsável pela fundação do Stanford Persuasive Tech Lab, laboratório pioneiro e referência na área até hoje: “Além de pesquisar a Captologia, Fogg atualmente dedica boa parte do seu tempo à projetos de consultoria em inovação para indústria e é considerado um dos grandes nomes na área de tecnologia”.

Quando foi inventado: Em meados dos anos 1990. O Stanford Persuasive Tech Lab foi criado em 1998.

Para que serve: Promoção de novos comportamentos, hábitos e atitudes por meio da tecnologia. Kipper conta que, se somada à mobilidade, à conectividade e à inteligência artificial, “a tecnologia computacional pode motivar o usuário na conquista de seus propósitos”, como pedalar, parar de fumar, controlar os gastos, perder de peso, ingerir mais frutas, lembrar de beber água etc. Halpern diz que o uso e aplicação dos conceitos de persuasão na tecnologia são ilimitados e vão de apps voltados ao estímulo de uma alimentação saudável e o abandono de hábitos nocivos até sites desenvolvidos para motivar a organização pessoal. “Há também os wearables, com foco no monitoramento e estímulo de atividades físicas e até, paradoxalmente, aplicativos voltados a desestimular o uso excessivo de telefones celulares”, ele complementa.

Quem usa: Qualquer usuário de tecnologia interessado em aplicativos que proponham uma mudança de hábito. O Headspace, que ensina pessoas a meditar por meio de exercícios que duram entre 10 minutos e uma hora, é um exemplo muito popular. Segundo Kipper, as principais pesquisas estão na área da saúde, mas empresas, ONGs e governos também utilizam a tecnologia. “As cidades inteligentes fazem uso da Captologia para mudar o comportamento para um consumo mais consciente de energia, de produtos e também para ensinar a forma correta de descartar lixo, por exemplo”, diz.

Efeitos colaterais: Possibilidade de viciar o usuário nessas ferramentas. Para Kippper, o limite entre uma tecnologia com poder de persuasão e uma com potencial viciante deve ser motivo de preocupação para desenvolvedores. Ele ainda conta: “Outro aspecto é que, dependendo do comportamento que se deseja alterar, é preciso haver indicação ou supervisão por profissionais da área”.

Quem é contra: Halpern diz que há discussões acirradas tanto no meio acadêmico quanto na indústria a respeito dos limites éticos, morais e regulatórios desse tipo de ferramentas com poder persuasivo. “Alguns argumentos apontam a tecnologia como uma forma invisível de manipular as pessoas, estimulando compras online por impulso e induzindo ao consumo de determinadas marcas e produtos em detrimento de outros”, diz.

Para saber mais:
1) Leia, no Business Insider, The Master Of Persuasion: Interview With BJ Fogg. Quem entrevista Fogg é um de seus mentorandos em Stanford, Remit Sethi.
2) Assista, no site da PBS Newshour (com colaboração do The Atlantic), ao vídeo Your phone is trying to control your life (há também um texto na página). O entrevistado é um ex-funcionário do Google, Tristan Harris, que diante da percepção dos efeitos da Tecnologia Persuasiva, criou uma organização para combatê-la, chamada Time Well Spent.
3) Leia, no Venture Beat, 5 psychological rules you should follow when building a bot. O texto replica (e explica) os cinco tipos de percepção social que BJ Fogg indica como pontos importantes em relação à Tecnologia Persuasiva.

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