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Verbete Draft: o que é Singularidade

Isabela Mena - 5 abr 2017 Parece ficção científica, mas coisas como inteligência artificial e chatbots já fazem parte da nossa vida (imagem: reprodução blog Transhumanity).
Parece ficção científica, mas coisas como inteligência artificial e chatbots já fazem parte da nossa vida. O que virá a seguir? (imagem: reprodução blog Transhumanity).
Isabela Mena - 5 abr 2017
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

SINGULARIDADE

O que acham que é: Característica do que é singular.

O que realmente é: Singularidade, do termo original em inglês Singularity (a abreviação mais usual de Technological Singularity), é o termo usado para definir o marco histórico em que a máquina será mais inteligente do que o homem. Segundo os defensores deste argumento, que não é consenso, a Singularidade acontecerá em meados deste século — uma aposta é o ano de 2045.

Nas palavras Luciano Soares, professor de Engenharia da Computação do Insper, Singularidade é o momento em que a evolução do poder computacional superará a inteligência humana atual. “A partir da Singularidade, os computadores serão capazes de pensar mais rápido do que os humanos. Também serão mais criativos e trarão soluções para problemas que hoje temos dificuldade de compreender.”

A Singularidade se refere menos à questão do desenvolvimento da inteligência artificial (embora isso seja fundamental para o conceito) e mais ao ponto em que termina a nossa capacidade de prever o que acontece depois no avanço tecnológico. A partir da Singularidade, entraremos em uma era em que os avanços tecnológicos se moverão a um ritmo que nem sequer podemos sonhar.

Não é possível falar em Singularidade sem passar por outros dois conceitos: Lei de Moore e Exponencialidade. O primeiro, formulado em 1965 por Gordon Moore, um dos fundadores da Intel, diz que o número de transístores que podem ser colocados em um circuito integrado dobra a cada 18 meses (simplificando, é a descrição do crescimento em progressão geométrica do avanço de hardware de computadores, o que vem sendo comprovado há décadas). O segundo, Exponencialidade, de acordo com a definição de Pyr Marcondes no texto O que é Singularidade?, é o aumento vertiginoso das conquistas tecnológicas, quando a curva de avanços e disrupção que se acumularam ao longo de anos em nossa história atingirá um ponto de inflexão a partir do qual vai escalar em velocidade exponencial. “É esse conceito que dá embasamento a Singularidade e a sua velocidade”.

Quem inventou: Vernor Vinge, autor americano de ficção científica, foi quem cunhou o termo Technological Singularity, na década passada. Na época, disse: “Nós logo vamos criar inteligências maiores do que nós mesmos. Quando isso acontecer, a história humana terá atingido um tipo de singularidade, uma transição intelectual impenetrável e o mundo passará longe do nosso entendimento”.

Dentro do conceito atual, Ray Kurzweil é um dos maiores expoentes do tema. Cientista da computação americano e futurista, é autor, dentre outros livros, de The Singularity Is Near: When Humans Transcend Biology, que virou um filme de mesmo nome. Seu argumento é que como a tecnologia acelera de forma exponencial, o progresso acabará se tornando praticamente instantâneo, ou seja, uma singularidade. Kurzweil é também cofundador da Singularity University, no Vale do Silício.

Quando foi inventado: Vinge cunhou o termo em 1983. O livro de Kurzweil foi publicado em 2006.

Para que serve: Como teoria, serve para estudos científicos sobre o desenvolvimento tecnológico. Mas há, também, aplicações práticas, expostas no livro de Kurzeil. Algumas delas, citadas por Marcondes em seu texto, são que “a Singularidade vai nos permitir ultrapassar os limites humanos de corpo e mente e viveremos para sempre, sem jamais envelhecer”; “Uma vez que as máquinas tiverem acesso ao processo de criação dos serem humanos e ao processo de criação das próprias máquinas, elas passarão a criarem-se a si mesmas”; “Nanobots vão interagir com nossos neurônios biológicos e seremos todos dotados de Realidade Virtual natural dentro do nosso sistema nervoso” e “Fazer o upload de um cérebro humano significará capturar toda a personalidade de uma pessoa, sua memória, habilidades e história, e colocar tudo isso em um outro cérebro”.

Quem usa: Tanto cientistas, porque estudam o tema, como a espécie humana em geral, porque será atingida como um todo pelo fenômeno. Também cabe colocar que, baseados na questão da Singularidade (e no temos de que as máquinas possam virar-se contra a humanidade), investidores de alto nível como Elon Musk (da Tesla), Reid Hoffman (do LinkedIn) e Peter Thiel (do PayPal) criaram, em 2015, a OpenAI, empresa de pesquisa sem fins lucrativos com a ambiciosa agenda de manter a inteligência artificial benéfica para a humanidade.

Efeitos colaterais: Soares, do Insper, diz que um dos principais dilemas em relação à Singularidade é responder à pergunta: “Qual será a razão da existência do ser humano nesse modelo futurista?”. Ele di que alguns autores são otimistas, prevendo que não teremos mais doenças e acabaremos não morrendo, enquanto outros preveem nossa extinção. “Difícil responder. O ponto é que não parece ser algo evitável, ou seja, nossa civilização está rumando à Singularidade”, diz. Em seu livro, Kurzeil dá à espécie humana 50% de chances de sobrevivência, enquanto é comum entre autores de ficção científica postular que a inteligência artificial sobre-humana nos extinguirá por completo.

 

Quem é contra: Alguns intelectuais (o tema extrapola os tecnologistas) dentre os mais importantes do século XX, como Daniel Dennett e Noam Chomsky, acreditam que a Singularidade é lenda urbana ou ficção científica.

Para saber mais:
1) Leia, no TechCrunch, Is Singularity Near? O texto responde a pergunta de acordo com duas vertentes opostas: o paradigma científico e a abordagem filosófica.
2) Leia, no Technology Review, do MIT, The Singularity Isn’t Near. Paul Allen, cofundador da Microsoft, escreveu o texto uma semana antes do Singularity Summit que aconteceu em 2011, em Nova York, e argumenta que ainda estamos bastante distantes desse ponto.
3) Já a Forbes, em 3 Reasons To Believe The Singularity Is Near, lista razões da proximidade da Singularidade: Estamos ultrapassando a Lei de Moore; Robôs estão fazendo o trabalho de humanos e Estamos editando genes.
4) Assista à The accelerating power of technology, o TED Talk de Ray Kurzweil sobre Singularidade.

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