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Verbete Draft: o que é Nanotecnologia

Isabela Mena - 14 jun 2017 A Nanotecnologia está em diversas indústrias e setores. Na foto, um teste de porosidade de material (imagem: reprodução blog MFStek.com) .
A Nanotecnologia está em diversas indústrias e setores. Na foto, um teste de porosidade de material (imagem: reprodução blog MFStek.com) .
Isabela Mena - 14 jun 2017
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

NANOTECNOLOGIA

O que acham que é: Uma tecnologia criada pelo iPod Nano.

O que realmente é: Nanotecnologia é a aplicação da tecnologia em partículas extremamente pequenas (um nanômetro é um bilhão de vezes menor que um metro) em áreas como química, biologia, física e engenharia para criar novos materiais, novos produtos e novos processos a partir da manipulação de átomos e moléculas.

Segundo Agesandro Scarpioni, coordenador do curso de Sistemas de Informação e do curso superior de tecnologia em jogos digitais, da FIAP, a Nanotecnologia é uma área da ciência na qual são estudadas estruturas, materiais e dispositivos menores que 100 nanômetros. “Ao se usar ferramentas e tecnologias adequadas para colocar cada molécula e cada átomo agrupados, é possível criar um novo material ou tecnologia”, diz, e destaca que é importante entender a unidade de medida: “Assim como um centímetro equivale a 10 milímetros, um nanômetro equivale a um milionésimo de milímetro, ou seja, em um milímetro existe um milhão de partes e uma dessas partes é um nanômetro”.

De acordo com Paulo Jorge Brazão Marcos, chefe do Departamento de Sistemas Eletrônicos da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP), estamos caminhando para dimensões cada vez mais reduzidas e as dimensões micrométricas são importantes porque marcam uma fronteira: o limite da nossa capacidade de observação utilizando a luz visível. “Uma das menores estruturas que podemos enxergar a olho nu é um fio de cabelo, que tem, em média, dezenas de micrômetros. Um nanômetro (nm) é muito menor: representa a bilionésima parte de um metro, ou seja, um metro dividido um bilhão de vezes. A grande questão neste contexto é o que já podemos fazer com coisas tão pequenas em termos de funcionalidade.”

Quem inventou: A referência mais comum é a de uma apresentação para a Sociedade Americana de Física em que o americano Richard Feynman chamou a atenção dos cientistas para que pensassem na manipulação controlada dos átomos e moléculas. O físico expôs fatos e considerou as tendências de criação de novos materiais com base na manipulação de átomos.

Marcos diz que Feynman criou os pilares conceituais da Nanotecnologia, porém ainda sem utilizar o termo. Coube ao cientista japonês Norio Taniguchi, durante uma conferência científica na Universidade de Ciência de Tóquio, batizar a Nanotecnologia. “Taniguchi tomou como base detalhes associados à fabricação de filmes finos de materiais semicondutores”, afirma Marcos.

Quando foi inventado: A palestra de Feynman aconteceu em 1959. A conferência de Taniguchi foi em 1974. Scarpioni conta que, nessa época, não havia tecnologia para pesquisas mais avançadas na área e que apenas em 1982, com a invenção do microscópio de varredura por tunelamento (STM), e em 1986, com o microscópio de força atômica (AFM), foi possível observar estruturas na escala nanométrica. “Isso possibilitou que os pesquisadores tivessem certeza de seus experimentos e efeitos”, diz.

Para que serve: A Nanotecnologia está presente em diversos produtos e setores, como farmacêutico, alimentício, de mineração e de alta tecnologia mas sua aplicação mais madura, segundo Scarpioni, é na microeletrônica. Um exemplo são os processadores encontrados nos computadores que, cada vez mais menores, consomem menos energia. Outro exemplo é o desenvolvimento de sensores inerciais (como acelerômetros e giroscópios) que utilizam elementos nanotecnológicos e têm a sensibilidade amplificada dezenas de vezes. “Em indústrias farmacêuticas, é possível desenvolver medicamentos com menos efeitos colaterais e, na de alimentos, desenvolver agentes antimicrobianos, antioxidantes e alimentos capazes de entregar nutrientes em locais específicos do corpo potencializando sua absorção e inclusive impedindo que elementos prejudiciais possam ser absorvidos”, diz. Há, ainda, os estudos que visam utilizar a nanotecnologia para encontrar e atacar células cancerígenas.

Marcos vê duas possibilidades diretas do uso da Nanotecnologia: na otimização de materiais já tradicionalmente utilizados e na criação de novos materiais, práticas diretamente relacionadas à relação custo-benefício e à eficiência energética, entre outros fatores. “Tudo isso converge para a melhoria da qualidade de vida do ser humano”, afirma.

Quem usa: Além das indústrias citadas acima, também consumidores finais, ao fazerem uso de produtos e materiais desenvolvidos com essa tecnologia. “A Nanotecnologia está em cremes dentais, filtros solares e muitos outros produtos cotidianos”, diz Scarpioni.

Efeitos colaterais: Riscos ao meio ambiente, à saúde e o risco de ser utilizada para destruição e morte. “Como toda tecnologia, há a possibilidade do mau uso, infelizmente. Isso tem sido extensivamente explorado na ficção científica”, diz Marcos. Por sua vez, Scarpioni afirma que as nanopartículas podem ser prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, pois suas partículas são tão pequenas que passam pelos poros dos filtros. O mesmo acontece em relação a armas químicas: “A Nanotecnologia pode ser usada em armas químicas e atômicas, já que podem ser tóxicas e, por suas dimensões microscópicas podem penetrar em células vivas e se acumular em órgãos.”

Quem é contra: Scarpioni afirma que alguns grupos ambientalistas já pediram ao governo dos Estados Unidos para aumentar a regulamentação do uso de Nanotecnologia em cosméticos, alegando que filtros solares com nanopartículas de dióxido de titânio e óxido de zinco podem provocar reações inflamatórias por conta de absorção desses produtos pelas células.

Marcos conta que há também pessoas contra o uso da Nanotecnologia em função de suas convicções religiosas e culturais: “Elas entendem que não se deve alterar a natureza, que tudo o que existe no mundo deve ser preservado exatamente da maneira como foi criado”.

Para saber mais:
1) Leia, na Fast Company, All The Ways Nanotech Could Fix Our Bodies In The Future, sobre a aplicação da Nanotecnologia em sensores que detectam câncer e polímeros que fazem com que a pele humana queimada se recupere, entre outros “defeitos humanos”.
2) Assista ao TED The next step in nanotechnology, de George Tulevski, cientista de materiais da IBM. Ele conta como os chips de computador diminuem em tamanho e dobram em velocidade, fazendo com que os aparelhos eletrônicos fiquem mais móveis e acessíveis. E pergunta: o que acontecerá quando esses componentes ficarem ainda menores?
3) Leia, no GuardianCould a new approach to kill cancer at nanoscale work?, sobre o trabalho do cientista (e físico de armas a laser) Dmitri Lapotko, que elimina células cancerosas por meio de explosões infinitamente pequenas.

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