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Mais do que vender bicicletas, a Spino Bike torna o ato de pedalar uma experiência personalizada

Maitê Vallejos - 4 out 2017 Equipe da Spino Bike na oficina, em Porto Alegre: Victor Rosito, Alice Oliveira, Gabrielle, Luiz Assis Brasil e Yago Silveira.
Equipe da Spino Bike na oficina, em Porto Alegre: Victor Rosito, Alice Oliveira, Gabrielle, Luiz Assis Brasil e Yago Silveira.
Maitê Vallejos - 4 out 2017
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Como é produzir bicicleta no Brasil? Essa é a pergunta que a galera da Spino Bike vem descobrindo na prática há pouco mais de um ano. A história toda começou na Inglaterra, em 2008, com um cara chamado Luiz Assis Brasil, 30. Nos cinco anos em que morou lá, ele percebeu uma tendência com o aumento significativo no uso de bikes como meio de transporte. “Vi que o mercado de bicicletas ia expandir e queria muito que o Brasil tivesse o tipo de bike que eu via nas ruas de Londres”, conta.

Em 2013, já de volta ao Brasil, em Porto Alegre, se juntou a um amigo para desenvolver um negócio neste mercado. Assim começaram a produzir bicicletas artesanalmente, focando na simplicidade, com o uso de quadros (estrutura onde as rodas e os demais componentes são montados) antigos e marcha simples ou fixa (quando roda e pedais giram juntos), ou seja: o mínimo necessário para pedalar.

O retorno inicial das primeiras bikes foi positivo, mas eles ainda não visualizavam o que viria a ser o diferencial do negócio. “As pessoas curtiam os modelos, mas a gente já sabia que o buraco era mais embaixo. Ainda estávamos distante de onde queríamos chegar”, diz Luiz, que se deu conta de que precisava estudar um pouco mais para que o negócio pudesse evoluir como planejado. Juntou dinheiro e foi fazer um curso sobre construção de quadros nos Estados Unidos. Depois de um ano, já em 2015, voltou mais seguro, decido a construir uma marca e a investir em equipamentos certeiros.

A SINGULARIDADE DO CICLISTA É A BASE DO NEGÓCIO

A estratégia parece ter dado certo. Hoje, a Spino conta com três sócios-fundadores, Luiz (produção), 30, Alice Oliveira (criativo), 26, Victor Rosito (financeiro), 29, e um funcionário, o Yago Silveira (produção), 25. Mas não se engane: independentemente do cargo, todo mundo bota a mão na massa para idealizar e montar as bikes.

Alice, uma das sócias da Spino Bike, com a mão na massa

Alice, uma das sócias da Spino Bike, com a mão na massa.

A ideia é oferecer soluções personalizadas, promovendo o ciclismo de uma forma mais abrangente e adaptado a cada tipo de ciclista, indo além do estereótipo do ciclista de lycra, por exemplo. Responsável também pela concepção de marca da Spino, Alice conta que muita gente nem pensa em usar bicicleta por não se identificar com essa figura do ciclista. “A visão que a galera tem é muito caricata porque realmente as bikes e acessórios são sempre muito parecidos nas lojas”, diz, e fala do que a marca busca:

“Nossa proposta é transcender a caricatura e mostrar que as bikes podem ter um nível de customização infinito”

Com investimento inicial na faixa dos 150 mil reais, os sócios-fundadores abriram a oficina para  produzir artesanalmente tanto as ferramentas utilizadas como a maioria das peças das bikes. Algumas, porém, eles precisam importar, mas o principal fornecedor de tubos (para fazer os quadros), por exemplo, vem da ponta de estoque da indústria, comprados a preços mais acessíveis.

PARECE UM TERNO, MAS É UMA BIKE

Para ter uma Spino, o processo é o seguinte: primeiro você tira suas medidas e depois bate um papo com a equipe para contar onde você vai usar a bicicleta, por quais razões decidiu ter uma, que caminhos costuma fazer e quais as suas preferências visuais. A partir daí, eles desenvolverão um projeto especialmente para você, que demora em torno de 12 semanas para ficar pronto e custa entre 2.100 e 3 mil reais. O valor é baixo se comparado a bicicletas de alta performance.

“Nosso diferencial está na possibilidade de ter esse contato direto com os clientes e a liberdade que os projetos têm de customização. O tamanho, o quadro, o garfo, as cores, os materiais, estilo, padrão. Tudo pode ser ajustado para você ter uma experiência melhor”, diz Alice.

As bikes da Spino seguem um estilo clássico e minimalista.

As bikes da Spino seguem um estilo clássico e minimalista.

Mas ser artesanal, em qualquer business, é algo que encarece a operação. Para atender às demandas de forma mais ágil, a Spino desenvolveu alguns “pré-padrões”, ou seja, pequenos lotes de framesets para pronta entrega, nos quais só fica faltando a seleção de peças, acabamentos e pintura — a gosto do cliente. Nesses casos, o custo cai consideravelmente e uma bike fica entre 1.600 e 2 mil reais.

Além de bicicletas, a Spino também tem uma linha de acessórios, para ganhar volume de vendas. Entre os preferidos do time está uma capa protetora de banco produzida com náilon de guarda-chuvas reutilizados (25 reais) e uma tornozeleira ajustável para proteger a roupa do contato com a corrente (35 reais). Os acessórios são vendidos tanto na loja online da Spino como em algumas bicicletarias parceiras na capital gaúcha.

EM MOVIMENTO, NA CONTRAMÃO DA INDÚSTRIA

Na visão dos sócios, a percepção das pessoas sobre bicicleta mudou completamente nos últimos anos. E para melhor. O que antigamente era um meio de transporte para passear no parque, agora vem se tornando cada vez mais relevante, como fala Luiz:

“Ser um ciclista urbano é uma decisão de vida”

Ele prossegue: “As pessoas já enxergam a bike como um fator social. Hoje ela é uma realidade, usada como principal veículo para alguns e você já não é mais visto como ativista ou superalternativo por escolher essa opção”.

Há pouco mais de um mês, a Spino mudou de lugar: da garagem onde originalmente funcionava o negócio, alugaram uma casa que abriga o escritório, a oficina e — depois de uma reforma — dará espaço também a um café. Para este ano, os sócios preveem um faturamento de 50 mil reais e esperam, em breve, se sustentar só com o lucro do negócio. Por enquanto, todos se envolvem com projetos freelancers em paralelo.

No momento, pretendem apostar na construção da marca para buscar receita a partir do reconhecimento que vem surgindo com a divulgação. “Somos uma alternativa para quem não quer consumir produtos feitos em larga escala. Crescer em volume de bikes perderia o sentido do que a gente faz”, fala Luiz. Segundo ele, a Spino não vende bicicletas, vende ciclismo. É neste caminho que pretendem continuar a sua pedalada.

DRAFT CARD

Draft Card Logo
  • Projeto: Spino Bike
  • O que faz: Marca de ciclismo que produz bicicletas artesanais e desenvolve acessórios para ciclistas
  • Sócio(s): Luiz Assis Brasil, Alice Oliveira e Victor Rosito
  • Funcionários: 5 (incluindo os sócios)
  • Sede: Porto Alegre
  • Início das atividades: 2016
  • Investimento inicial: R$ 150.000
  • Faturamento: R$ 50.000 (projeção para 2017)
  • Contato: [email protected]
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