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Robô colaborativo: mais braços para o trabalhador da manufatura da FCA

Ricardo Alexandre - 18 abr 2018
Marcello Marucci, responsável pelos robôs na Engenharia de Manufatura da Fiat Chrysler.
Ricardo Alexandre - 18 abr 2018
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Quem é fã de ficção científica certamente já imaginou, ao menos uma vez, como seria a vida dos humanos se pudessem contar com robôs que facilitam o dia a dia. A rotina de uma família não seria menos exaustiva com a presença da autoritária mas afetuosa Rosie, robô da série de televisão Os Jetsons, exibida originalmente na década de 1960? E o que dizer dos leais droides R2-D2 e C-3PO, da saga Star Wars? Enquanto o primeiro se fez notável por sua bravura e por inúmeras vezes ajudar os heróis a salvar a galáxia, o segundo, sempre atrapalhado, contribuía nas missões por ser fluente em mais de seis milhões de formas de comunicação.

Mas se engana quem pensa que tudo isso é muito distante da realidade atual. Uma nova geração de robôs, programados para facilitar as atividades humanas na indústria, já está aí para provar. Eles são os robôs colaborativos, que interagem diretamente com os seres humanos no processo produtivo, com total segurança. E a FCA é a primeira empresa na América Latina a introduzi-los em sua manufatura. Os autômatos ajudantes estão lá nas fábricas desde 2015, para proporcionar mais conforto para os funcionários e mais qualidade e eficiência aos processos produtivos.

“O robô colaborativo nasceu para ajudar e efetivamente colaborar com o operador, sendo uma espécie de terceiro braço para o empregado”, explica Marcello Marucci, responsável pelos robôs na Engenharia de Manufatura para a América Latina, ressaltando que os robôs colaborativos não são substitutos do fator humano nas fábricas, mas sim facilitadores.

De acordo com Marucci, estão instalados dois robôs colaborativos na fábrica dos motores FireFly, no Polo Automotivo Fiat, em Betim. Os equipamentos auxiliam os colaboradores nas operações de montagem de peças, entregando componentes específicos. “A partir da inserção desses robôs no processo, observamos uma redução média de 15% do NVAA (sigla para “atividades que não agregam valor”, em português) nas operações manuais, que são movimentos desnecessários e sem valor agregado”, afirma. Ainda, os robôs permitiram a redução de 20% nos refugos de peças, ou seja, nas perdas. Com esses dois resultados, é possível afirmar que tal tecnologia torna o processo produtivo mais dinâmico, reduz custos e diminui a fadiga do operador.

O controlador de processo automatizado Cléber Márcio de Oliveira, que trabalha na FCA há 21 anos e há cerca de três com o auxílio do robô colaborativo, concorda. “A presença dos robôs mudou muito a nossa rotina de trabalho devido aos grandes benefícios proporcionados por eles. Ergonomicamente, facilitou muito nossas atividades, por eliminar peças ao lado da linha”, conta. Sem os robôs, que fazem entregas de kits completos com as peças corretas para o trabalho, os operadores precisavam se deslocar para reunir todos os componentes necessários. Ele destaca também que os robôs são altamente seguros e não oferecem nenhum risco à integridade física do trabalhador. Como você pode ver nas fotos, esses robôs simpáticos não lembram em nada o Exterminador do Futuro.

O robô YuMi, da ABB, modelo de braço duplo adquirido em primeira mão pela FCA na América Latina e já em fase de instalação.

A segurança é, de fato, o que difere o robô colaborativo dos demais. Atualmente, cerca de 1,1 mil robôs estão em operação no Polo Automotivo Fiat, em Betim, mas quase todos precisam ficar enclausurados, cercados por grades de proteção que os separam dos empregados. Já os colaborativos possuem sensores para que pausem um movimento em questão de milissegundos diante do mais leve contato do homem. “Além disso, o treinamento de aproximação entre robôs e humanos é realizado em um ambiente controlado, o laboratório Manufacturing 2020, que disponibiliza especialistas técnicos e de segurança durante o curso”, diz Marucci. No mesmo laboratório, outras tecnologias também são estudadas para facilitar o processo produtivo, como o exoesqueleto, já implantado na manufatura.

Além dos robôs colaborativos já atuantes no processo produtivo, três outros estão em fase de instalação no Polo Automotivo Fiat: um na unidade de Montagem, para a preparação da fixação do vidro para-brisa, e dois na Funilaria, para auxiliar na montagem das portas laterais. “Estamos testando no Manufacturing 2020, desde fevereiro, o YuMi, robô colaborativo de braço duplo da ABB”, comenta Marcello. O modelo vai atuar na certificação da dimensão de furos do cabeçote do motor, por meio de um apurado sistema de visão, com precisão de dois centésimos de milímetro. A FCA é a primeira indústria de automóveis da América Latina a testar a invenção, batizada de YuMi por conta da junção das palavras em inglês “you and me” (“você e eu”).

Lançado no mercado em 2015, o YuMi pesa 38 Kg e foi inteiramente projetado pensando na segurança humana. “Além de possuir sensores que garantem que ele irá parar ao primeiro contato com um ser humano sem causar nenhuma lesão, seu corpo é emborrachado e seu design não possui pontos que permitam prensar mãos ou dedos”, afirma o coordenador de vendas de Robótica da ABB, Daniel de Faria Diniz. Ele relata que o robô apresenta uma ampla gama de aplicações, sendo utilizado também nas indústrias de eletroeletrônicos, telefonia, brinquedos, higiene e beleza e até mesmo de alimentos.

Diniz ressalta que a programação do YuMi chega a ser até 70% mais rápida que a de um robô não colaborativo, o que permitiu maior agilidade na adequação da máquina às necessidades da FCA. A programação simples faz ainda com que o robô possa ser realocado para qualquer outra função sem demora. Falando assim, parece que é necessária uma grande estrutura ou muitos recursos para alimentar o robô, correto? Mas ele pode ser ligado em uma tomada simples de 110 ou 220 volts. “Robusto, o equipamento consegue trabalhar sem pausas em regime de 24 horas por dia, sete dias na semana”, frisa Diniz.

Para garantir ainda mais melhorias nos processos, a FCA já prevê novas aquisições de robôs colaborativos. “Estamos estudando a sua utilização para auxiliar nos processos de parafusamento, carga e descarga, ações de montar e encaixar e de inspeção e medição, aplicação de adesivo, rebitamento e polimento”, revela Marucci. Aquele futuro antes reservado à ficção científica chegou e você vive nele. Humanos e robôs já trabalham juntos nas fábricas para construir produtos cada vez melhores para você. O futuro é o limite.

 

Esta matéria pode ser encontrada no Mundo FCA, um portal para quem se interessa por tecnologia, mobilidade, sustentabilidade, lifestyle e o universo da indústria automotiva. 

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