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O Moov é um app que otimiza o serviço de fretados e ônibus — e ganha um percentual da economia gerada

Marília Marasciulo - 19 jun 2018 Eduardo Motta e João Zechin são os responsáveis pela operação do aplicativo Moov.
Eduardo Motta e João Zechin são os responsáveis pela operação do aplicativo Moov.
Marília Marasciulo - 19 jun 2018
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Pegar o ônibus pagando a passagem e reservando um assento pelo smartphone já é uma realidade no Rio de Janeiro. O Moov, lançado em junho de 2016, facilita o embarque em duas frentes: uma focada na gestão do transporte privado fretado por empresas para transportar funcionários e a outra dedicada a elevar a qualidade dos serviços de transporte coletivo. “É uma espécie de Frescão 2.0”, conta o diretor do app, Eduardo Motta, 22, que está prestes a se formar em Engenharia Civil no Ibmec. Ele se refere às linhas de ônibus executivos, com ar condicionado, bastante comuns que circulam pela cidade.

Foram duas empresas destas linhas, inclusive, que buscaram a venture builder Brave com a sugestão. Elas queriam encontrar uma solução para a concorrência crescente que surgiu com o aumento dos aplicativos de táxi e do próprio Uber, como conta Eduardo:

“O transporte público estava parado no tempo em termos de inovação, enquanto o privado era estimulado e com preços cada vez mais competitivos”

Ele continua: “Era preciso reverter o cenário”. Sua experiência prévia no Garupa (ele entrou na Brave como parte da equipe operacional do aplicativo de mototaxi) deu a ele o conhecimento necessário para idealizar a solução para o transporte coletivo.

A Moov, que recebeu 1,2 milhão de reais de investimento do fundo, funciona assim: o usuário faz uma pré-reserva (como em passagem de avião ou mesmo de ônibus intermunicipais), e paga pela passagem inserindo créditos no app. Cada ônibus tem um tablet com sistema próprio que informa ao passageiro onde o veículo se encontra. Como se trata de um transporte coletivo, o ponto não é na porta da casa do usuário, e sim em locais pré-estabelecidos.

A iniciativa de criar “pontos” como os de ônibus para serviços digitais, aliás, já vem sendo adotada pela própria Uber nos Estados Unidos com o Uber Pool Express. Lançado em fevereiro deste ano, a funcionalidade oferece corridas que começam e terminam em pontos estabelecidos pelo algoritmo de acordo com a localização média dos passageiros daquela corrida.

Mas, voltando ao Moov. Atualmente, o serviço B2C está disponível em quatro linhas executivas diferentes da capital fluminense, que vão de Marambaia, de Vargem Grande e da Ilha do Governador (por dois trajetos diferentes) até o Centro. Com mais de 150 mil passagens vendidas a um preço médio de 12,75 reais, 20 mil usuários cadastrados e uma taxa de retenção de 76%, seus idealizadores se mostram empolgados com o potencial do produto — tanto que o adaptaram e expandiram para outros mercados.

DEU CERTO, E OS FRETADOS TAMBÉM ENTRARAM NA MIRA DO APP

Eles começaram a olhar para um nicho ainda pouco explorado: o dos ônibus fretados (que transportam funcionários de empresas que têm sede em locais distantes ou não cobertos por transporte público). Ao pesquisar mais a fundo sobre o mercado para lançar o Moov, os criadores do app se depararam com um mercado promissor. Estimam que, diariamente, cerca de 50 milhões de brasileiros usem algum tipo de transporte fretado, o que significa um custo para as empresas de, em média, 1.000 reais por funcionário.

Com o Moov, o passageiro dos ônibus executivos atendidos pelo app pode reservar um assento no ônibus. É chegar e sentar.

Uma melhor gestão do sistema, porém, poderia representar uma economia de 20 a 25% deste total. “Sem a validação de passagens para o controle de quem, de fato, usa o serviço, às vezes um ônibus faz trajetos transportando apenas um ou dois passageiros”, diz João Zecchin, sócio fundador da Brave.

Assim como em empresas de logística, que usam dados gerados pelo sistema para otimizar a taxa de ocupação e os trajetos, eles imaginaram que algo semelhante poderia ser feito para o transporte dos funcionários. “Existia muita evolução tecnológica para fazer a gestão de carga e logística, mas pouco para passageiros”,

No fim de 2016, pouco depois de lançarem a primeira versão do Moov para o transporte coletivo urbano, começaram a trabalhar na versão para as empresas.

Em julho de 2017, criaram o produto Moov Intel, uma plataforma B2B. Mas se depararam com o desafio de introduzi-lo em uma indústria bastante tradicional — e talvez a barreira tenha sido maior justamente por serem um dos únicos no país com uma solução já pronta para ser implantada (existem alguns outros concorrentes ainda em fase de desenvolvimento).

Confiantes do que tinham em mãos, bolaram um plano de negócios ousado para ganhar mercado, cobrindo os custos iniciais do risco de implantação para a empresa, que paga somente a instalação do hardware nos veículos (tablets e acesso à internet).

A Brave cobre o restante da operação pelos primeiros quatro meses e, quando os resultados começarem a surgir, fica com uma taxa de 20 a 30% em cima da redução de custos gerada pelo app — este é o modelo de negócios deles.

“Entramos completamente no risco para mostrar os benefícios às empresas que se sentem mais confortáveis ao não precisarem se comprometer com um contrato de dois anos logo de cara”, afirma João.

Uma siderúrgica multinacional foi a primeira a experimentar o Moov Intel. Implantado em 2017, logo no primeiro mês, João afirma que o sistema aumentou a taxa de ocupação dos ônibus deste cliente de 60 para 90%, encurtou os trajetos (e com isso, tempo de locomoção dos funcionários) e economizou 300 mil reais de uma operação estimada em 1,2 milhão de reais mensais. Eles agora negociam com outras empresas. O faturamento com as duas versões do app é de cerca de 230 mil reais por mês.

INVESTINDO NA EXPERIÊNCIA DO PASSAGEIRO

Enquanto isso, também trabalham em uma nova versão do Moov para transporte público que deve ser implantada até o fim do ano em São Paulo, a da carteira de passagens digital. Ao contrário da capital carioca, onde os frescões são figuras conhecidas, em São Paulo o problema é outro: colocar créditos no cartão usado para pagar as passagens ou simplesmente comprá-las. Eduardo fala mais a respeito:

“Uma pesquisa mostrou que 73% dos usuários do transporte público querem meios de pagamento mobile, é uma demanda que já existe”

Nesta versão do app, além de poder acompanhar o trajeto do veículo para saber quando se aproxima do ponto, o usuário poderá pagar a passagem com créditos inseridos diretamente no smartphone e, no fim da viagem, dar um feedback sobre a experiência.

Para garantir maior retenção, buscaram uma tecnologia que rodasse bem na maioria dos aparelhos, descartando a necessidade de funções como bluetooth ou Near Field Communication (NFC), tecnologia que permite a troca de informações entre dispositivos só com a aproximação física. O acesso à internet é necessário somente para colocar créditos no app e para acompanhar o trajeto do ônibus.

O objetivo agora, contam os dois envolvidos no projeto, é continuar expandindo para outros estados, fazendo adaptações quando necessário e usando o lucro do Moov Intel para investir em novas soluções para o Moov B2C — que, no fundo, é a “menina dos olhos” da empresa. “Acreditamos que ele pode ser revolucionário e mudar o transporte público no Brasil e na América Latina”, diz João. Não faltam confiança e empolgação dos sócios para fazer isso acontecer.

DRAFT CARD

Draft Card Logo
  • Projeto: Moov
  • O que faz: Aplicativo de gestão de transporte coletivo público e privado
  • Sócio(s): Brave e Grupo Braso Lisboa
  • Funcionários: 10
  • Sede: Rio de Janeiro
  • Início das atividades: 2016
  • Investimento inicial: cerca de R$ 1.200.000
  • Faturamento: R$ 230.000, mensais, em média
  • Contato: [email protected] e (21) 97960-7880
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