A cada ano, 45 mil pessoas morrem no Brasil em acidentes de trânsito. No mundo são quase 1,25 milhão de vítimas, índice que fez com que a Organização das Nações Unidas colocasse em sua agenda de desenvolvimento sustentável a meta de reduzir pela metade estes números globalmente. Diante dos dados, a 3M procurou uma forma de contribuir com este objetivo no Brasil. Há 80 anos a companhia atua na oferta de produtos de sinalização para as vias, especialmente com materiais refletivos. “Há muitos programas de conscientização dos motoristas. Decidimos nos engajar em uma iniciativa com os profissionais dos setores envolvidos na segurança no trânsito”, conta Paula Abreu, 44, gerente de negócios da divisão de Segurança no Trânsito da 3M.
As discussões internas começaram em 2016 e, depois de formatar o plano de ação e de realizar pilotos para ajustes, foi divulgado o 3M Mobiliza no ano seguinte, programa desenhado para que a companhia possa compartilhar o que sabe sobre segurança viária com empresas, concessionárias, prefeituras e outros órgãos públicos. A ideia é justamente mobilizar, engajar todos os agentes na busca de soluções mais inteligentes e eficientes para o trânsito por meio de debates e treinamentos, com ênfase no âmbito técnico, mas almejando benefícios públicos de redução de acidentes e respeito à vida.
A ação acontece em grupos de discussão. Ali a empresa compartilha seu conhecimento e se abre para o debate: a conversa passa por legislação e por possíveis ações para melhorar as vias públicas. É um encontro entre profissionais que atuam na área, mas o segredo para que o diálogo flua com o engajamento necessário é ir além dos números. “Os dados sobre acidentes impressionam, mas para que os profissionais realmente se comprometam a pensar em novas soluções precisamos do lado emocional: todo mundo conhece alguém que já foi vítima no trânsito”, diz Paula. E complementa:
“Temos que sair da frieza dos números e falar do absurdo que é o Brasil registrar, todos os anos, um volume de mortes no trânsito que equivale a 15 atentados às torres gêmeas. Não é normal. Precisamos evitar”
Cálculo do Observatório Nacional de Segurança Viária aponta que o alto índice de acidentes gera custo de 56 bilhões de reais por ano. Pesquisa do Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, aponta que aproximadamente 15% deste total são custos materiais do acidente, como o conserto dos veículos, outros 20% são despesas de saúde no atendimento aos acidentados e 45% equivalem a gastos relacionados à perda da produção: seguridade social e afastamentos do trabalho. “Em geral, há ainda uma redução de poder de compra e qualidade de vida para toda a família quando alguém sofre um acidente, fatal ou não, seja porque precisa ser assistido em casa por familiar que tem que abandonar seu emprego, seja porque a vítima auxiliava nas despesas da casa”, lembra.
PREVENIR É BEM MELHOR DO QUE REMEDIAR
A visão do 3M Mobiliza é de que, ao compartilhar conhecimento e fomentar a discussão, o programa melhore a qualidade das decisões tomadas pelos agentes envolvidos na segurança viária. O programa defende que o caminho para poupar vidas é, acima de tudo, evitar que os acidentes aconteçam – e é justamente aí que entra a sinalização mais adequada das vias. Paula lembra que o Transportation Research Board indica que, nos EUA, a cada dólar investido para instalar placas ou faixas apropriadas para as condições de determinada rua ou estrada são economizados outros 21 dólares com acidentes. A vantagem é grande mesmo sem colocar na conta aquilo que é intangível: a redução do sofrimento humano.
Em pouco mais de um ano, o 3M Mobiliza já realizou 53 encontros em 17 cidades que envolveram 25 instituições privadas e 25 públicas, incluindo o ministério dos transportes. Mais de 1,5 mil pessoas participaram das discussões. Paula lembra que ainda é cedo para esperar resultados muito visíveis do projeto, mas que as coisas avançam com bom ritmo. “As pessoas se engajam no assunto, ficam impressionadas com as informações que apresentamos, se interessam”, conta. Para ela, o princípio do programa de compartilhar conhecimento tem um impacto importante:
“Nós brasileiros temos a tendência de reclamar muito do governo, mas é nosso papel também levar informação para ajudá-los na tomada de decisões. Começamos a mudar este cenário quando se trata de segurança no trânsito”
É uma conversa positiva que ganha força no setor, diz Paula. De quebra, o movimento traz um efeito positivo para a companhia, como conta Vanessa Aranão, 33, especialista de marketing da divisão de Segurança no Trânsito da 3M. “Quando os profissionais se conscientizam sobre a importância da sinalização eficiente para salvar vidas, acabamos gerando demandas de negócios”, conta. Ela diz que o movimento é espontâneo, mesmo sem haver qualquer propaganda durante os treinamentos. “No fundo é natural que, quando os profissionais tomam decisões corretas, o tamanho do mercado em que a 3M atua aumente”, diz.
Vanessa entende que, apesar de ter começado com foco em compartilhar o conhecimento em segurança viária da companhia, o 3M Mobiliza vai muito além de um treinamento técnico.
“Abrimos um espaço de debate entre os profissionais que atuam na área para construir um trânsito sem vítimas. Nosso sonho é bem maior do que uma simples evolução técnica”
Paula lembra do conceito europeu das Estradas que Perdoam. A ideia é unir as forças envolvidas na construção da vias para projetar cidades e rodovias capazes de corrigir eventuais erros dos motoristas, de perdoá-los. “Se o condutor cair no sono na curva, por exemplo, ele não precisa cair no precipício. Dá para colocar uma defensa metálica que vai reduzir muito a gravidade do acidente. Podemos evoluir esta ideia para muitas outras situações”, diz. Ela acredita que, aos poucos, as pessoas se conscientizam mais e mais sobre os riscos do trânsito. “Passamos a usar cinto de segurança há não muito tempo”, diz. Enquanto este progresso acontece de um lado, de outro o 3M Mobiliza pretende avançar para tornar as estradas mais seguras. Porque no trânsito, o que importa é a vida.