Há quatro anos, embaixo das bandeiras da Itália, dos Estados Unidos e do Brasil – e de muita expectativa – as ações da recém-formada Fiat Chrysler Automobiles estreavam na bolsa de Nova York. A nova holding da indústria automobilística não era apenas multinacional, mas multicultural. Era o casamento perfeito entre as tradições automobilísticas italiana e americana, culturas tão diferentes que, quatro anos mais tarde, parecem sempre terem sido uma só, como numa união sem emendas, tamanha a sinergia com que o grupo trabalha em todo o mundo.
Vamos voltar ao início do “namoro”. Foi em 2009 que Chrysler e Fiat anunciaram a parceria estratégica. As duas companhias precisavam unir forças para continuarem competitivas. O chairman John Elkann declarou, na época, que tanto italianos quanto americanos tinham grandes histórias na indústria automotiva e “diferentes mas complementares forças geográficas”. De fato, a Fiat poderia se beneficiar de tecnologias, peças e experiências de mercado da Chrysler, enquanto forneceria à americana seu próprio ponto forte: design, tecnologias e experiências com veículos mais compactos. “Estamos prontos para assumir este desafio ambicioso com determinação”, disse Elkann.
O processo de fusão começou ali, liderado pelo ítalo-canadense Sergio Marchionne, considerado um gênio da administração pela maneira como venceu o desafio. “A FCA estabeleceu um cronograma agressivo”, disse Marchionne, também à época. “O caminho que escolhemos não é o de menor resistência. Abraçamos o espírito explorador, fortalecido pela busca do desafio e apreço pela diversidade. O dia de hoje [13 de outubro de 2014, a estreia da FCA na bolsa] marca o início de nossa jornada como uma fabricante de automóveis global, uma FCA!”. Hoje perfeitamente integrada, a FCA opera em todo o globo, com 159 fábricas divididas em quatro regiões.
A FCA completa quatro anos, mas a história das marcas que a compõem é bem mais antiga, é claro. A Chrysler tem hoje 93 e a Fiat já é uma senhora de 119 anos, a mais vetusta do grupo, que também inclui outras quatro centenárias: Dodge (118 anos), Lancia (112), Alfa Romeo (108) e Maserati (104). A RAM apareceu pela primeira vez como marca da Dodge em 1981, mas desde 1932 o símbolo do carneiro já adornava picapes da marca, o que soma 86 anos de existência. Dentre as mais jovens estão Jeep (77) e Abarth (69). Cada uma dessas marcas tem uma bela história que já conquistou muitos corações pelo mundo. Hoje rodam juntas, compartilhando o que cada uma faz de melhor.
A tradição da FCA é, portanto, marcada por mais de um século de inovação. No momento em que você lê este texto, os Centros de Pesquisa e Desenvolvimento da FCA trabalham para honrar os quatro pilares de inovação do grupo: mobilidade do futuro, conectividade, propulsão avançada e pontos fortes de cada produto. Tecnologias avançadas de segurança veicular, eficiência energética, redução de emissões, eletrificação e direção autônoma também estão em desenvolvimento contínuo, sempre por meio da valorização dos profissionais e dos processos de controle de qualidade, com destaque para o World Class Manufacturing, o WCM, sistema integrado de melhoria dos processos de manufatura e desenvolvimento profissional que é o alicerce da cultura industrial da FCA.
Para o diretor de Relações Institucionais da FCA para a América Latina, Antonio Sergio Mello, a união entre Fiat e Chrysler foi harmônica:
“Nossa percepção é a de que houve efetivamente complementaridade na relação entre as duas companhias. A FCA é inovadora ao trazer consigo o charme do design italiano e a tecnologia americana. Não são duas empresas separadas. Somos uma só FCA, uma companhia consolidada que assumiu o papel de protagonismo na indústria.”
Além disso, Mello observa que “a Fiat é, sem dúvida, vista como a montadora mais brasileira de todas”. É no Brasil onde estão a maior fábrica da FCA no mundo (Polo Automotivo Fiat, em Betim, MG) e a mais moderna (Polo Automotivo Jeep, em Goiana, PE), esta última construída já após a fusão. Não foi à toa que a bandeira brasileira tremulou no dia da estreia da FCA na bolsa de Nova York.
“Um fator que caracteriza a FCA, e já era marcante na Fiat, é a ousadia dos investimentos”, diz Mello. “Em momentos de crise no Brasil, tomamos a decisão de investir na construção de fábricas fora de centros industriais já consolidados. Em 1976, inauguramos a fábrica da Fiat em Minas Gerais e lá erguemos o segundo maior polo automotivo da América Latina. Em 2015, transformamos um canavial na fábrica da Jeep, em Pernambuco, incorporando o que há de mais moderno na indústria em todo o mundo, trazendo equipamentos e tecnologias de ponta e treinando novos funcionários. Uma Indústria 4.0”.
Mello faz questão de creditar o sucesso à liderança de Sergio Marchionne, que faleceu em julho último, aos 66 anos. “Ele foi o grande mentor. Uma fusão dessa magnitude precisava de um líder da dimensão de Marchionne para dar certo. Ele percebeu o momento e teve a coragem e a ousadia de construir as pontes necessárias durante um momento difícil de crise nos EUA. Ele realmente rompeu paradigmas”, reconhece.
Nascido na Alemanha, com carreira também na Itália, Peter Fassbender, diretor do Design Center Latam, simboliza ele mesmo essa FCA multicultural. “Antes, trabalhávamos em Betim apenas com a marca Fiat e agora entraram outros brands, como Jeep e RAM. Trabalhamos em conjunto com EMEA, NAFTA e APAC para as criações e desenvolvimentos na América Latina”, diz. “Foi uma mudança mais do que positiva, foi fantástica, fundamental para os produtos novos para o nosso mercado. Temos aqui na América Latina o mesmo peso e importância que as outras regiões”.
Assim como Mello, Fassbender vê a fusão das empresas como uma complementaridade de competências. E dá como exemplo disso a criação do Fiat Toro, que inaugurou o segmento das picapes médias no Brasil e o conceito de SUP (Sport Utility Pickup). Totalmente criado no país, o Toro é Fiat, mas produzido na fábrica da Jeep em Goiana (PE), utilizando vários componentes da plataforma do Compass. É um carro que representa a FCA, sucesso imediato de público e crítica e vencedor de vários e importantes prêmios internacionais de design. “O Toro foi uma ótima oportunidade de desenvolver um produto Fiat para o nosso mercado. Maior, mais próximo do tamanho de um carro americano, mas com linhas italianas e com uma nova interpretação. Foi uma oportunidade de reinterpretar linhas emocionais de design, o que também influenciou os desenhos de Argo e Cronos. Hoje, temos um lineup muito diferente do que tínhamos no passado. Moderno, ousado e com identidade bem distinta”, conta.
O diretor de Desenvolvimento de Produto da FCA para a América Latina, Marcio Tonani, diz que seu time tem muito orgulho de fazer parte da FCA. “É uma empresa multinacional que transforma sonhos em realidade”, diz. “É uma oportunidade única podermos compartilhar de todo o conhecimento dos vários centros de Pesquisa e Desenvolvimento da FCA no mundo. Essa troca de experiência nos permite ter profissionais alinhados com as mais modernas tecnologias automobilísticas para projetar e desenvolver carros para todo o mundo”, explica. “Nesses anos, trabalhando em parceria, podemos observar uma constante troca de experiências e uma vontade muito grande de todas as regiões em fazer da FCA realmente uma empresa global, acima de qualquer diferença cultural, de modo que todas as diferenças são tratadas com naturalidade e compreensão, o que é um fator-chave do nosso sucesso”, observa Tonani. “A América Latina vem se consolidando ano após ano como um mercado cada vez mais competitivo e promissor e o Brasil é peça-chave para atingirmos nossos planos atuais e futuros. Vamos aumentar ainda mais a integração que já conseguimos para sempre trazer aos nossos clientes o que há de melhor no mundo do automóvel”.
“O peso do Brasil é representativo e o potencial de crescimento é relevante nos próximos cinco anos, com os investimentos do plano plurianual que já estão sendo aplicados”, diz. Este mês o brasileiro Richard Schwarzwald, que liderava a diretoria de Qualidade da FCA para a América Latina, assumiu a diretoria global de Qualidade do grupo e passou também a compor o Group Executive Council (GEC), a máxima instância executiva da FCA no mundo. “O fato dele ter sido escolhido para presidir esta área no mundo é motivo de muita satisfação para nós”, diz Mello.
Veja no infográfico abaixo um pouco mais dessa história:
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