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Para montar um MVP, o produto beta de uma startup, é preciso saber programar…? Negativo!

Fernando Souza - 5 nov 2018
Saulo Negri, tech buddy do iDEXO: “O importante é entregar valor na solução para o seu cliente final"
Fernando Souza - 5 nov 2018
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Se uma lacuna na área de programação da sua startup está impedindo uma ideia promissora de ganhar vida, lembre-se: Mark Zuckerberg (Facebook), em 2004, e a turma de Jack Dorsey (Twitter), em 2006, buscaram soluções bem mais básicas do que as que existem hoje para lançar os protótipos de suas redes. O limite original de 140 caracteres do Twitter foi inspirado no primitivo SMS; o Facebook nasceu como uma landing page simples, basicamente de conexões.

“São exemplos grandes que começaram pequenos, mas o potencial de valor era tal que continuaram a se desenvolver e adquirir novas funcionalidades”, lembra Saulo Negri, tech buddy do iDEXO e elo de ligação entre a equipe de desenvolvimento da empresa e as startups. “No site ourstory.linkedin.com, dá pra ver como as páginas do LinkedIn também eram muito simples.”

Nascidas ao mesmo tempo na pré-história e na vanguarda da inovação, essas redes foram gestadas no modelo MVP (Minimum Viable Product, ou Produto Mínimo Viável) antes mesmo que o termo fosse cunhado e descrito: um projeto experimental submetido a aferições de seu valor presumido, a medições de desempenho e a aperfeiçoamentos baseados em feedbacks dos clientes e usuários. É a primeira e mais enxuta versão do produto, lançada sem cerimônia para se obter aprendizados, validar hipóteses e ganhar funcionalidades de acordo com a demanda.

O que nos leva de volta à preocupação inicial: como apresentar um MVP sem ter expertise em programação?

“O importante é você entregar valor na solução para o seu cliente final, seja com uma planilha de Excel, seja com um app”, defende Saulo, do iDEXO. Ele cita o conceito de MVP Concierge, em que o homem assume a função da máquina em uma ou mais etapas, para exemplificar um protótipo que pode ser colocado em prática antes de atingir escalabilidade.

“Um exemplo clássico é o da empresa americana Food on the Table. O cliente dizia que prato queria cozinhar, então uma pessoa pesquisava os ingredientes, aprovava com o comprador e mandava uma lista de compras necessárias para a receita”, explica Saulo. “O MVP Concierge não dá escala à solução, mas funciona para validá-la, que é o core do MVP.”

Outra startup que se encaixa no modelo de MVP Concierge é a Flexsas, criada para conectar quem tem espaço para armazenamento com quem precisa armazenar. “Enquanto o site recebe leads (potenciais clientes atraídos previamente), o empreendedor analisa manualmente no form quem tem espaço entre os armazéns cadastrados”, conta Saulo.

O desenvolvedor do iDEXO lembra que, para quem quer elaborar um produto mais automatizado, há uma boa gama de ferramentas pré-prontas à disposição das startups.

“No Bubble.is, por exemplo, é possível criar uma interface de web sem necessariamente programar”, diz Saulo. Como tantas congêneres, a plataforma funciona no formato drag-and-drop: o usuário arrasta e solta os elementos para desenhar o aplicativo. “Você não precisa montar servidor e achar domínio para fazer um app simples, que seja suficiente para validar a sua solução.”

Saulo sugere ainda a Marvel e a Moqups como opções de ferramentas de MVP. “Ambas são de arrastar blocos e montar o que quer que seja, representando o seu fluxo de negócios”, explica.

Para desenvolver um MVP sem recursos de programação, porém, é preciso ter em mente certos cuidados e restrições.

“Os segmentos B2C tendem a aceitar melhor uma solução de valor que seja menos elaborada e customizada. No B2B, o protótipo pode até funcionar para empresas menores, mas em uma enterprise não conseguirá responder a testes de vulnerabilidade, a questões de segurança, a processos de integração”, ressalva Saulo.

Quanto às etapas tradicionais de desenvolvimento, apresentação e aprovação de um MVP, o tech buddy do iDEXO não diferencia os cuidados de uma solução beta criada com ou sem programação.

“Tem que validar com o cliente várias vezes. Quando começa a escalar e você acha que está pronto, é aí que mora o perigo”, alerta Saulo. “Continue perguntando, seja por formulários, seja por notificação. Senão corre-se o risco de, ao deixar do jeito que está, perder mercado para as funcionalidades dos seus concorrentes.”

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