“Eu nunca saí de Pernambuco!”, espanta-se Artur Elias Dantas Melo. “E agora vou viajar de avião!” E não é uma viagem qualquer. O adolescente de 16 anos, aluno de uma escola pública de Igarassu, interior do estado, foi selecionado para um intercâmbio estudantil no Canadá. Ele está no segundo ano do Ensino Médio, e é o primeiro a reconhecer que esse sonho que está prestes a realizar se deve em grande medida à educação de base que teve em uma escola municipal em uma cidade a 27 minutos da capital do estado, Recife. E, se a história de Artur tem tudo a ver com a qualidade do ensino público em Igarassu, também tem relação com o programa Rota do Saber da Jeep.
É o que comprova o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de Igarassu e de outros municípios atendidos pela iniciativa deste ano. O Ideb é o principal indicador de qualidade do ensino no Brasil, expressando em valores os resultados de aprendizagem e a taxa de aprovação dos alunos das escolas públicas, em uma escala que vai de zero a 10. A meta é o Brasil alcançar a média 6 no Ideb até 2021.
Igarassu foi o primeiro município pernambucano beneficiado pelo Rota do Saber, programa que tem foco na melhoria da qualidade do ensino público. No Ideb deste ano, ele ficou entre os oito dos 15 municípios da Região Metropolitana do Recife que cumpriram a meta e cresceram no índice no início do Ensino Fundamental e entre os três únicos que realizaram o mesmo feito nos anos finais do Ensino Fundamental.
“Em 2014, quando começamos nas escolas da rede municipal de Igarassu, os primeiros anos do Ensino Fundamental tinham nota 3.9 no Ideb e os anos finais, 2.8. Este ano, as notas subiram para 4.6 e 4.1 respectivamente”, detalha Luciana Costa, coordenadora da área de Sustentabilidade da Jeep.
A escola Cecília Maria Vaz, onde Artur cursou o Ensino Fundamental, foi de 1,9 para 4,6 no Ideb. “O Rota do Saber foi o grande propulsor desse resultado, não somente na nossa unidade, mas em todas as escolas municipais de Igarassu”, comenta João Lucas Pinheiro, coordenador da escola que atende 430 alunos e tem 18 professores.
“Aprendemos a fazer uma educação de forma mais organizada e focada, incluindo a família do estudante no papel de coeducadores. Realmente, a quebra de paradigmas durante o projeto continua reverberando até hoje na escola.”
A evolução da rede de ensino em um curto período de tempo tem explicação na metodologia do Rota do Saber, que atua com foco nas deficiências da rede de ensino municipal. Primeiro é traçado um amplo diagnóstico para identificar as prioridades em todas as escolas. Depois, a cada seis meses os alunos são avaliados em português e matemática, como um simulado da prova do Ideb. Os resultados orientam formações de educadores e gestores ao longo de três anos, que é o ciclo do programa em cada unidade de ensino.
Os docentes são qualificados em Português, Matemática e em métodos pedagógicos. Já os diretores recebem assessoria de gestão escolar e são apoiados na implantação de um sistema de aprendizagem dos alunos, de programas de reforço e na construção de uma gestão participativa. “O período de três anos é ideal para garantir resultados efetivos sem causar dependência. A ideia é que as escolas aprendam com a experiência e continuem aplicando esse aprendizado”, explica Luciana.
O programa da Jeep tem como parceiros a Magneti Marelli, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), o Instituto Qualidade do Ensino (IQE) e as prefeituras municipais. Ao todo, 183 escolas, 30 mil alunos e 1100 educadores e gestores escolares já receberam o Rota do Saber em Pernambuco (Igarassu, Itambé, Goiana, Paulista) e na Paraíba (Alhandra e Caaporã).
Os municípios atendidos ficam próximos da região de Goiana, onde a fábrica da Jeep Pernambuco está instalada. Eles também estão presentes no quadro de funcionários do Polo Automotivo Jeep, ressalta Luciana. “Estão no raio de influência da planta. Estamos muito comprometidos com o desenvolvimento desta região e entendemos que o investimento em educação beneficia as comunidades como um todo, desde a escola, profissionais do ensino, alunos e famílias desses alunos. Além disso, do ponto de vista empresarial, contribuir para a melhoria do ensino também é investir para que tenhamos uma mão de obra cada vez mais preparada na região”, pondera.
Luciana detalha que a chegada do Rota do Saber em cada um dos municípios ocorreu em diferentes momentos. Por isso, em alguns deles as ações ainda estão em processo de maturação. Mas, em muitas cidades já é possível comprovar a melhoria da qualidade do ensino pelo Ideb. No município de Paulista, por exemplo, subiu de 4,1 para 4,7. Por lá, o Rota do Saber chegou no ano passado. “Como estavam muito abaixo da meta do Ideb em 2015, ainda não foi possível alcançar a meta de 5,0. Mas como estamos apenas no primeiro ano, a ideia é que em 2019 chegaremos lá”, reforça.
Em Itambé, onde o programa também não tem mais do que um ano, as escolas municipais já conseguiram alcançar a meta do Ideb nos anos iniciais do Ensino Fundamental (4.3). Em Paulista, o Rota do Saber será concluído em 2019. Nos outros municípios, o ciclo se encerra em 2020. Por isso, os resultados devem ser medidos com maior precisão em edições futuras do Ideb.
O encerramento do projeto, contudo, não significa que o aprendizado vai acabar. A ideia é a Rota do Saber continue sendo trilhada pelos próprios educadores, alunos e famílias. “É importante que as atividades sejam incorporadas pela rede pública de ensino e mantidas porque dão resultado”, diz Luciana. “Este é um grande desafio e temos a consciência de que ainda há muito o que fazer.”
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