Cada vez mais empresas têm se preocupado em promover a diversidade em seus negócios. A notícia é boa; porém, quem já colocou ideias em prática sabe que para implementar políticas eficientes é preciso muito engajamento e, principalmente, diálogo.
Foi conversando com os colaboradores que a PepsiCo – que, desde de 2016, possui uma área local de Cultura e Diversidade & Engajamento (D&E) – descobriu que antes de tudo precisaria responder às seguintes perguntas: O que é diversidade e inclusão? E qual é a relevância disso?
“Muita gente achava que [diversidade] era só sobre mulheres, LGBTI+ ou sobre descendência [étnica], mas, na verdade, quando falamos de diversidade, estamos falando também de diferentes perspectivas e pensamentos”, diz Karina Tarasuk, Gerente de Cultura e Diversidade & Engajamento Latam da PepsiCo.
A partir daí, a PepsiCo dedicou seis meses a estudar, a fundo, como a diversidade (que é parte dos valores da empresa) se reflete de verdade na composição de seu quadro de funcionários. Com essa avaliação, e por meio de conversas com gestores, líderes e colaboradores, foi possível incrementar o debate e promover internamente o tema com um inédito grau de profundidade – procurando espelhar, dentro da companhia, a própria pluralidade do Brasil.
Até que veio a primeira ideia: criar uma “Semana da Diversidade”. Tarefa nada simples, já que o objetivo era atingir 100% da população: mais de 10 mil pessoas desde o presidente até o operador de fábrica, promotor, vendedores e público administrativo. A estratégia foi diversificar as ações, o que resultou em eventos presenciais e online, divulgação de vídeos, treinamentos e muita, muita conversa. Deu certo.
“Hoje essa ação está sendo utilizada como benchmarking para a PepsiCo, e a partir deste ano (2019), o objetivo é que todas as localidades do mundo tenham uma ‘Semana da Diversidade’”, diz Stéfany Gravallos, Analista Jr de Cultura e Diversidade & Engajamento.
Engajamento que contagia
Outras iniciativas muito importantes foram implementadas pela PepsiCo. Um dos destaques é o Ready to Return, liderado pela área de Talent Acquisition. Um programa alinhado à estratégia da companhia de identificar talentos para a retomada profissional, engajando pessoas que estão fora do mercado de trabalho há no mínimo 2 anos.
Entendemos todos os desafios enfrentados pelas pessoas que precisaram ou decidiram dar uma pausa na sua carreira. “Sabemos que essas são questões que impactam a representação feminina nas empresas”, diz Stéfany, que classificou como uma experiência “muito especial” a contratação de três mulheres na primeira edição do projeto, que contou com 2.264 inscritos.
Para Karina, os programas com foco na representatividade das mulheres dentro da empresa são de grande importância. “E nossa realidade não poderia ser diferente disso”, afirma.
Mais do que incluir, as iniciativas promovem capacitação e desenvolvimento, como no caso do “Workshop de Liderança Feminina” que já treinou mais de 100 mulheres das áreas de RH, Vendas e Finanças; e o “Programa Inspira”, em que mulheres em cargos seniores participam de um treinamento intensivo na sede global da PepsiCo nos EUA.
A equidade de gênero é uma cultura consolidada dentro da companhia. Até 2025, a PepsiCo pretende alcançar 50% de representação feminina em todos os níveis e áreas. Essa meta vem sendo construída e conquistada dia a dia. Hoje, já há número equilibrado de candidatos homens e mulheres em todos os processos seletivos. E, no programa Next Gen, que prepara trainees para serem os futuros líderes da companhia, as mulheres compõem atualmente 70% do total.
Há ainda uma série de workshops e encontros periódicos, em formato “mesa redonda”, que reúnem mulheres para o debate de temas como desenvolvimento profissional, networking e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Um exemplo é o Mulheres Frontline: desde 2018, mais de 30 encontros foram realizados para discutir assuntos como autoconhecimento e autoconfiança, impactando mais de 400 funcionárias.
Convivência e inclusão
Boas ideias geram novas ideias. E para que os programas sejam inovadores e eficazes numa companhia com mais de 10 mil funcionários, toda ajuda é válida. Pensando nisso, em 2017, surgiu a ideia de criar o grupo de Embaixadores da Diversidade – composto por funcionários de diversas áreas interessados no tema, que se reúnem a cada dois ou três meses para discutir ações e novos projetos. A regra é simples: ter interesse e estar disposto a dedicar tempo e energia para ajudar a avançar a agenda, semeando a cultura de Diversidade & Engajamento pela empresa. Com isso qualquer pessoa pode participar de qualquer grupo – afinal, estamos falando de diversidade.
Além dos embaixadores, a PepsiCo também conta com os aliados, colaboradores que assinam um compromisso em prol da causa LGBTI+ durante o Ally Day, um dia inteiro para falar da importância de se garantir um ambiente seguro para que todos possam ser exatamente como são.
Para Stéfany, são ações como essa que comprovam que o melhor caminho é a convivência entre pessoas, respeitando todas as diferenças: “Se não sabemos a real experiência de uma pessoa LGBTI+ ou de qualquer outro grupo, precisamos escutar o que eles têm a dizer.”
Mais do que promover a diversidade, é preciso atraí-la. Por isso, as áreas de D&E e de Talent Acquisition trabalham em parceria com instituições como a Casa 1 (Centro de Cultura e Acolhimento LGBTI+). A iniciativa foi parte de uma intensa jornada que incluiu uma campanha com ações de voluntariado e culminou em duas edições do Doritos Rainbow, com 100% das vendas do produto revertida para instituições que abraçam a causa.
“O pessoal da Casa 1 também foi à empresa conversar com os funcionários, tudo com bastante diálogo”, diz Stéfany. Outra parceria importante foi feita com a faculdade Zumbi dos Palmares (cujas turmas são formadas por alunos negros, em sua maioria), com a participação da PepsiCo nas feiras de carreira e aulas conduzidas por colaboradores na instituição.
Performance com Propósito
A área Diversidade & Engajamento (D&E), além de trabalhar em conjunto com diversas áreas da companhia, está alinhada à chamada agenda de Performance com Propósito (PwP) da PepsiCo – uma série de metas a serem cumpridas até 2025, que inclui projetos a favor da diversidade.
Karina garante que acreditar é essencial para manter um trabalho contínuo. “Não é possível você mudar comportamento e cultura da noite para o dia. É preciso muita consistência e continuidade para conseguir chegar lá.”
Os resultados virão, tanto na geração de um ambiente de trabalho mais justo, como num impulso para o negócio. Dados do último relatório Diversity matters, da McKinsey and Co., de 2017, constatou que empresas com maior diversidade de gênero têm 21% mais chances de apresentar resultados maiores que a média do mercado, número que chega a 33% quando falamos de diversidade cultural e étnica. Isso significa mais produtividade e possibilidades de inovação, já que quanto maior a pluralidade de ideias, maior a possibilidade de se descobrir novos caminhos.
Pensando nisso, a PepsiCo criou o programa Golden Years, que oferece oportunidades de trabalho para pessoas acima de 50 anos. Karina conta que a ideia surgiu no México e foi trazida para o Brasil para assegurar um mix de gerações na área de Operações e apoiar na transformação cultural da companhia.
“Tivemos muitos depoimentos de gestores falando que o ambiente de trabalho ficou melhor, que melhorou a colaboração, e os resultados, porque se temos pessoas trabalhando de formas diferentes, conseguimos tirar maior proveito do que cada um pode oferecer.”
Por falar em comunicação, a área de Operações, com o suporte das áreas de Treinamento e D&E, resolveu oferecer um curso de Libras (Língua Brasileira de Sinais) visando integrar ainda mais os colaboradores com deficiência auditiva e suas equipes. O programa está hoje em sua segunda edição. “Os funcionários que fizeram o curso falaram que eles mesmos se sentiram melhor em poder se comunicar de forma mais efetiva”, diz Stéfany. A empresa também se dedicou a organizar treinamentos de valores e do Código de Conduta em Libras on-line — uma iniciativa que virou case interno e será adotada pela PepsiCo global.
Paciência que gera satisfação e resultado
Dado os primeiros passos, é preciso continuar a jornada. Karina reforça que a diversidade é uma meta fixa e exige um trabalho contínuo: “Estamos falando de comportamentos. Às vezes, as pessoas têm a expectativa que vão fazer uma iniciativa que vai mudar tudo, e não vai”. Mais do que buscar apoio da liderança ou de áreas de RH, é preciso unir toda a empresa dentro da mesma cultura.
Já Stéfany reforça que nunca é tarde para começar a falar sobre o tema e garante que a PepsiCo está aberta para trocar ideias:
“Acreditamos que todo mundo precisa entrar nessa jornada e trabalhar em conjunto. É uma área que exige criatividade, inovação, arriscar, ouvir, aprender, reaprender e começar de novo. É desafiador, mas muito gratificante.”
Produtores rurais que fornecem as matérias-primas para fabricação da batata Lay’s e da água de coco Kero Coco recebem capacitação técnica, acompanhamento e suporte material da PepsiCo Brasil.