Fomentar o impacto social positivo enquanto gera também inovação e avanço tecnológico. Esta é a meta do Prêmio Instituto 3M para Estudantes Universitários A oitava edição da iniciativa está com inscrições abertas para alunos de qualquer curso superior. “Nosso objetivo é estimular projetos capazes de melhorar a vida de uma comunidade, mas que sejam também economicamente viáveis”, conta Liliane Moura, 35, coordenadora de projetos sociais do Instituto 3M.
As inscrições para concorrer ao prêmio estão abertas até 9 de agosto. Não basta simplesmente submeter uma ideia. O estudante precisa registrar um projeto completo, com clareza sobre qual é a iniciativa, como ela seria realizada, em quanto tempo, com qual estrutura, de que forma será viável financeiramente… Enfim, um plano de negócio. A partir disso, o júri da premiação escolherá o vencedor, que será anunciado em cerimônia em novembro.
“É depois da cerimônia que começa a etapa de realização do plano”, conta Liliane. O projeto campeão recebe 50 mil reais em doação e tem um ano para concretizar a ideia. O montante é aplicado pelo Instituto 3M em um fundo criado em parceria com a universidade do vencedor e com a AlfaSol, ONG de alfabetização solidária que é parceira na iniciativa justamente por fazer a ponte com as instituições de ensino. “Eles sempre trabalharam com universidades e, por isso, têm essa capilaridade para garantir que o prêmio chegue a instituições de todo o Brasil”, diz.
Para fazer a fórmula funcionar e garantir que os projetos sejam, de fato, concretizados, os estudantes não podem realizar a inscrição sozinhos. É preciso ter um professor para submeter o plano. “Essa é uma garantia de que o projeto será realizado. Se o aluno autor do projeto estiver no último ano do curso e não conseguir concretizar, o orientador fica responsável por colocar em prática com outro estudante.”
GERAR TRANSFORMAÇÃO POSITIVA NA PRÓPRIA COMUNIDADE
Este ano o prêmio prioriza três áreas de interesse. A primeira é meio ambiente, com foco em iniciativas de preservação e regeneração de ecossistemas, além da gestão de recursos hídricos. Inclusão social é o segundo tema prioritário, abrangendo iniciativas de acessibilidade a portadores de deficiência em espaços públicos, ferramentas de reabilitação e de inclusão destes cidadãos no mundo do trabalho, com profissionalização e desenvolvimento.
A geração de trabalho e renda é a terceira área de interesse. Neste caso, a busca é por desenvolver produtos e serviços que garantam autonomia econômica a grupos desfavorecidos. De todas as iniciativas da organização, Liliane diz que o Prêmio para Estudantes Universitários é a que melhor reúne o propósito do Instituto 3M de gerar impacto social através da ciência.
“A ideia é fomentar o empreendedorismo nas novas gerações, mas com inovação em benefício das comunidades. É onde está o nosso maior potencial de impacto”
Criado em 2006, o prêmio trouxe resultados importantes até aqui, diz Liliane. “Já nos surpreendemos muito com as boas ideias e projetos. Por isso fazemos questão de não restringir por curso ou ano de formação”, conta. Ela dá o exemplo da primeira edição do prêmio, em 2006, quando o projeto campeão foi inscrito por um grupo de estudantes de Relações Públicas da Faculdade Metrocamp, de Campinas.
A solução proposta por eles foi a Massa do Bem, uma cumbuca de massa de pão enriquecida nutricionalmente, hipercalórica, que pode ser usada para servir sopa a pessoas em situação de rua e depois consumidas. “É uma ideia que melhora a qualidade de vida da população, é viável financeiramente e reduz o impacto ambiental, já que elimina a necessidade de um prato descartável para a sopa.” De tão interessante, diz Liliane, a solução está em uso até hoje, com a 3M apoiando a sua produção por três instituições.
Para a coordenadora, um dos pontos fortes do prêmio é a diversidade de ideias e propostas, com participação de estudantes das mais diversas regiões. Em 2015, por exemplo, o vencedor foi o projeto Telhado Verde, de Ulysses Raphael Gomes Nobre, aluno de Engenharia Química da Universidade do Estado do Amazonas. “No caminho para a faculdade ele via uma cooperativa de coleta e separação de lixo e ficava incomodado com o tanto de plástico que os catadores recolhiam”, conta Liliane.
Com o dinheiro do prêmio, ele construiu uma máquina injetora de plástico para transformar os resíduos em telha e doou para a cooperativa que agora, além de vender o plástico, gera renda também com a oferta da telha. Segundo Liliane, o projeto resume bem o tipo de iniciativa que o Instituto 3M pretende reconhecer e fomentar:
“Queremos estimular este espírito empreendedor nos estudantes para que eles resolvam incômodos que enfrentam na própria comunidade”
Além da satisfação de gerar transformação positiva na sociedade, realizar um projeto pelo Prêmio Instituto 3M também significa um ponto favorável no currículo, já que conta como uma extensão universitária. “Pode ser ainda um pontapé importante para um mestrado, um laboratório prático”, lembra Liliane.
Ela diz que a organização nota um aumento no número de projetos nos últimos anos. A média de 130 inscrições deu um salto para mais de 200. “Sentimos que é um reflexo do aumento do engajamento e da mobilização das pessoas para mudar o mundo”, diz. A coordenadora do Instituto 3M também dá crédito aos professores universitários, que conhecem bem a iniciativa e são importantes parceiros na divulgação para os alunos. Assim como os projetos propostos pelos estudantes, a construção do prêmio também é um trabalho coletivo, com potencial de gerar benefícios a todos os envolvidos.
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