Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
PROFISSIONAL T-SHAPED
O que acham que é: Profissional da área de Design.
O que realmente é: T-Shaped é um conceito utilizado por recrutadores de Recursos Humanos para designar profissionais cuja multidisciplinaridade tem características específicas. É aí que entra o “formato T”: o eixo vertical da letra demonstra profundidade de conhecimento em uma área específica, enquanto o eixo horizontal sinaliza aptidões generalistas (entendimento sobre o setor, o mercado, a empresa etc.) e as soft skills, que são habilidades de relacionamento, liderança, empatia, colaboração e resiliência.
O Profissional T-Shaped, segundo Izabela Mioto, coordenadora da Pós-Graduação em Gestão de Pessoas da FAAP, é uma combinação que envolve QI (Quociente de Inteligência) e QE (Quociente Emocional). “Não é um conceito novo mas sua demanda tem aumentado exponencialmente em função das novas relações de trabalho geradas pelos avanços tecnológicos como a inteligência artificial.”
De fato, “O que é Profissional T-Shaped?” é uma das FAQs da página da Harvard IT Academy, ou seja, está listada como uma das perguntas mais frequentes do site. Um trecho da resposta diz que o que torna esses profissionais tão eficazes no que fazem é serem imensamente empáticos, tendo um senso aguçado das perspectivas das outras pessoas com as quais trabalham. “Um Profissional T-Shaped consegue se colocar no lugar dos outros, escutá-los ativamente e criar soluções baseadas em suas ideias”, diz o site.
Edgar Charles Stuber, professor de projetos da Graduação do Insper, afirma que a formação do Profissional T-Shaped transcende a tradicional graduação: é preciso haver conhecimento em diversas outras áreas, abrangência intelectual e interação com outros profissionais. “Essa multidisciplinaridade é alcançada com conhecimento adquirido e desenvolvimento de competências sócio-emocionais. Além disso, a curiosidade e a capacidade de aprender a aprender são imprescindíveis.”
Origem: Embora haja aparições que remontam aos anos 1980, o termo foi popularizado por Tim Brown, CEO da IDEO, empresa de design da Califórnia conhecida por práticas colaborativas e inovadoras no ambiente de trabalho.
Para que serve: Para facilitar a transdisciplinaridade e a expansão do conhecimento, o que beneficia tanto o desenvolvimento profissional quanto o desempenho da empresa.
Mioto diz que o Profissional T-Shaped tem um perfil mais estratégico, levando à empresa equilíbrio entre conhecimento e prática. “Adicionalmente, consegue desempenhar um papel mais relacional, ouvindo colaboradores e clientes mais ativamente, colocando-se no lugar do outro e aplicando diferentes perspectivas para prover soluções mais abrangentes.”
Quem usa: Empresas com cultura de inovação.
Stuber conta que a maioria das empresas precisa, nos dias de hoje, se preocupar com inovação e geração de valor para criar diferenciais competitivos. “Os problemas estão se tornando cada vez mais complexos e sua resolução só é possível através de trabalho em grupos que reúnam diversas perspectivas e estilos de aprendizagem.”
Efeitos colaterais: Menor foco em execução. “Algumas empresas apontam também que falta aos T-Shaped um aspecto mais executor, daí ter surgido o conceito de profissional E-Shaped, uma combinação de experience, expertise, exploration e execution”, diz Mioto.
Quem é contra: Não há exatamente quem seja contra mas, sim, quem prefira manter profissionais com perfis variados e não apenas T-Shaped.
Para saber mais:
Leia, na Forbes, o texto Are You an “I” or a “T”?