Há dois anos, o empresário João Alfredo Pimentel procurava uma startup na qual investir. Ele próprio criador, lá atrás, em 2004, de uma empresa de entrega da tecnologia da informação como serviço – quando isso nem levava o nome de cloud computing –, João acredita em modelos de negócios que agregam valor à sociedade e provocam a disruptura de alguns mercados tradicionais. E era em uma startup com essas qualidades que ele pensava em alocar seus recursos como pessoa física.
Depois de passar quase 30 anos à frente da empresa de service desk que criou, e de vendê-la para um grande grupo brasileiro para tornar-se sócio por mais alguns anos, Francisco Ricardo Blagevitch resolveu virar investidor-anjo. Negociou sua parte da companhia que fundara e passou a dedicar-se a entender o universo da nova economia. Não procura uma empresa de uma área específica para empregar seus recursos e experiência – ele quer uma startup com potencial para resolver o problema de uma grande quantidade de pessoas.
“Acontece que há umas 12 mil startups no Brasil. Se já é difícil obter informações sobre elas, imagine selecionar as melhores? Estava sendo muito trabalhoso”, conta João Pimentel sobre sua busca
Foi quando conheceu a 100 Open Startups, plataforma de open innovation que elabora o ranking anual das 100 nascentes mais atraentes do mercado. “Encontrei lá uma metodologia para escolher as melhores startups. Isso serviu como uma bússola para nortear meus investimentos.”
Francisco descobriu a 100 Open Startups em sua jornada de estudos e conversas com empreendedores, executivos e pesquisadores do ecossistema. “Onde estão as informações sobre esse universo das startups?”, pergunta o empresário.
“A 100 tem uma metodologia supermadura. Esse mercado tem risco, e a plataforma desenvolveu uma rede com o objetivo de minimizar esse risco para todas as partes envolvidas, com o investidor atuando como coautor da solução.”
O GRANDE POTENCIAL DO MERCADO BRASILEIRO
Francisco Blagevitch está na iminência de investir em duas empresas nascentes do ecossistema da 100 Open Startups – quem sabe três? – ainda neste mês. “As startups que tendem a crescer mais costumam ser aquelas mais colaborativas, que compartilham suas informações”, ele conta.
“Na velha economia, as coisas funcionavam como num feudo, ‘essa informação é minha’. Na nova, um empreendedor fala com o outro, que indica um profissional, que indica uma solução”, diz
“São os ‘frenemies’, os friends enemies. Ninguém olha apenas para seu umbigo. É um ambiente de colaboração.”
Dessa mesma forma, os empreendedores que participam da 100 Open Startups também ganham ao se associar com pessoas do mercado, como Francisco e João, que, além de dinheiro, investem seu tempo, suas boas práticas, sua experiência. “O venture capital não é adventure capital”, diz Francisco. “Ele tem metodologia, lógica, para que possamos contribuir com o crescimento da empresa.”
O empresário-anjo conta que aposta no potencial do mercado brasileiro. “É nesse ecossistema que está o dinheiro. E o Brasil tem muito a crescer”, ele afirma. “De todo o dinheiro que existe nos Estados Unidos para investimento, perto de 2% vai para venture capital. No Reino Unido é cerca de 1,9%. E no Brasil, 0,1%. Isso mostra a oportunidade de crescimento e de mudança de mindset gigantesca.”
COMO FUNCIONA O PROGRAMA 100 OPEN ANGELS
João Pimentel conectou-se ao 100 Open Startups em meados de 2018 e já fez seu primeiro investimento. Foi na startup Fix, um marketplace de serviços para a área de construção.
Ela funciona como um Uber da manutenção doméstica: o usuário consegue contratar marceneiro, encanador, pedreiro, pintor e eletricista, entre outros profissionais cadastrados no aplicativo. O empresário investiu na Fix comprando 5% da startup, uma participação minoritária de outro investidor-anjo.
Agora, João está participando do 100 Open Angels, que a plataforma passou a oferecer este ano. O programa é uma ação de coinvestimento que vai beneficiar 25 startups, que devem receber R$ 1,5 milhão cada.
Os sócios Bruno Rondani, Rafael Levy e Carla Colonna perceberam que havia no 100 Open Startups um casamento perfeito. De um lado, 4.700 pessoas e empresas querendo fazer investimentos. Do outro, 8 mil startups cadastradas em cinco níveis de atividade, das quais 600 estão no nível máximo, o que significa que já têm relacionamento formalizado com grandes corporações – delas, há 200 interessadas em captar uma rodada-anjo.
Para estruturação do primeiro batch do programa de investimento serão selecionadas até 25 startups do Ranking 100 Open Startups 2019. Investidores-anjo com intenção de aderir ao programa podem se cadastrar até o dia 15 de julho no site do 100 Open Angels.
No speed-dating, que acontece durante o evento Whow!, as startups selecionadas farão reuniões presenciais com os investidores-anjo.
O Whow!, marcado para 23 a 25 de julho em São Paulo, é o maior encontro de inovação do país. Lá, além do speed-dating, ocorre o anúncio das startups selecionadas para coinvestimento e a noite especial de premiação do Ranking 2019, que destacará as startups mais atraentes e as corporações mais engajadas do ano.
OBJETIVO: ACELERAR A CAPTAÇÃO DE INVESTIMENTO
O 100 Open Angels tem como objetivo acelerar a captação de investimento para a startup ranqueada. O processo, que costuma levar de seis meses a um ano, pode levar assim apenas três meses.
“Basicamente gosto das startups de base tecnológica com grande potencial de scale up, crescimento do faturamento acelerado e focada em um mercado muito grande com alto impacto de disrupção”, afirma o empresário-anjo João Pimentel. “Ingressei no programa 100 Open Angels e estou muito empolgado com a listagem das 25 startups. Tenho interesse em investir em algumas delas.”
Segundo ele, a 100 Open Startups ajuda investidores como ele a ter mais segurança.
“Investir em startup é sempre um risco, ainda mais nesse momento de early stage, mas a plataforma permite, além de informação sobre a empresa, que ela seja avalizada pelo mercado”, afirma.
“Estou procurando boas startups com propostas de modelo de negócios inovadores para agregar meu smart money, com minha colaboração em governança, acesso a melhores práticas de gestão, marketing, vendas, operações e, claro, capital.”