Usar o esporte como ferramenta de impacto e transformação socioeducacional. É assim que Evandro Lázari, 39, presidente da Orcampi descreve o propósito da iniciativa. A equipe de atletismo faz parte do Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima (IVCL), fundado pelo atleta olímpico em 2007. A organização é responsável hoje por preparar 50 atletas profissionais e por levar o esporte para 220 crianças de adolescentes da região de Campinas, onde fica estabelecida – boa parte deste público em situação de vulnerabilidade social.
Quem entra no IVCL tem treinamento gratuito das várias provas do atletismo, esporte que envolve as ações naturais ao ser humano, como correr, saltar e lançar objetos. Além de orientação técnica, os jovens de 12 a 18 anos da Orcampi recebem todo o apoio necessário para permanecer praticando o esporte, como equipamentos, alimentação, transporte, suporte fisioterápico, psicológico e de assistência social, além de hospedagem em competições. Mais tarde, se for o caso, o atleta segue para a equipe de alto rendimento da instituição, como conta Evandro:
“Nosso objetivo não é formar campeões, mas sim, cidadãos. A meta é educar pelo esporte e, no meio do caminho, alguns atletas acabam se destacando e seguindo para a vida profissional”
Nessa toada, o próprio Evandro começou na Orcampi como aluno, há 23 anos. “Me apaixonei, fui fazer faculdade de Educação Física, voltei como estagiário e estou aqui desde então”, conta. Segundo ele, o instituto tem uma série de histórias parecidas com a dele, incluindo a de pessoas que conheceram o atletismo ali, viajaram o mundo por causa da modalidade e hoje são professores. “É todo mundo muito apaixonado”, diz.
NA HORA DE FINANCIAR O ESPORTE, O FOCO É SEMPRE O FUTEBOL
E haja coração para se manter firme em um trabalho que nem sempre traz retorno financeiro. O IVCL se financia por meio de leis de incentivo e apoio de empresas, como a 3M, que patrocina a organização há 10 anos.
“Com os Jogos Olímpicos de 2016, recebemos volume maior de investimentos por alguns anos. O problema é que depois aconteceu uma ressaca que ninguém esperava, com patrocinadores retirando o apoio”
Evandro admite uma certa decepção com a mudança. Segundo ele, a expectativa era de que a realização do evento no Brasil jogasse luz à importância do esporte e fizesse com que a atenção e os investimentos na área subissem um degrau de forma definitiva. Como se não bastasse a queda das receitas, a forma de captação de recursos via lei de incentivos também sofre certa indefinição.
“O atletismo é um esporte que serve de base para qualquer outro, mas ainda assim enfrentamos muita dificuldade de financiamento. Somos um país de duas modalidades: o futebol, que recebe os investimentos, e o resto”
No meio de tudo isso, a equipe ainda ficou com o desafio de usar o dinheiro mais curto para treinar e dar suporte a um número maior de atletas, fruto do período de vacas gordas e do fim da equipe B3, que acabou em 2018 e teve todos os atletas transferidos para a Orcampi.
Se não dá para fechar as contas na matemática, Evandro diz que o que segura as pontas é o compromisso dos professores e profissionais com o impacto social do projeto. “Antes muita gente vivia do trabalho aqui. Hoje todos tiveram de se reinventar, passar a acumular trabalho ao dar aulas também em outros lugares.”
O ESPORTE COMO FORMADOR DE CARÁTER
Ao contrário do esperado, Evandro encara as adversidades com otimismo. Ele lembra que captar recursos para o esporte nunca foi fácil no Brasil e, portanto, o jeito é ir em frente e contornar o desafio. “Acreditamos muito no que fazemos. Podemos ter ciclos bons e ruins, mas o esporte sempre será necessário, nunca vai acabar”, resume. Nessa jornada para manter as atividades e o impacto social do projeto, Evandro diz que a maior fonte de estímulo para quem trabalha na Orcampi é acompanhar o efeito do instituto na vida das pessoas. Evandro fala a respeito:
“O esporte é um modelador da personalidade. Traz valores educacionais, éticos, ensina a respeitar o próximo, a ganhar e a perder. Vemos todos os dias as pessoas evoluírem em tudo isso aqui”
Ele cita o caso de jovens com os mais diversos históricos que vão treinar na equipe, criando uma bagagem robusta para construir uma vida mais realizada a partir dali. Um destes exemplos é Fernanda Nori, 14, que está há quatro anos no IVCL. Ela começou na equipe infantil e, a partir deste ano, tornou a frequência de treinos diária em busca de resultados melhores, que a ajudem a pavimentar o caminho para um futuro como atleta profissional.
Com o apoio da família, o próprio empenho e a estrutura da Orcampi, o desejo da adolescente não soa nada distante da realidade: ela já tem 100 medalhas acumuladas e uma série de competições no currículo. “Nem sempre é fácil, mas o atletismo me ensinou a assumir a responsabilidade e me dedicar”, diz ela. A tirar pelo exemplo de Fernanda, o propósito da Orcampi de formar grandes cidadãos por meio do esporte pode não ser simples de ser realizado, mas é eficiente.
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