A maquiagem era um hobby da gaúcha Carolina Habeyche durante a adolescência. Hoje, aliada à tecnologia, é o meio através do qual ela busca impactar frentes diversas da indústria de cosméticos.
Em 2020, Carolina criou o Be Beleza Tech, um aplicativo gratuito baseado em realidade aumentada que oferece informações e tutoriais sobre rotinas de beleza, skincare e maquiagem.
A proposta da Be Beleza Tech é integrar, através da tecnologia, consumidoras, marcas e consultoras por meio de uma solução única. A empreendedora, 42, afirma:
“A gente nasceu para disruptar esse mercado positivamente. Entender a real necessidade de cada ponta e entregar de uma maneira justa essa solução, que seja equilibrado para todo mundo”
O negócio segue um modelo B2B2C, atendendo tanto os fabricantes de cosméticos quanto as consumidoras finais.
Depois de uma fase de testes, o aplicativo foi lançado oficialmente em julho de 2021, inicialmente para um grupo de 500 usuárias. Menos de um ano depois, em maio de 2022, alcançava, segundo Carolina, a marca de 100 mil dispositivos conectados e ativos.
São pessoas que, por meio da tecnologia de realidade aumentada, têm acesso a tutoriais de beleza imersivos, aprendendo maquiagem de maneira personalizada para o tom da pele, formato de rosto e estilo pessoal.
A relação de Carolina com o mundo da maquiagem começou aos 15, enquanto maquiava suas amigas.
A brincadeira virou profissão quando um amigo maquiador a chamou para fazer produção de moda. E nem a faculdade de direito a impediu de seguir na área: após a graduação, ela decidiu cursar uma pós em moda.
“Na pós, aprendi a desenvolver coleções. E essa metodologia apliquei no primeiro trabalho voltado para a indústria”
Depois de formada, ela passou uma temporada na Europa e na Argentina fazendo cursos de maquiagem. Na volta, em 2017, Carolina foi contratada pela rede de farmácias Panvel para desenvolver as coleções de maquiagem da linha.
“Foi um dos sucessos da minha carreira, tenho um carinho muito grande pela empresa”, conta.
O que era uma linha de maquiagem esquecida nas prateleiras, diz Carolina, virou um dos principais produtos da rede de farmácias.
Esse êxito na Panvel a ajudou a ganhar alguma visibilidade como especialista no assunto, impulsionando seu negócio paralelo: a Cacá Makeup, uma escola focada em automaquiagem e em formar profissionais para o mercado.
“Na escola fui desenvolvendo uma metodologia para falar de beleza. A gente sentava com a aluna e fazia a leitura facial dela. E adequava o gosto pessoal para a técnica de maquiagem personalizada”
Dessa experiência Carolina identificou dois desafios da indústria: treinar professoras nesse jeito personalizado de ensinar; e ganhar escala com a maneira de comunicar beleza.
A ambição de superar esse foi a força-motriz para criar, anos depois, a plataforma.
“A escola era um ambiente controlado, mas eu sabia naquela época que a tecnologia iria me permitir chegar nas pessoas de um jeito mais personalizado do que eu via no mercado”
A inquietação veio acompanhada de uma mudança. Em 2011, Carolina deixou a escola e trocou Porto Alegre por São Paulo, iniciando uma carreira como consultora em desenvolvimento de produtos.
Nos dez anos seguintes, trabalhou em parceria com marcas como Le Lis Blanc, Hinode e Intercos.
Carolina vê três vértices principais no mercado de beleza: a parte artística, de treinamento e de produto. Cada um associado a um público – respectivamente, consumidoras, profissionais e empresas.
A ambição dela era solucionar as dores de cada ponta com um único produto.
“Não faria sentido fazer uma plataforma para resolver uma ponta só. Tem que ser bom para todo mundo. Só que cada um tem a sua necessidade – mas o primeiro foco tinha que ser na cliente final”
Em 2016, pensando em como escalar os treinamentos, ela bolou um projeto de chatbot que ajudaria clientes a identificarem seus próprios formatos de rostos e suas preferências em maquiagem.
Essa ideia ganhou outro rumo quando, naquele ano, Carolina viajou ao Vale do Silício. Voltou de lá com um conceito: realidade aumentada.
“Naquela época, a realidade aumentada já era aplicado em filtros, mas eu sabia que poderia usar para personalizar os tutoriais de maquiagem por meio dos pontos da malha de leitura facial”
Em 2019, Carolina conheceu Fernando Domingues, professor e consultor de inovação em empresas de cosméticos. Ele entrou como sócio; um mês depois, começaram a montar o time.
A Be Beleza Tech nasceu oficialmente em março de 2020. Além dos dois sócios, a equipe tem seis pessoas, entre conteúdo, desenvolvimento e design.
Agora, um dos esforços do time da Be, como Carolina chama a empresa, é abastecer a plataforma com conteúdos. Atualmente, há 40 tutoriais disponíveis, além da ferramenta de diagnóstico de beleza por realidade aumentada.
Segundo Carolina:
“O despertar da beleza só é possível com informação e autoconhecimento. Se sentir bem é fundamental para expressar o que tem dentro de nós. Por isso, o grande desejo que tenho é que a Be seja essa ferramenta de autoconhecimento”
Outro foco é viabilizar sua “tese de monetização”. A startup trabalha para atrair pequenas e grandes marcas de maquiagem, além das consultoras de beleza.
São dois modelos de negócio: assinatura e comissionamento. Assim, as empresas e consultoras parceiras podem ter acesso a um marketplace para vender suas maquiagens e a uma “cadeirinha de maquiadora”, em que disponibilizam demonstrações e tutoriais dos produtos.
Além disso, a startup vem prospectando possíveis parceiros comerciais. Até o fim deste ano, a missão é ter pelo menos cinco marcas participando e bater a marca de 300 mil usuárias ativas.
Recentemente, a Be Beleza Tech conquistou um aporte de 1 milhão de reais do BR Angels.
Com essa injeção de capital e melhorias no produto (o roadmap prevê que até julho a startup tenha um método de pagamento dentro do seu aplicativo), Carolina espera que 2023 seja o ponto de virada da Be.
“Quero criar um ambiente democrático de informação de beleza. Para a marca, é interessante estar dentro disso, porque ela pode também criar uma cultura de aprendizado dentro da sua própria linguagem. Isso era uma dor no presencial – e trazer para o digital está sendo super bem recebido”
A meta da empreendedora e sua equipe é transformar a Be num “super app” de beleza, unindo tecnologia, conhecimento e dados para criar uma comunidade sólida. “No futuro, quero que todo mundo esteja lá.”
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