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A Bump Box oferece assinaturas de aluguel de roupas para as grávidas preservarem o estilo e a autoestima

Maisa Infante - 28 maio 2019
As sócias Cintia Cavalli e Juliana Franco criaram a Bump Box para oferecer moda e facilidade às
Maisa Infante - 28 maio 2019
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O teste deu positivo e, além de pensar no berço, no parto, na malinha da maternidade, nos cuidados com a saúde e, é claro, no nome do bebê, a mulher ainda tem um dilema. A gestação não justifica um investimento alto em um guarda-roupa novo e com prazo de validade, mas é uma fase longa demais para se conformar com um figurino que joga contra a autoestima — ainda mais num momento em que o corpo passa por tantas transformações.

Equacionar essa questão é a proposta da Bump Box. Fundada pelas sócias Juliana Franco, 39, e Cintia Cavalli, 41, a empresa monta kits de looks para grávidas, com peças que podem ser combinadas entre si e que são oferecidas por meio de assinaturas de aluguel. “Queremos acolher a mulher grávida da melhor forma possível e oferecer facilidade”, diz Juliana. “Afinal, ela já tem muitas coisas para pensar nesse período.” 

As roupas da Bump Box são desenvolvidas pensando no conforto e estilo da mulher.

Ao todo, são nove kits, com quatro peças cada um. A cliente escolhe qual gostaria de receber em casa e opta por um dos planos de assinatura: mensal (319 reais), trimestral (299 reais por mês) e semestral (279 reais por mês). “Sugerimos que ela nos indique sempre o tamanho que usava antes de engravidar [além do tempo de gestação], pois o espaço para a barriga já está considerado no design dos produtos”, diz Juliana.

A Bump Box privilegia uma moda atemporal, que foge das tendências fugazes do fast fashion. O site dá dicas de estilo sobre como usar cada peça. As roupas ficam disponíveis durante 30 dias e, na devolução, uma nova caixa é recebida para o próximo mês. No caso de eventuais trocas e personalizações, a empresa cobra um adicional de 49 reais por peça. Hoje, o ticket médio está em torno de 897 reais por cliente.

AS DIFICULDADES VIVIDAS NA PRÁTICA FORAM A INSPIRAÇÃO

Juliana viveu por sete anos entre Estados Unidos e Itália, onde se formou em Gestão Cultural. Voltou ao Brasil em 2005, foi produtora na revista Veja São Paulo, engatou um curso de Produção de Moda no Senac e, após passagens por outras redações, foi ser editora no site OQVestir por cinco anos.

Cintia, por sua vez, é formada em Propaganda e pós-graduada em Marketing e Negócios, e trabalhou com planejamento estratégico de grandes agências como WMcCANN e Africa, atendendo startups como 99 e Uber.

As duas se conheceram por meio de amigas em comum. A ideia do negócio nasceu em meio a um papo sobre a dificuldade de se achar roupa durante a gravidez. Juliana já era mãe do José (hoje com 5 anos) e ainda lembrava bem dos 22 quilos adquiridos ao longo da gestação:  

“A partir do terceiro mês as roupas já não me serviam mais. Eu tinha um armário lotado, nada para vestir, comecei a olhar para o que tinha nesse mercado e não encontrava nada que eu quisesse, ‘nem de graça’

Na verdade, até havia peças que ela gostava, mas eram caras: uma calça de grávida chegava a custar 50% a mais do que Juliana gostaria de pagar por uma calça de ‘não-grávida’.

Quando as duas novas amigas se conheceram, ambas já haviam deixado seus crachás para trás, atuavam como consultoras e vinham pensando, cada uma no seu canto, em empreender um negócio próprio. Descobriram uma sinergia de expertises e resolveram apostar na ideia, com um investimento inicial de 150 mil reais.

LAVAGEM ECOLÓGICA E UPCYCLING PARA SER MAIS SUSTENTÁVEL

O mercado de moda é conhecido (e criticado) por trabalhar com inúmeras terceirizações, o que gera um descontrole da cadeia de produção. Pensando no controle de qualidade do produto e na sustentabilidade do modelo, Juliana e Cintia escolheram controlar o processo de ponta a ponta, do desenvolvimento ao descarte da roupa, quando esta não tem mais condições de uso. Essa perspectiva orientou a escolha dos fornecedores.

“Se existissem bons players, talvez a gente tivesse plugado o serviço de aluguel em uma curadoria de produto. Mas não tinha nada que se adequasse ao que queríamos oferecer. A solução, então, foi produzir”

A gestão das assinaturas, entregas e devolução das caixas é centralizada pelas sócias e mais dois funcionários. As roupas são produzidas em um ateliê que reaproveita resíduos têxteis para produzir almofadas de meditação. A lavagem é feita pela Dry Clean USA, rede que diz realizar o serviço de forma mais ecológica, sem produtos químicos.

A Bump Box oferece nove opções de caixas com quatro peças combináveis entre si.

Junto com o kit vem uma embalagem extra onde as peças devem ser acomodadas no dia da devolução (essa caixa sai direto da casa da cliente para a lavanderia e, de lá para a Bump Box). Em São Paulo, as entregas e devoluções são feitas por portador; em outras cidades, os Correios se encarregam do serviço, mas a logística de retorno do produto direto para a lavanderia permanece a mesma.

Uma vez de volta à empresa, cada peça passa por um controle de qualidade. Até hoje, poucas tiveram de ser retiradas de circulação — e, por ora, estão guardadas na empresa.

A ideia é reaproveitá-las em um processo de upcycling, como matéria-prima para novos produtos, como nécessaires ou slings.

“Não vemos o upcycling como uma oportunidade de ganho, mas sim como parte natural e responsável do processo da moda circular”, diz Juliana

INVESTIMENTO, TECNOLOGIA E O DESAFIO DE ESCALAR

No começo, as sócias tentaram desenvolver uma plataforma própria, que permitisse mais autonomia às clientes para escolher que peças iriam dentro das caixas. Depararam com uma dificuldade: o excesso de subitens relacionados a modelos, tamanhos e cores. Cintia explica:

“A gente queria implantar um sistema para deixar o negócio mais ágil e facilitar a vida das clientes. Não funcionou e nos demos conta de que tínhamos que estar disponíveis para atendê-las”

Essa maior disponibilidade se traduz em um contato direto da empresa com as clientes, por e-mail, para viabilizar as personalizações das peças. Assim, elas contornam, de modo meio “manual”, o uso de uma sistema de e-commerce mais engessado, que “entende” cada caixa como uma única peça (impossibilitando uma recombinação automática de itens). Mas a ambição de ter uma plataforma própria e mais adequada segue viva. “Vencer esse desafio da tecnologia vai ser fundamental para escalarmos”, diz Cintia.

Com esse foco, a empresa recorreu recentemente uma consultoria para fazer o valuation do negócio e agora está prestes a iniciar uma rodada de investimentos. As sócias afirmam estar em busca de parceiros alinhados com a mentalidade da Bump Box. “Não é todo dinheiro que funciona. Tem que somar expertise, pessoas e propósito”, diz Juliana.

 E que propósito é esse? Acabar com aquela imagem da “mamãezinha”e permitir que as mulheres preservem o seu estilo e a sua identidade durante a gestação. Que é, sim, uma fase especialíssima — mas não deve se sobrepor a quem ela é.

“Precisamos desconfigurar essa ideia de que a mulher, quando engravida, vira uma barriga ambulante”, diz Juliana. “Ela já existia antes de estar grávida, tem profissão, preferências e necessidades que precisam ser respeitadas.”

DRAFT CARD

Draft Card Logo
  • Projeto: Bump Box
  • O que faz: Assinatura de aluguel de caixas com roupas para gestantes
  • Sócio(s): Juliana Franco Cintia Cavalli
  • Funcionários: 4 (incluindo as sócias)
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 2016
  • Investimento inicial: R$ 150.000
  • Contato: [email protected]
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