Depois de passar boa parte da vida adulta dentro de carros e escritórios, a relações-públicas Paula Dias, 29 anos, se deu conta que aquele não era seu objetivo de vida. “Buscava cargos mais altos a cada dia, sem saber exatamente o porquê”, diz. Foi então que, em 2013, ela arrumou as malas e partiu para a Europa. “Fiz um curso de cultura francesa que falava até sobre a importância das flores em cada região. Brinco que a França parece um bairro onde todos conhecem tudo e todo mundo”, diz. Na Itália, a sensação foi parecida. Mesmo diante da crise, segundo ela, os italianos não deixavam de enaltecer o país.
Ao voltar ao Brasil, no entanto, a paulistana assistia a um sentimento oposto em seus conterrâneos. “As pessoas falam mal da nossa cidade sem a conhecer.” Para ela, é se aprofundando na história e na cultura do ambiente urbano que aprendemos a valorizá-lo. “O patrimônio material está degradado e somos carentes de símbolos que nos representam. Olhamos a metrópole sem enxergá-la de verdade”, afirma.
A partir dessas experiências, Paula teve a ideia de criar, no começo de 2014, um movimento que difundisse essa cultura em São Paulo. O Hey Sampa promove tours guiados e eventos como as Jornadas Fotográficas, que convida moradores a fotografar sua região, refletir sobre ela e discutir melhorias, e o Ciclo de Debates, encontros entre cidadãos e figuras do meio cultural paulistano. Todas as atividades são gratuitas. Segmentado por bairros e comunidades, o projeto acredita que a construção do amor pela cidade deve ter como ponto inicial a área onde se vive.
Estão previstos ainda um passeio guiado com cadeirantes, a fim de conhecer as dificuldades encontradas por eles na região central, e a criação de uma espécie de clube que reúna representantes de cada bairro. Outro sonho é fornecer cartilhas sobre o patrimônio em escolas públicas. “Minha maior satisfação é vasculhar histórias para manter viva a relação afetiva entre as cidades e as pessoas”, diz Paula.
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