A Descola aposta em cursos livres online e quer quadruplicar de tamanho em 2015

Adriano Silva - 20 nov 2014Los cinco amigos da Descola: Gustavo Paiva, Caio Casseb, Atair Trindade, André Tanesi e Daniel Pasqualucci
Los cinco amigos da Descola: Gustavo Paiva, Caio Casseb, Atair Trindade, André Tanesi e Daniel Pasqualucci
Adriano Silva - 20 nov 2014
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Saca só essa turma.

André Tanesi era colega de Caio Casseb e de Atair Trindade, na ESPM, em São Paulo. Todos eles se formaram em Publicidade em 2006.

Caio fundou a Scoop&Co, em 2012, com Alessandra Garrido e Daniela Baronni. A Scoop&Co é uma empresa de pesquisas de consumidor que se dedica a realizar “projetos de cocriação de produtos e ideias de comunicação entre consumidores e empresas”.

Atair Trindade é, desde junho de 2013, gerente de planejamento da Muta.to, empresa que produz conteúdo para marcas e que atua junto à agência de propaganda JWT. Antes, passou pelas áreas de planejamento da David The Agency, da F/Nazca e da Riot.

André Tanesi também foi colega de Daniel Pasqualucci, administrador, formado pela Faap em 2007, e de Gustavo Paiva, no colégio Pueri Domus. Daniel é sócio de André na agência digital 4Now, que ambos fundaram em 2009, em São Paulo, atendendo clientes pequenos, como agências de turismo, oficinas mecânicas e fundos de investimento.

E Gustavo Paiva também se formou em Publicidade na ESPM e trabalha no marketing da Fitness Brasil.

Todos eles têm 29 anos – menos Gustavo, que tem 30.

Daniel Pasqualucci e André Tanesi tocando a lojinha em evento do SEED, em Minas Gerais

Daniel Pasqualucci e André Tanesi tocando a lojinha em evento do SEED, em Minas Gerais

“A gente queria fazer cursos livres que fossem mais rápidos e mais baratos. Que em vez de custar 2 mil reais, custassem 100 reais”, diz André. “Um dia, conversando, chegamos à conclusão de que o caminho mais rápido para termos os cursos que queríamos fazer era nós mesmo produzi-los”.

Nascia ali a Descola, cujo slogan é – “Uma escola desconstruída. Aprenda mais. Aprenda diferente. Aprenda agora”. Segundo André, “a ideia não surgiu como um negócio, mas como um desejo de ter à disposição os serviços que aquele negócio ofereceria ao mercado. Nossa vontade inicial era aprender em cursos com menos blablablá e com mais mão na massa – nossa ideia, no início, não era nos tornarmos empreendedores da educação”.

Essa conversa na mesa do bar aconteceu em 2011. Em meados daquele ano, a Descola estreou oficialmente com um curso de gamificação ministrado por Rafael Kenski, em São Paulo, para 50 pessoas.

Dois ou três meses depois veio um curso de Open Data, ministrado pela WebCitizen, também em São Paulo. Participaram 30 pessoas.

O terceiro curso da Descola foi sobre cerveja artesanal e aconteceu já em 2012, com Pedro Meneghetti, da Have a Nice Beer e com o apoio da Cervejaria Urbana. Participaram 30 pessoas.

Os cursos duravam de duas e três horas, custavam 60 reais, e eram itinerantes: aconteceram no The Hub, num estúdio de música, na Vila Madalena, em São Paulo, e no escritório da Webcitizen.

Os cinco amigos organizaram uma página para a Descola no Facebook e a comunidade começou a crescer. Bruno Stefani, executivo do Itaú, participou de um curso na Descola e os chamou para estruturar um curso on-demand, dentro do banco, sobre Desconstrução, em 2012. Em seguida, eles foram chamados também para organizar um curso sobre Design Thinking para o Discovery Channel, junto com a Escola de Design Thinking.

André Tanesi no encerramento do programa de aceleração que o levou a viver e trabalhar em Minas Gerais por 6 meses

André Tanesi no encerramento do programa de aceleração que o levou a viver e trabalhar em Minas Gerais por 6 meses

“Aí sentamos para discutir aonde iríamos com a Descola”, diz André. “Percebemos que havia um problema em fazer um curso às 20h na Av. Paulista: o cara pagava e muitas vezes não conseguia chegar. Pedidos começaram a chegar para fazermos cursos em outras cidades”. Foi assim que começaram a flertar com a ideia de oferecer cursos livres online, que pudessem nacionalizar a produção de conhecimento dos cursos livres, que acontecia presencialmente e somente nas principais capitais do país.

“Ao mesmo tempo, as referências de educação à distância que pesquisávamos eram muito caretas. Eram aulas filmadas. Aí sacamos que podíamos gerar uma experiência virtual diferenciada, com recursos de edição, inserção de caracteres, divisão em módulos curtos”, diz André. O grande benchmarking para eles foi o General Assembly. “Quando vimos o jeito dinâmico como eles empacotavam o conhecimento, decidimos que era daquele jeito que queríamos fazer”, diz André.

Foi assim que assumiram o online como a grande vocação da Descola, com vídeo-aulas que fossem narrativas audiovisuais, e não só um professor olhando fixo para uma câmera travada. A plataforma online foi ao ar em abril de 2013, como uma aposta de que o presencial não era necessário e de que era possível gerar uma experiência virtual melhor do que o que havia à disposição no Brasil.

A plataforma custou 100 mil reais – parte desses recursos foram aportados em serviços pela 4Now, cuja estrutura foi sendo lentamente direcionada para atender a Descola. Junto com a plataforma, surgia o CNPJ da nova empresa. A Descola já estava em ponto de não-retorno.

“Do Bar ao Mercado”, quase uma referência ao modo como a própria Descola surgiu, foi o primeiro curso oferecido online. Era um curso gratuito que reunia três empreendedores – Renato Russo, da GreenTee, Flavio Pripas, da Fashion.me, e Pedro Meneghetti, da Have a Nice Beer, falando exatamente sobre empreendimentos que surgem numa mesa de bar. “Era um teste para o nosso modelo. O nosso beta. E duas mil pessoas fizeram o curso”, diz André.

Em seguida, montaram o primeiro curso pago – “Redes Sociais para Pequenos e Interessantes Negócios” –, ministrado por Flávio Vieira e Bruno Brandão. “O curso custava 99 reais, tinha 1h30min de duração e nós vendemos 100 cursos, ministrados pelo pessoal da Riot”, diz André.

A Descola queria crescer. E rápido. Então eles inscreveram a empresa no programa de aceleração do governo de Minas Gerais, o Seed (Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development). Foram um dos 40 eleitos, entre 1 400 inscritos, para participarem da segunda turma do Seed, que foi acelerada entre maio e novembro de 2014.

Foi aí que André e Daniel viraram definitivamente a chave da 4Now para a Descola. Eles se mudaram para Minas e passaram a dedicar 80% do seu tempo à empresa. Os demais sócios ainda se dedicam às suas outras atividades e participam de reuniões semanais para discussão do negócio.

“Nós queríamos, a princípio, produzir 16 vídeos até o final do ano com os 80 mil reais que o Seed oferecia. Essa era a nossa motivação inicial. Mas rapidinho percebemos que o menos importante ali era a grana”, diz André. “A metodologia de aceleração fez muita diferença para a gente. A oportunidade de refletir sobre nossa empresa, nosso produto, nosso modelo de negócios. Estar incubado com outros 80 empreendedores num ambiente de inovação. Tudo isso foi muito rico”.

O Seed é um programa equity free – não fica com participação nas empresas aceleradas. A contrapartida, para a Descola, foi participar de eventos de difusão de empreendedorismo em Minas. “O programa se encerrou na quinta passada, com um Demo Day”, diz André. “Gostamos tanto que estamos aplicando agora para outros dois processos de aceleração: o StartupChile, que oferece 50 mil dólares e que também é equity free, e o StartupBrasil, que oferece até 200 mil reais, como subvenção do governo federal, e que direciona a sua empresa para uma das aceleradores pré-selecionadas, que podem fazer aportes adicionais na startup e ficar com entre 8% e 15% do negócio”.

A Descola tem hoje seis cursos disponíveis online. Descontruindo a Sustentabilidade (gratuito), Mídias Sociais para Pequenos e Interessantes Negócios (hoje a 59 reais), Design para Novos Contextos (39,90 reais), Pedro Almodóvar – Labirinto de Paixões (59 reais), Do Bar ao Mercado (gratuito) e Arquitetura de Conteúdo (99 reais).

Até o fim de 2015, a Descola pretende ter 50 cursos postos no ar. E terminar 2016 com 100 cursos online. “Em 2015, queremos quadruplicar o faturamento sobre 2014 e chegar a 1,5 milhão de reais. Para 2016, nosso objetivo é fechar o ano com receitas de 2,3 milhões de reais”, diz André.

draft card descola

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