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A Evoluir é muito mais que uma editora: transformou-se numa fábrica de projetos de aprendizagem

Anna Haddad - 21 dez 2015
O time da Evoluir. Acima, da esq. para a dir.: Fernando Monteiro, Eduardo K. de Souza, David Renó, Uriá Fassina. Seguindo abaixo: Klévia Regina, Cida Souza, Márcia Gonçalves, Júnior Ribeiro, Renata Polacow Barros, Lilian Rochael, Flávia Bastos, Boi (o gato). Mais abaixo: Rafaela Barros, Brena Duarte, Gabriela Ferreira, Thaís Buratto e Muriel Duarte (foto: Anna Haddad).
Anna Haddad - 21 dez 2015
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A história da Evoluir começa em 1996, com a fundadora e psicóloga Beatriz Monteiro, a Dona Bia, hoje com 71 anos de idade. Já nasce conectada à educação infantil e, mais que isso, a temas profundos relacionados a valores humanos e sustentabilidade. Mas foi na gestão de Fernando Monteiro, 43, e da Flávia Bastos, 42, filhos de Dona Bia, que a editora se transformou em um negócio que vai bastante além da publicação de livros.

“A gente queria promover processos de aprendizagem, buscar meios e mídias que saíssem do convencional no que diz respeito à transformação pessoal”, conta Fernando. Hoje, o editorial é apenas um dos pilares de atuação da empresa, que conta, principalmente, com a elaboração de projetos educacionais e desenvolvimento de espaços de aprendizagem. Fernando fala deste cenário, que levou os filhos da fundadora a reverem a estratégia da empresa:

“O Brasil não é um país de leitores. Não dá para manter uma editora vendendo livro em livraria. Vender livro, hoje, é muito marketing. A gente queria manter a qualidade dos produtos e não ter preocupação em disputar prateleira”

A linha da editora sempre esteve ligada ao triângulo indivíduo-sociedade-planeta, com temas que incluem cultura, cidadania, qualidade vida e sustentabilidade. Mas com o tempo, essa mesma proposta tomou outros caminhos, outras formas. Foi assim que surgiu o braço de projetos educacionais, que busca transformar a relação entre escola e comunidade, fortalecendo o protagonismo e a colaboração, desenvolvendo a criatividade e incentivando uma gestão mais horizontal das comunidades educadoras. “Os projetos que a gente desenvolve procuram transformar a cultura escolar e propõem comunidades de prática. Acreditamos muito na ideia de cidade educadora, bairro educador,” diz Fernando.

COMO UM NEGÓCIO SE TRANSFORMOU EM TRÊS

Em resumo, além de se manter como editora de livros infantis, a Evoluir criou duas frentes de atuação e serviços: o desenvolvimento de projetos educacionais (com a elaboração de material educativo) e a concepção de espaços lúdicos. Assim, aumentou sua relevância e conquistou mercados antes inacessíveis.

Alguns livros do catálogo da Evoluir: o negócio começou como editora e hoje tem 4 frentes de atuação ligadas à educação.

Alguns livros do catálogo da Evoluir: o negócio começou como editora e hoje tem três frentes de atuação ligadas à educação.

O Projeto Escolas Sustentáveis, por exemplo, é um programa de formação aberto que trabalha, junto com as comunidades escolares, o tema da educação para a sustentabilidade. O propósito é melhorar, ao longo da jornada, os indicadores de sustentabilidade das escolas, como consumo de água, energia e minimização de resíduos sólidos, além de incentivar a implantação de hortas, entre outras ações. Todo o processo envolve, além de formação de educadores, oficinas de contra-turno escolar com as crianças e um trabalho em rede com toda a comunidade de entorno.

Já o Baú das Artes é, para as crianças, uma caixa cheia de tesouros, e para os adultos, uma ferramenta de educação que trabalha temas como ética, cidadania autonomia e consumo consciente. O baú é composto por diversos materiais, como jogos, livros, fantoches, instrumentos musicais e fantasias, que ajudam a desenvolver a criatividade e a sociabilização por meio da ludicidade e das artes. Junto dele, uma equipe de educadores da Evoluir oferece workshops para ensinar os professores a trabalhar temas transversais a partir dos materiais disponíveis. O sistema é usado pelo poder público e Fernando conta: “As secretarias municipais de educação nos ligam pedindo mais baús. As crianças adoram”.

Também nessa linha de unir o lúdico ao conhecimento, outro projeto de destaque da Evoluir, na opinião do sócio, é a Nau dos Mestres, feita em parceria com o Ciência em Show. Trata-se de livros temáticos que levam o nome de mestres e misturam história fantástica, missões e experimentos que envolvem conhecimentos de Ciências e Física. Junto com os livros, vêm materiais de RPG (do inglês role-playing game, em português “jogo de interpretação de papéis” ou “jogo de representação”) e elementos para as experiências.

Todos os projetos contam com a criatividade e conhecimento técnico da equipe na Vila Madalena, São Paulo, com a capacidade de produção editorial e com uma rede de cerca de 30 educadores que desenvolvem as ações em campo, por todo o Brasil. “Temos equipe de campo em cidades como Juriti, no Pará, São Luiz do Maranhão, Igarassu e Itapissuma em Pernambuco, e Tubarão em Santa Catarina”, diz Fernando. Como padrão, a aplicação prática dos projetos sempre envolve parcerias com as secretarias municipais de educação e as comunidades locais.

Crianças entretidas com o material do Baú das Artes, um dos produtos da Evoluir, usado em escolas públicas.

Com relação ao financiamento da empresa, a maior parte dos projetos é desenvolvida através de leis de incentivo à cultura e captação posterior de recursos privados, mas também há projetos que contam com patrocínio direto de institutos e empresas como o Instituto Alcoa, HSBC e a Even Construtora. A empresa está fechando este ano com um faturamento de 9 milhões de reais.

Além da linha editorial e dos projetos, a Evoluir conta com um terceiro braço, o de construção de espaços de aprendizagem. Este último recorte do negócio envolve exposições, festivais em espaços públicos e privados e centros de educação que desenvolvem, de diferentes modos, os mesmos pilares de educação e sustentabilidade.

Muriel Duarte, 28, gestora de projetos da Evoluir, conta que um exemplo recente desses espaços de aprendizagem é o Festival Ação Saudável, que aconteceu em várias cidades do Brasil em parceria com a Mondelez. “O festival foi aberto à comunidade e às escolas e trouxe várias atividades, como oficinas de compostagem, alimentação saudável e artistas locais”, conta ela. E também menciona a exposição Uma Casa Mil Olhares, que levava os visitantes a uma viagem no tempo para trazer informações ligadas às questões de meio ambiente que vivemos no dia a dia de uma casa.

EM BUSCA DE HORIZONTALIDADE NA PRODUÇÃO E NA GESTÃO

Renata Polacow Barros, 42, diretora de projetos da Evoluir, fala da vontade de ter um negócio com gestão horizontal: “Como uma empresa social, queremos também buscar formas de gestão mais horizontais”.  Apesar de funcionar de um jeito mais fluído e aberto, com times formados por projeto e coordenadores internos em cada time, que têm bastante autonomia para lidar questões e responder aos patrocinadores, a forma ideal de gestão ainda é um desafio para a editora.

O Baú das Artes, um dos projetos da Evoluir, é modular e replicável, tendo estado presente em milhares de escolas públicas do país.

O Baú das Artes, um dos projetos da Evoluir, é modular e replicável, tendo estado presente em milhares de escolas públicas do país.

Fernando conta que a empresa passou de 7 para 20 funcionários muito rápido. “De repente, demos um salto. É um desafio fazer com que a gestão siga refletindo nosso jeito diferente de se trabalhar quando a empresa cresce. Nossa grande pergunta agora é como manter a gestão em termos de essência ideológica mantendo os compromissos de trabalho que assumimos”, conta Fernando.

Além da gestão, o sócio conta de outros desafios importantes para o próximo ano. Um deles é encontrar um modelo de negócios que não esteja tão vinculado às leis de incentivo à cultura. “Hoje, 50% dos projetos estão em leis de incentivo. Por um lado é bom, porque nos dá bastante liberdade para criar, mas estamos buscando ficar menos dependentes. Ainda não sabemos como, estamos procurando uma resposta”, afirma o empreendedor.

Outra grande meta é expandir o negócio para o mundo digital, diz Fernando, mas com a preocupação de transpor as ações educativas para o virtual, sem perder a essência e a qualidade:

“Queremos fazer coisas digitais com relevância, não só reproduzir cópias das versões impressas”

Por último, surge a preocupação em fazer a empresa se comunicar e se articular melhor. “Não comunicamos tudo o que somos ou fazemos. Não temos tempo. Queremos muito sair mais da toca e nos conectar com outros grandes atores da nova educação”, diz ele. As preocupações e desafios fazem parte da vida de qualquer empreendedor. A missão maior da empresa é seguir gerando impacto positivo na educação pública no Brasil, com ludicidade e alegria. Enfim, evoluir.

DRAFT CARD

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  • Projeto: Evoluir
  • O que faz: Editora de livros e laboratório de projetos e materiais educativos
  • Sócio(s): Beatriz Monteiro da Cunha, Fernando Monteiro e Flavia Bastos
  • Funcionários: 20
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 1996
  • Investimento inicial: NI
  • Faturamento: R$ 9 milhões em 2015
  • Contato: [email protected]
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