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À frente da Vitrine Filmes, ela abriu espaço e valorizou o cinema nacional

Fernanda Cury - 4 out 2016
Silvia Cruz: “Todo dia alguém, em algum lugar do Brasil, está alugando ou comprando nossos filmes"
Fernanda Cury - 4 out 2016
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Aos 27 anos de idade Silvia Cruz concretizou seu sonho de aliar cinema e business e abriu a Vitrine Filmes, sua distribuidora de filmes nacionais. Entre os sucessos que passaram por sua aprovação estão “O Som Ao Redor”, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, “Aquarius” e “Mãe Só Há Uma”. Conheça a história dessa empreendedora determinada, que faz e acontece!

Como nasceu o seu interesse pelo cinema?

Sou apaixonada por cinema desde muito pequena, em parte por causa do meu pai, que era muito cinéfilo, e me levava para cineclubes. Na minha casa tinha uma sala com mais de 500 VHS que a gente colecionava. Eu realmente cresci vendo filmes, sendo amiga da locadora do bairro, com cartazes de filmes em todas as paredes do quarto.

Como foi sua trajetória profissional?

Minha escolha profissional foi Administração de Empresas, porque apesar de adorar cinema, eu sabia que não tinha o talento criativo. Eu queria mexer com números, planilhas, business. Durante o curso estagiei em empresas como Telefônica e no BankBoston, entre outros, mas continuava apaixonada por filmes, tirava férias pra poder acompanhar as amostras internacionais. Nessa época eu tinha consciência que queria trabalhar no cinema, com foco em negócios e na indústria, e não com roteiro ou criação. Mas ainda não sabia muito bem por onde começar.

Em 2004, na época do Trabalho de Conclusão de Curso, precisei abrir uma empresa e desenvolver o plano de negócios. É claro, decidi abrir uma sala de cinema. A partir daí comecei a pesquisar a fundo como funciona essa área para entender o papel da distribuidora, conheci muitas pessoas e descobri qual caminho profissional seguir.

Foi nessa época que você criou a Vitrine Filmes?

Não. Antes trabalhei em duas outras distribuidoras, a Pandora Filmes e a Europa. Mas em 2010 eu notei que o Brasil estava atravessando uma fase muito especial, e o cinema nacional estava crescendo e ganhando força. Surgiam novos cineastas e o número de produções brasileiras crescia bastante. Percebi que ali havia uma oportunidade de negócios que eu não podia deixar passar, e assim nascia a Vitrine Filmes.

Como foi no início?

Eu comecei sozinha, com pouco capital, ficava na sala de um amigo, com um computador, tentando desenvolver o negócio. Era algo que não tinha sido feito antes. Não havia uma fórmula, eu precisava descobrir como tornar minha ideia viável, e isso, lógico, dá muito medo. Mas como o cinema é uma área em que se trabalha em equipe, eu tive muita ajuda e contei com a confiança de diretores, de canais de TV, das salas de cinema e de pessoas queriam que esse negócio desse certo, também, porque era uma lacuna no mercado.

Afinal, o que é a Vitrine Filmes?

A Vitrine Filmes foi criada basicamente para distribuir uma produção nacional que não estava sendo comercializada. Eram filmes mais artísticos, que chamavam a atenção dos críticos, iam pra festivais no Brasil e no mundo, mas que aqui dentro ninguém tinha pensado em comercializá-los, em colocá-los em salas de cinema ou na TV, em fazer disso um negócio, tornar os filmes acessíveis ao público em geral. Aos poucos fui criando um business através destes filmes. Hoje o faturamento fica entre 1 milhão e 1 milhão e meio, depende muito do ano.

Qual o diferencial da Vitrine Filmes em relação às demais distribuidoras?

O diferencial é a opção pelo mercado nacional, por um cinema mais autoral, feito para ser comercializado, sem dúvida, mas que antes de tudo que leva em conta a história que o autor quis contar. Muitas empresas trabalham com filmes mais comerciais, outras com filmes estrangeiros. Hoje em dia a Vitrine já tem 3 ou 4 longas do mesmo diretor, a gente cria uma relação de confiança, acompanha a carreira deles, lê os roteiros, ajuda no financiamento dos filmes. Não é mais uma empresa que entra só na hora que o filme está pronto, mas participa da criação, já pensando lá na frente em como fazer esse filme dar certo comercialmente.

Quais os principais desafios que você enfrentou?

Os filmes autorais muitas vezes têm pouca visibilidade na sala de cinema, não alcançam um bom faturamento, então é preciso lidar com as outras janelas, como a TV fechada e aberta. Agora, falando de inovação, temos o VOD (Video on Demand – Vídeos sobre demanda através de plataformas online), que chegou há uns 2 anos e tem se mostrado uma ótima opção não só para o filme ser mais visto, como para o negócio se tornar mais rentável. Hoje 80 dos filmes do catálogo da Vitrine estão disponíveis em plataformas como o iTunes, no NOW, em plataformas. Todo dia alguém, em algum lugar do Brasil, está alugando ou comprando nossos filmes. Essa foi uma excelente novidade para o mercado.

Diante desta trajetória à frente da Vitrine Filmes, quais seus principais aprendizados?

Reconhecer que eu não sei tudo, saber pedir ajuda ou dicas para outras pessoas. Aprendi a nunca tomar decisões sem antes entender quais são os riscos e as consequências, analisar se alguém já passou por isso e tem algo a ensinar. Por mais que eu seja dona de uma empresa, não estou sozinha.

Quais seus planos para o futuro?

Depois de sete anos trabalhando com filmes autorais, que fazem carreira em festivais, estamos ampliando o nosso portfólio e lançando um novo selo, a “Galeria Filmes”. Trata-se de uma nova marca, para trabalhar com filmes com maior potencial comercial, que tragam resultados mais lucrativos para a empresa.

 

Para saber mais:

Vitrine Filmes: www.vitrinefilmes.com.br
O que faz: distribuidora de filmes nacionais
Sócio(s): Silvia Cruz e Laercio Bognar
Funcionários: 10
Sede: Rua Armando Pinto, 142 – São Paulo – SP
Início das atividades: 2010
Investimento inicial: R$ 10 mil
Contato: [email protected]

 

Esta matéria pode ser encontrada no Itaú Mulher Empreendedora, uma plataforma feita para mulheres que acreditam nos seus sonhos. Não deixe de conferir (e se inspirar)!

 

itau

 

 

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