Por Marcelo Candido de Melo
Não consegui confirmação disso, mas intuo que fui uma criança tranquila, relativamente feliz, que só queria brincar – a linha dura dos anos 1960 (eu nasci em 1965) não se mostrava para quem começava a vida numa cidade do interior paulista, sob a guarda de pais que não combatiam a ditadura. Não existia pré-escola, fui colocado direto no primeiro ano com seis anos, para ver se seguia o ritmo. Segui. Verdade que minha mãe já tinha realizado seus esforços para me colocar, desde muito cedo, em contato com letras e números. De resto, era andar pelas ruas, correr atrás de uma bola e buscar os poucos parques de diversão da cidade – a aprazível Itapeva, a 290 quilômetros da capital. Meus dois brinquedos preferidos eram o balanço e a gangorra – também não existiam muitos outros.
Hoje, quase 50 anos depois, me dou conta de que o modo como as crianças interagem nessa fase da vida determina um bocado de escolhas futuras, de vida e de carreira. Se esse raciocínio fizer sentido, a Tata, uma espécie de empregada, babá, escrava, segunda ou terceira mãe, já sabia de tudo que aconteceria comigo. Ela era minha guardiã – e minha cúmplice – naquelas tardes de brincadeiras e de descobertas.
Eu nunca tive medo. E minha noção de consequência sempre perdeu para minha curiosidade e para minha vontade de experimentar. Pedia para a Tata me empurrar forte no balanço. Enfrentava sorrindo o receio de cair ou da corrente ou da corda se romperem. Na gangorra, o mais divertido era subir com força, rápido, tomando aquele tranco lá em cima, quase voando do lombo daquela prancha de madeira como se ela fosse um touro bravo. Acho que foi ali que eu aprendi a gostar de frio na barriga.
Montaria alguns cavalos xucros na vida. Alguns me jogariam no alambrado. Mas nunca me deixei intimidar pelo risco – sempre voltei para a sela, segurando de novo nas crinas do bicho.
Penso hoje que a vida é movimento. Como os de um balanço. Ou de uma gangorra. E a graça é essa: o movimento. O equilíbrio horizontal é chato. Andar na marcha lenta não traz sensações. Viver devagar, quase parando, coisa sempre recomendável, também nos condena a uma pasmaceira. A não explorarmos a vida que se oferece à nossa frente.
Enfim. Cresci, aprendi, acertei e errei. Vim para São Paulo porque queria uma gangorra maior. Procurava o que pudesse me catapultar para bem mais adiante. Comecei a cursar Matemática, em 1983, porque identificava potencial no mercado de informática. Eu era bom com números, e o computador, apesar de ainda ser uma presença rara nas casas brasileiras, já se mostrava uma ferramenta com lugar garantido no futuro. Não morria de amores pela máquina – então não fiz Computação. Mas queria fincar a minha bandeira em Exatas.
Depois namorei a Sociologia. Naqueles tempos era impossível prever que com ela se pudesse chegar à Presidência da República. Mas sentei praça mesmo em Administração, na EAESP/FGV. O mundo das multinacionais, que ofereciam bônus e a chance de ajudar a construir o novo capitalismo brasileiro que surgia, se apoderou dos meus sonhos.
Saí da FGV convicto de que ainda seria um presidente de multinacional. Não da filial brasileira, entenda. Eu queria desbravar o caminho de alguma matriz onde o RH fosse esperto o suficiente para identificar todo o meu brilhantismo. E me colocar no curso de uma carreira global. Esse era um balanço bacana. (Empurra forte aí, Tata!)
Fiz um único estágio. (Fosse hoje, teria feito tantos outros…) Recém-formado, em 1988, já consegui identificar algumas neuroses do mundo corporativo. Dizia a lenda que o presidente lia jornal utilizando-se de guardanapos para não sujar as mãos. Nunca pude confirmar isso.
Mas fica a dica, que ninguém me deu à época: fujam de presidentes que evitam sujar as mãos com conhecimento.
Aquela empresa, apesar de isso não estar escrito em lugar algum, não efetivava a contratação de pessoas com barba. Assim eram os tempos e os modos corporativos. Sim, discuti o assunto com uma gestora de RH envergonhada, que nada podia fazer. Imagino que hoje, nesses tempos politicamente corretos que vivemos, devam existir barbudos por lá – nem que seja para cobrir uma cota de diversidade e para a empresa poder posar de ambiente aberto.
Meu patrono de formatura foi o empresário Ricardo Semler. Nunca ouviu falar? Leia Virando a Própria Mesa, de 1988. Um marco no pensamento de negócios brasileiro. Vivíamos o auge do seu discurso maverick, com o qual Semler estimulava todos a remarem contra a corrente. Eu embarquei nessa ideia, não a ponto de montar um negócio (isso só faria mais tarde), mas o suficiente de torcer o nariz para os programas tradicionais de trainee. Não queria me engessar. Sonhava em ser eu também um maverick. E imaginava que as corporações valorizariam o diferente. Já era formado, mas ainda não tinha experimentado na pele a diferença entre o discurso e a prática. Mesmo o nosso patrono, apesar do seu discurso sincero e revolucionário, só teve forças para dar conta do que herdou, não conseguiu adicionar tanto valor ao negócio. Suas inovações, todas sexy, não geraram escala. Não é sempre que geram.
Tive uma carreira de executivo relativamente curta. Passei por quatro grandes empresas, além daquela em que estagiei. Durei oito anos usando gravata, com um crachá pendurado no pescoço. Fiz o exame admissional em meu último emprego aos 27 anos, no dia do meu casamento. Saí de lá, dei uma tosada nos cabelos e me meti num meio fraque – que, metaforicamente, uso até hoje.
Foi assim de última hora porque eu havia experimentado a primeira e última demissão da minha vida . Poucos momentos são tão agressivos na existência da gente. Quando a demissão acontece dentro de um corte coletivo, é conveniente para o demitido acreditar que fosse inevitável, que não é uma questão específica com ele. Mas me permita lhe dizer uma verdade: se você faz a diferença, ninguém te demite. Essa regra só deixa de valer quando não vão com a sua cara – e isso também é muito mais frequente do que se costuma admitir no mundo corporativo. As amizades e as simpatias contam muito – para o bem e para o mal. Não que eu apresentasse resultados expressivos. Mas também não tinha muita culpa no cartório. Enfim, sobrei. Caí no balanço.
Do mundo corporativo, lembro ainda de ter tido posições confortáveis, com potencial de crescimento – mas fazendo coisas que eu não gostava. Perdi uma corrida para morar fora – era uma empresa de produtos para pets e eu era o único não veterinário do departamento – mas experimentei tempos de boa exposição internacional, explicando o Plano Real para os gringos, tropicalização de produtos, e as idiossincrasias do mercado brasileiro.
Um dia percebi que não estava feliz. Não me encontrava naquela vida. O cara que estava a caminho de se tornar um dia um presidente de multinacional de repente descobria que talvez não tivesse sido talhado para a vida executiva. Não tinha disposição para puxar o saco, para ser um operador político em tempo integral, para viver uma vida submissa aos desígnios dos chefes.
Como não sabia bem o que fazer, resolvi empreender. A ideia que surgiu era montar, junto com um amigo, uma editora de livros. (Na verdade, a ideia inicial era apenas escrever um livro reclamando das dificuldades de carreira para jovens brilhantes na década de 1990, que queriam se tornar presidentes de multinacional, num Brasil que parecia não ter futuro e num mercado cheio de empresas avessas ao novo.)
A sociedade não deu certo. O negócio, depois de ver a água entrar por uma das narinas (felizmente a que eu já não utilizava devido a um desvio de septo), começou a caminhar.
Tudo isso, claro, depois de eu engravidar a minha sócia, a terceira cotista da empresa. Não, eu não traí minha mulher. Essa sócia era a minha mulher. Cometi o pecado de misturar sexo e negócios, família e empresa, amor e planilhas financeiras.
Coloquei todos os ovos na mesma cesta. (O que equivaleria a pedir para a Tata reforçar o tranco na gangorra.) Isso fez a minha vida ficar bem simples: ou o negócio dava certo – ou dava certo. Antes dos 30 a gente tem muita energia. Varei muitas noites, primeiro em casa, depois no escritório, tentando entender onde fora me meter, quais eram as regras daquele jogo, como vencer a insignificância e construir algo.
Assim surgiu a Negócio Editora. Logo em seguida, na primeira vez que a revista Exame soltou uma lista dos livros de negócio mais vendidos, conseguimos emplacar quatro dos dez campeões de venda. Comemoramos muito essa trajetória do total desconhecimento ao seleto grupo dos best-sellers.
Tentávamos fazer diferente, com outra energia, com menos burocracia. Conseguimos fazer uma editora de negócios dar certo num Brasil que recém saído do mercado fechado, com um primeiro livro com o título de Um Pavão na Terra dos Pinguins, com capital obtido pela minha rescisão de dois anos e pouco de trabalho como gerente de marketing e com a venda de um Monza velho – numa época em que o carro bacana já era o Vectra.
O caminho foi árduo. Muitas indefinições, muita emoção, filho chegando e quase nenhuma certeza. Lembro da primeira vez na mítica Feira de Frankfurt. Eu em Leverkusen, na casa de um amigo: eram 40 minutos de ônibus até Colônia e, de lá, quase 2 horas de trem até Frankfurt, mais a caminhada para a Feira. Todo dia. Enfim: a gente apareceu, chamou a atenção, incomodou os grandes.
A ponto de tentarem nos comprar. Na quarta tentativa, conseguiram. A gente se convenceu a vender a empresa. Era junho de 2002 e o Brasil se assustava com a possível ascensão de Lula ao poder. Não sei se eu buscava uma gangorra maior. Talvez eu tivesse esquecido que a gangorra sobe e desce. Talvez eu estivesse sentindo falta do movimento. Trabalhei mais um tempo, por contrato, como executivo, na empresa que eu mesmo tinha fundado, e que agora pertencia ao concorrente.
Experiência difícil, para poucos. Os mais apaixonados dificilmente conseguem. Eles nos compraram porque éramos bons, mas queriam nos mudar completamente. Coisa comum – e maluca. Fui ingênuo. Eu tinha traduzido e lido várias vezes nosso primeiro livro – mas só ali de fato entendi que os pinguins são atraídos pelos pavões, só que no fundo o que eles querem é que o pavão vista a casaca e se torne um deles. Eles admiram as cores do pavão, mas têm diante delas uma atitude muito mais de destruição do que de assimilação daquelas cores em sua vida.
Apesar de tudo, foi importante ter voltado a ser executivo. Resolvi algumas velhas dúvidas sobre carisma. Nunca quis criar, pelo peso da minha posição, uma comunidade de pessoas que só dizem sim. Essa é uma tentação grande – tanto para quem senta na cadeira poderosa quanto para quem está do outro lado da mesa.
Sobretudo, eu estava tranquilo. Desde o começo aquela era, para mim, uma situação temporária, uma cláusula do contrato de venda da editora. Julgava ter acumulado capital suficiente, se não para a tal independência financeira, ao menos para viver com conforto e com um bom leque de escolhas em relação ao que fazer a seguir.
Decidi, claro, pela emoção. Acostumado a gangorras e balanços, decidi escalar um trepa-trepa. Me engajei num projeto de móveis de alto padrão, apostando num design com características brasileiras. Último dia de trabalho na editora e lá estava eu, no jornal Valor Econômico, em matéria de meia página no caderno de negócios, posando com meu novo empreendimento.
Montei o mais bonito plano de negócios de que tenho notícia. Mas os sorrisos não se abriram para mim e para aquela oferta de valor. Não encontrei sócios.
E, com o tempo, e com os protótipos sendo expostos a um choque de realidade, comecei a pensar que o mundo talvez não quisesse mesmo uma poltrona de leitura, ou um aparador de cuja gaveta saía uma poesia do Carpinejar, ou uma mesa de centro que trazia embutida uma caixa com porta copos que também tinha poesia impressa. O mercado de decoração prefere boas comissões a bons conceitos. Sabe aquela coisa de que o pessoal compra livro e arte pela cor, para combinar com a parede e o tapete? Descobri, estupefato, que é verdade. Quando vi que não conseguiria mudar isso, mergulhei na minha crise dos 40, assumindo o golpe como se fosse um direto no estômago. Não derrubou, mas doeu. Eu havia caído do trepa-trepa. Foram alguns anos sem renda, mantendo um padrão alto de vida numa das cidades mais caras do mundo. E a contabilidade é implacável. Quando vi, estava no vermelho. Eu estava muito mais longe da independência financeira, ou mesmo de uma poupança confortável, do que imaginei.
Mas foram tempos fundamentais para entender a vida. Falar com alguém que não consegue disfarçar na voz o temor de que você lhe peça dinheiro emprestado é duro. O pior é ter que abaixar todas as defesas, confirmar o temor do interlocutor, e pedir o dinheiro, e ouvir um não. Ou pior, um julgamento. Ou pior, um sermão. (As justificativas de uma negativa de empréstimo estão entre as coisas mais constrangedores que já vivi. E imagino que seja assim para os dois lados.) Dizem que emprestar dinheiro tende a estragar uma amizade. Mas não emprestar estraga ainda mais. Fica o incômodo mudo. A relação não se rompe, mas tampouco volta a ser o que era antes.
Nunca tive medo de não me recuperar. Sempre acreditei que o que já botei para dentro, com o mix certo de emoções e atitudes, tem valor de mercado e interessa ao mundo. Essa força nunca me abandonou.
Depois que cumpri, à risca, a cláusula de não-competição do contrato de venda da editora, e recuperei meus direitos de empreender com livro, reencontrei algumas mãos estendidas. Poucas, mas valiosas. Era o que eu sabia fazer, o que tinha feito bem. Era um movimento óbvio. Uma tábua de salvação, talvez.
De repente, estava editando o manual de um produto para tratar caixas de gordura e fossas. Parei e pensei, por um minuto, que aquilo devia ser o fim do poço. Ri comigo e segui trabalhando. Para minha alegria, sempre consigo ver o lado literário das coisas. A tragédia sempre embute alguma comédia. E às vezes o texto com que a vida nos brinda é bom, ainda que duro.
E duro também é vender livro no Brasil.
Quando dei por mim, estava voltando àquele mercado que eu tinha jurado deixar para trás. Refazendo meus passos. Mas só tem uma coisa a fazer quando você cai – se reerguer. E foi o que tratei de fazer.
Fechei contrato com um empresário cuja empresa faria 30 anos – ele queria uma biografia para celebrar. Por uma série de eventos, me vi na posição de ter que escrever o livro, para honrar os prazos. Aí me vi na situação de ter que virar escritor, para que o editor pudesse ir adiante. Em um mês de trabalho insano, entreguei a biografia pronta. E descobri, já com 40 e poucos anos, com dois filhos para criar, e no meio de uma árdua corrida de recuperação financeira, que gosto mesmo é de escrever.
O que deveria ser uma conquista, no campo do autoconhecimento, a ser comemorada, caiu no meu dia-a-dia quase como um problema a mais para eu resolver. Então era isso que me atraía nos livros, desde o começo. Mais do que pesquisá-los, editá-los, vendê-los – eu gostava de escrevê-los. Desde os tempos da FGV, eu tinha me deixado guiar tanto pelo pragmatismo que tinha esquecido de me perguntar qual era o meu sonho. E agora o sonho emergia diante de mim, num momento em que precisava ser absolutamente pragmático… Os números remuneram melhor do que as palavras. E, apesar de precisar muito da remuneração, estava louco para, pela primeira vez na vida, trocá-los pelas palavras.
Alguns de nós são pragmáticos. Desses, alguns são rápidos: realizam para o mercado e ainda encontram tempo para se realizar pessoalmente. O risco é não encontrar tempo. E aí usar a aposentadoria, e sua eventual reserva financeira, para tentar fazer algo de que gostam. Quando não se conhecem, e isso é muito comum, só parecem tentar preencher os dias com alguma atividade – mas aí o vazio não é de tempo, o vazio é existencial. E essa falta não passa com remédio – outra coisa que é comum por aí.
Sou um pragmático do tipo sonhador. Já aprendi que a gangorra, quando se movimenta, sempre levará a uma experiência diferente, que agregará algo e que deixará um legado. Mergulhei na escrita – e até já obtenho dela uma remuneração interessante. De um lado, estou me especializando em contar a história dos outros. Nessa seara, sou como um terapeuta a ajudar o personagem a olhar a sua história e a narrá-la.
De outro lado, virei romancista. Trabalho no meu segundo romance, vivo o dilema de uma escrita densa, profunda, que foi bem acolhida pela crítica em minha estreia. Estou distante de ter um sucesso de público que faça jus às minhas expectativas, mas os elogios que recebo aqui e ali não têm preço. Só um elogio ao filho se aproxima disso. Isso me motiva e me dá energia para seguir. O choro mais gostoso da minha vida foi no dia em que recebi o telefonema de alguém querendo os direitos do livro para adaptar para o teatro. Abrir o Guia de Livros do jornal Folha de S. Paulo, com o Philip Roth na capa, e encontrar lá meu livro com classificação máxima, e ainda a opinião de que pertenço à seara dele e de Ian McEwan, é um sorriso que a vida me deu – depois de alguns cenhos franzidos. O tempo investido naquele romance, Eu Não Sei Ter, ainda não foi recuperado – talvez nunca seja. Mas a conta agora para mim é outra.
Amarro essa dupla frente como escritor com o trabalho na nova editora – Livros de Safra, que publica os selos Da Boa Prosa, Virgiliae, Impressão Régia e Alfaiatar. As perspectivas são interessantes – embora não seja um negócio de escala nem altamente lucrativo. Paciência. O mercado de livros nacional está ainda mais competitivo e concentrado do que quando comecei a Negócio, há quase 20 anos. Mas a vida é essa. A vida que eu quero viver.
Acho que sou uma espécie de sobrevivente. Vendi a tão sonhada e suada casa própria para pagar dívidas. São-paulino, segui as orientações do mestre Telê Santana: “a gente pode até tomar uns gols, mas vai fazer mais”. E se perder, que seja bonito.
A vida é curta demais para ser feia. Ou para deixar de viver com medo de perder. Alguns anéis já foram. Mas me restaram os dedos. Além da criatividade para pensar em alternativas. E de entusiasmo para construí-las.
Beirando os 50, não tenho carro. Ando de scooter nesse trânsito louco de São Paulo. Filosoficamente, sou um pessimista. Em termos práticos, sou um otimista. Tenho tentado sempre fazer mais do que parece possível à primeira vista.
Tenho amigos e colegas que “chegaram lá”. As preocupações são saber se o seu banqueiro está antenado, saber que taxa ele conseguirá para o capital que acumularam. Já estive lá. E é claro que um lado meu os inveja. Mas a vida, aprendi, não é apenas para ser vivida – é também para ser contada.
Isso me faz olhar com espanto para quem sonha em se aposentar cedo ou então em passar num concurso público para ter “estabilidade”. E também isso é muito comum. Tudo bem não gostarem da gangorra e do balanço tanto quanto eu. A vida não tem receita. Cada um inventa a sua. Mas é necessário olhar para dentro e sentir que se está próximo a si mesmo. Aceitar distâncias nesse campo, entre o que você faz e o que você gosta, entre o que você é e o que você gostaria de ser, é muito perigoso.
Eis o meu relato. Que lhe seja útil de alguma forma. Ganhei um bocado. E perdi muito também. Cheguei a achar que tinha ganho tudo. E cheguei a achar que tinha perdido tudo. Nem uma coisa, nem outra. Balanço que vai e vem. Gangorra que sobe e desce. Movimento. Vida que segue.
Marcelo Candido de Melo, 49, é escritor e editor, fundador da Livros de Safra. Formado em administração, já cursou matemática mas, apesar de gostar de números, se achou mesmo nas palavras.
Entre a morte da mãe e o nascimento da filha, Eduardo Freire vivia um momento delicado quando empreendeu a consultoria FWK. Ele conta como superou os percalços e consolidou sua empresa mergulhando no ecossistema de inovação.
Alê Tcholla começou a trabalhar aos 16, no departamento financeiro da TV Globo, mas sabia que seu sonho era outro. Foi desbravando novos caminhos até fundar a blood, agência que cria experiências de marca em eventos presenciais e online.
Bruna Ferreira trilhava uma carreira no setor financeiro, mas decidiu seguir sua inquietação e se juntou a uma amiga para administrar um salão de beleza. Numa nova guinada, ela se descobriu como consultora e hoje ajuda empresas a crescer.