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A InstaCarro movimentou 240 milhões de reais em 2017 vendendo praticidade, ou melhor, seu carro usado

Camilla Ginesi - 23 jan 2018 Diego e Luca na frente de uma das lojas da InstaCarro: leilão e carro vendido em apenas 1 hora.
Diego e Luca na frente de uma das lojas da InstaCarro: leilão e carro vendido em apenas 1 hora.
Camilla Ginesi - 23 jan 2018
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“Vendemos o seu carro usado em até 90 minutos.” Esta é a máxima da InstaCarro, plataforma fundada pelo engenheiro brasileiro Diego Fischer, 34, e pelo economista argentino Luca Cafici, 27, há pouco mais de dois anos em São Paulo – e que movimentou mais de 240 milhões de reais em 2017… facilitando a vida de quem quer vender o carro. Rápido. Sem ter trabalho.

Funciona assim: quem quer vender seu carro entra no site e agenda uma inspeção, que pode ser feita em uma das nove lojas (nas cidades de São Paulo, Osasco (SP), Campinas (SP) e Rio de Janeiro) ou no local em que o cliente quiser, mediante pagamento de 30 reais (o profissional da InstaCarro faz uma vistoria e já tira as fotos para a plataforma). Os 90 minutos do anúncio começam a contar a partir do início da vistoria. O leilão online começa em seguida — uma rede de 1 500 lojistas de carros usados do Brasil é acionada — e leva 30 minutos. Quando acaba, a InstaCarro está pronta para comprar o automóvel ali mesmo. A startup ganha uma porcentagem sobre a transação, que varia caso a caso.

“Conseguimos fazer o processo todo em uma hora, mas falamos 90 minutos para o caso de haver algum atraso”, diz Diego. Ele e Luca enfatizam que a InstaCarro não é uma empresa de automóveis, mas de tecnologia. O argentino diz:

“Somos uma empresa de tecnologia. É ela que permite que os carros sejam vendidos no tempo prometido”

Toda tecnologia é, por óbvio, apenas uma ferramenta. É preciso saber usá-la da forma mais eficiente para que o produto ou o serviço oferecidos pela startup funcionem, e detalhes fazem a diferença. Por exemplo, Luca e Diego desenvolveram uma plataforma similar ao Dropbox (serviço de armazenamento de arquivos) para que os avaliadores pudessem fazer o upload de fotos dos carros em tempo real dentro do aplicativo.

O leilão virtual é inspirado no eBay: tempo cronometrado e 1 500 compradores.

O leilão virtual é inspirado no eBay: tempo cronometrado e transparência nos lances.

“Em uma vistoria são tiradas cerca de 30 fotos do carro. Se deixássemos para subir todas de uma vez, isso congestionaria o celular do avaliador”, diz Luca, apontando que boa parte das inspeções acontece fora das lojas físicas da empresa, em situações em que os avaliadores contam apenas com a rede de dados 3G.

Outra criação da InstaCarro foi uma plataforma em que se realizam os leilões online, inspirada no site de negociações eBay. “Precisamos que nossos leilões funcionem bem para que os lojistas não pensem, em momento algum, que podem estar sendo prejudicados nos lances”, afirma Diego. De acordo com ele, a quantidade de participantes por leilão varia muito. “Em um leilão com sete lojistas dando lances, já é possível conseguir preços muito bons”, diz o empreendedor.

Praticidade é a alma do negócio. Preço, nem tanto. As concessionárias usam a InstaCarro como uma espécie de “estoque virtual”, dando lances sujeitos à vontade do mercado. O valor conseguido nos leilões acaba sendo, em média, 30% menor do apontado pela Tabela Fipe (usada como referência para cálculos de seguro e IPVA, por exemplo). “Trabalhamos no mercado de revenda, então os nossos preços são os praticados por concessionárias e lojas de carros usados”, diz o site.

A STARTUP QUE NASCEU DE UMA SAUDADE

A ideia de criar a InstaCarro surgiu em 2015, durante uma conversa de Luca com um amigo que trabalhava no fundo de investimento americano FJ Labs, responsável por investir na Uber, na brasileira ViajaNet e na suíça Viagogo, entre muitas outras.

Na época, Luca já morava há alguns meses na cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã, onde trabalhava como chefe de operações e produtos no Carmudi, um marketplace de carros novos e usados (pertencente à gigante alemã do e-commerce Rocket Internet). Com saudades de casa, ele queria voltar para a América Latina e fundar a própria startup.

Luca descobriu por meio desse amigo que o FJ Labs havia investido, em 2014, na plataforma russa de venda de carros usados CarPrice. Ele, então, marcou uma conversa com o fundo para propor a criação de uma empresa que fizesse o que a CarPrice faz, mas em algum lugar da América Latina. Ele descreve sua estratégia:

“Eu sabia que o fundo estava montando empresas junto com empreendedores, quis tentar a sorte”

Deu certo. Depois de diversas análises, Luca, o FJ Labs e Diego (que também havia sido apresentado ao fundo por um amigo e havia saído recentemente da empresa de consultoria McKinsey) decidiram que a sede da nova empresa seria em São Paulo. “O FJ Labs aportou 90% do capital na primeira rodada e ajudou a trazer outros fundos para investir”, conta Luca. O investimento inicial na plataforma foi de 3,5 milhões de dólares.

De acordo com Diego, o negócio funciona porque os preços dos carros usados são muito heterogêneos no Brasil. “Como a InstaCarro tem grande abrangência geográfica, conseguimos fechar bons preços para quem está vendendo”, diz. “Isso sem falar que facilitamos um processo que, muitas vezes, é chato e desgastante para o dono do carro.”

EMPREENDEDORES ORIENTADOS POR DADOS

Outra particularidade do mercado nacional teve que ser levada em conta na criação da empresa: a fraude. “Primeiro, mapeamos todos os riscos com a ajuda de peritos, de experts da indústria. Depois, construímos processos para minimizar esses riscos e validamos esses processos com outras empresas, inclusive com a CarPrice”, conta Luca. “Em nossa avaliação, hoje, olhamos tudo, a lataria interna, a lataria externa, o motor”, diz Diego. Ele conta que a InstaCarro tem 24 avaliadores, todos contratados após um processo de seleção de três dias e, em seguida, submetidos e um “treinamento intensivo e rigoroso”.

Diego fala do estilo de administração que ele e Luca têm. “Somos muito orientados por dados. A cada pequeno passo que damos, olhamos os riscos, temos atenção aos detalhes”, diz, e prossegue:

“A história da InstaCarro é muito mais uma história de disciplina analítica e de execução do que uma história de empreendedorismo”

Como os “bons alunos” que parecem ser, as notas que têm recebido também são altas. Na última rodada de investimento, em novembro do ano passado, liderada pelo FJ Labs e pela empresa de capital de risco Lumia Capital, a InstaCarro recebeu mais 22 milhões de dólares. “Para o futuro, planejamos focar em desenvolvimento de produto, em tecnologia, em aperfeiçoamento da experiência do cliente e em expansão geográfica, mas com o cuidado de não crescer indisciplinadamente”, afirma Diego.

De acordo com o portal de notícias sobre tecnologia TechCrunch, o mercado de carros usados no Brasil faturou 50 bilhões de dólares em 2015. Além disso, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, a Fenabrave, o número de transações de veículos usados cresceu 6,4% em 2017, em comparação com 2016. Ou seja, o mercado em que a InstaCarro está inserida é grande e promissor. “A maior parte da população ainda pensa em vender o carro para uma concessionária. Nosso desafio, agora, é conquistar essas pessoas”, diz o empreendedor. Assim, prático.

DRAFT CARD

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  • Projeto: InstaCarro
  • O que faz: Plataforma de venda de carros usados
  • Sócio(s): Luca Cafici e Diego Fischer
  • Funcionários: 190
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 2015
  • Investimento inicial: U$ 3,5 milhões
  • Faturamento: R$ 240 milhões transacionados em 2017
  • Contato: [email protected] e (11) 3777-5023
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