Empreender é uma loucura — no bom sentido, é claro —, mas não deixa de ser um caminho cheio de desafios, incertezas e aquela dose de coragem que a gente nem sabe que tem.
Antes de mais nada, quero me apresentar: meu nome é André Vieira, tenho 39 anos e, depois de anos no mercado corporativo, decidi largar a estabilidade da CLT para seguir minha paixão: a fotografia esportiva.
Hoje, comando a AV Fotografia, uma agência com 18 profissionais e um faturamento que já ultrapassou 1 milhão de reais em menos de quatro anos — mas essa história começou de um jeito bem diferente.
Sempre fui ligado a esportes… ciclismo, corrida de rua, paraquedismo, surfe e alguns outros que tenho tatuado em meu braço… eu estava sempre envolvido.
Nos finais de semana, pegava minha câmera e registrava eventos esportivos, equilibrando isso com minha rotina como gerente administrativo no ramo de telecomunicações.
A virada de chave veio durante a pandemia: meu segundo filho nasceu e eu percebi que precisava de mais tempo, mais flexibilidade e, principalmente, um trabalho que me trouxesse prazer, além de uma renda extra
Juntei as peças e pensei: “Se eu já treino corrida, por que não fotografar treinos?”. Era um mercado que praticamente não existia. Os treinos durante a semana eram pouco explorados e só o surfe tinha alguma cobertura desse tipo.
Então, fui para a Vista Chinesa, na Floresta da Tijuca, no Rio, onde eu já pedalava e corria, e encarei a ideia na cara e na coragem. Madrugava junto aos ciclistas, entregava cartões e, no começo, ninguém entendia nada.
Havia um único fotógrafo por lá, mas ele focava nos finais de semana e entregava as fotos editadas duas semanas depois — só que todos nós queremos tudo para o mesmo dia, né?!
Foi a partir daí que vi uma grande oportunidade, ainda mais que muitos atletas já me conheciam, o que ajudou bastante a divulgar o meu trabalho
A ideia de registrar treinos diários caiu no gosto da galera. O boca a boca fez o resto e logo eu estava vendendo cada vez mais fotos.
Nesse meio-tempo, conheci a Banlek, uma plataforma especializada em fotos esportivas que mudou profundamente a minha forma de vender imagens e me ajudou a estruturar o meu negócio.
Se tem uma coisa que explodiu nos últimos anos, foi a fotografia esportiva. A demanda por fotos cresceu tanto que hoje é praticamente um serviço indispensável para quem treina e compete.
Mas o mais doido é ver como isso foi evoluindo ao longo do tempo.
Antigamente, quem queria uma foto de corrida, ciclismo ou qualquer outro esporte tinha que esperar um evento grande, tipo uma maratona ou um Ironman. Agora, a galera quer foto do treino do dia, da pedalada no meio da semana, do futevôlei na areia.
E não é só pelo registro, não: ter uma foto maneira, bem-feita, virou parte da cultura esportiva. É motivação, é um jeito de acompanhar a evolução e, claro, de postar aquele clique brabo no Instagram
Isso sem falar nos fotógrafos. Muita gente que curtia fotografia como hobby começou a enxergar que dava para transformar isso em profissão.
Com o crescimento do mercado, surgiram oportunidades para todo mundo: quem curte adrenalina vai para provas de aventura, quem gosta de praia foca no surfe e no futevôlei, e assim vai.
O que antes parecia um mercado pequeno hoje tem um espaço enorme. A fotografia esportiva deixou de ser só um extra e virou um negócio sério, profissional.
Percebi que havia espaço para a minha empresa crescer. Comecei a cobrir novos pontos, como a Lagoa Rodrigo de Freitas e Ipanema, dois grandes cartões-postais do Rio de Janeiro.
(Como se trata de locais públicos, não há necessidade de permissão. Eventualmente, uma ou outra pessoa – menos de 1% do total – sinaliza não querer ser fotografada; nesses casos, eu simplesmente não faço o clique ou, se já tiver feito, apago a foto.)
Logo, ficou claro que atender tudo sozinho seria humanamente impossível…
Foi então que tive a ideia de chamar amigos que estavam desempregados e tinham interesse por fotografia. Fui treinando essa galera e distribuindo a equipe que se formava em diferentes locais da cidade e, foi assim que nasceu a AV Fotografia
O modelo deu certo e, em 2024, já éramos 15 fotógrafos faturando cerca de 100 mil reais por mês e batendo 1 milhão no ano (com isso, fiquei em primeiro lugar na Banlek, no Brasil, em 2021, 2022 e 2024; a plataforma tem 25 mil profissionais em todo o país.)
No modelo da AV Fotografia, os fotógrafos repassam uma porcentagem das vendas para a agência, que, em troca, oferece benefícios como empréstimos sem juros para compra de equipamentos e seguro para câmeras e lentes, entre outros. Assim, criamos uma comunidade onde todo mundo cresce junto.
Nossa meta para 2025 é audaciosa: queremos aumentar a equipe para 50 profissionais e chegar a um faturamento de 5 milhões de reais.
DESCOBRI QUE DÁ PARA VIVER DAQUILO QUE SE AMA E, AINDA POR CIMA, INSPIRAR OS MEUS FILHOS
Em breve, devo lançar meu primeiro curso online para fotógrafos que desejam se especializar em futevôlei – um dos fortes da AV Fotografia.
Os esportes são de fato o nosso carro-chefe, mas também atuamos em eventos corporativos e competições de crossfit, como o G4 e o Sun Challenge. Além disso, já realizamos trabalhos com drones e ensaios esportivos. Mas tem uma coisa que a gente não faz: casamento! (risos)
Olhar para trás e ver o que construímos em tão pouco tempo é gratificante. Nunca imaginei que teria meu próprio negócio, mas hoje vejo que foi a melhor decisão da minha vida
Agora, é continuar crescendo, levando a fotografia esportiva para cada vez mais pessoas e mostrar que, sim, dá para viver daquilo que se ama e ainda por cima inspirar os meus pequenos. Meu filho mais velho, de 9 anos, adora me acompanhar – e já arrisca algumas fotos.
André Vieira é fundador e CEO da AV Fotografia.
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