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A missão de montar uma nova área na antiga empresa deu origem à PowerHub, startup de gestão de energia

Marília Marasciulo - 6 ago 2019
Thales Fonseca (à esq.) e Luís Hioka, os sócios da PowerHub.
Marília Marasciulo - 6 ago 2019
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Luís Hioka e Thales Fonseca ficaram amigos logo no primeiro dia de aula do curso de Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2005. Os dois eram recém-chegados a Florianópolis: o primeiro, vindo de Maringá; o segundo, de Vitória. Moraram por um tempo na mesma república e entraram, ambos como estagiários, na mesma empresa de tecnologia para o setor elétrico.

Os tempos de estágio ficaram para trás. Hoje, Luís, 31, e Thales, 33, estão à frente de sua própria startup. Fundada em 2017, a PowerHub faz o monitoramento remoto do consumo elétrico de grandes consumidores, como indústrias, shoppings e redes de supermercados, para ajudá-los a gerenciar melhor o uso da energia e reduzir custos.

A ferramenta criada pela PowerHub permite visualizar o consumo de energia e aplica inteligência de dados para determinar como e onde estão as maiores demandas e custos com energia dentro de uma empresa. Oferece também insights de como a gestão pode ser melhorada. Segundo Luís:

“Nosso propósito é transformar a relação de pessoas e empresas com a energia elétrica promovendo decisões baseadas em dados”

A história da PowerHub está intrinsecamente ligada à empresa onde os amigos trabalharam juntos: a Way2, empresa de tecnologia focada no setor elétrico e responsável pela solução de telemedição de clientes como Neoenergia, EDP, EnelEngie, Furnas, Copel e AES Tietê, além de usinas como UHE Belo Monte, UHE Santo Antônio, UHE Jirau, Angra I e Angra II.

Lá, os dois futuros empreendedores fizeram carreira, foram promovidos — Thales virou gerente comercial; Luís, gerente de operações — e por fim encarregados de consolidar e expandir um novo setor na empresa, que incluía montar um centro de medição para geradoras e distribuidoras, como um serviço.

A CULTURA DA EMPRESA ABRIU TERRENO PARA OS EMPREENDEDORES

Nos moldes atuais, seria como um SaaS: a Way2, através do seu próprio centro de medição, acessa remotamente os medidores de energia por meio da internet para coletar e validar dados, além de gerar relatórios, atender requisitos regulatórios relativos à medição, garantindo adequação dos clientes a regras de mercado e reduzindo custos operacionais.

A Way2 até então fazia o software para os centros de medição das empresas, mas era tudo interno, instalado no próprio local. Luís e Thales teriam que dar um jeito de levar isso para a nuvem e se responsabilizar por situações de risco nos clientes — todo mês, pelo menos 40 usinas clientes necessitam de alguma correção nos dados, e cabe a esse setor da Way2 identificá-los e corrigi-los para evitar danos.

Foi quase como criar uma startup dentro da empresa. A operação cresceu e, em cerca de seis anos, levaram o setor do zero a R$ 400 mil mensais. Segundo Thales:

“Isso foi possível muito graças à cultura da empresa, que nos deu a oportunidade, liberdade e confiança”

Além de fornecer aos engenheiros uma experiência prática de como criar e gerenciar uma empresa, esse conjunto de fatores deu a eles mais conhecimento sobre o setor — e a segurança para arriscar na criação de um novo negócio junto à Way2.

O SALTO DA STARTUP ESBARROU EM DIFERENÇAS COM UM NOVO SÓCIO

Em 2015, Thales e Luís já tinham dez anos de amizade e uma fina sintonia no trabalho, com o primeiro cuidando da parte estratégica e o segundo incumbido do operacional. Começaram, então, a avaliar o próximo passo na carreira, enquanto eram abordados por comercializadoras de energia e empresas de eficiência energética que queriam novas soluções de monitoramento para seus negócios.

Junto aos fundadores da Way2, iniciaram conversas com um executivo de um grupo multinacional de produtos e serviços para distribuição elétrica, controle e automação, que anos antes já tinha vislumbrado uma solução parecida e firmaram uma nova sociedade para atender demandas no mercado de gestão de energia. A Way2 embarcou como acionista majoritária e assim nascia a PowerHub, com um investimento inicial de R$ 200 mil.

Em pouco tempo, porém, os dois amigos — acostumados com a cultura corporativa da Way2, que favorecia o diálogo e tomada de decisões coletivas — perceberam que tinham visões de negócio muito diferentes do novo sócio, que eventualmente se desligou do negócio.

Hoje, entre os consumidores monitorados pela PowerHub estão indústrias, redes de shoppings, hospitais, supermercados e hotéis. Ao todo, são cerca de mil unidades consumidoras monitoradas, um número expressivo num mercado em que há pelo menos umas 15 concorrentes relevantes (os sócios da startup estimam que a líder do mercado tem cerca de 6 mil clientes, mas já atua há mais de 20 anos). A PowerHub cresce 8% ao mês, com expectativa de alcançar o break even até o fim do ano.

MIRAR CONSULTORIAS FOI UMA ESTRATÉGIA PARA CRESCER RAPIDAMENTE

Para alcançar esse crescimento veloz, a estratégia foi fazer uma “pesca de arrastão” entre as maiores gestoras de energia do país, invertendo a lógica do processo de aquisição de clientes.

O setor de energia elétrica é dividido em segmentos: há as geradoras de energia; as distribuidoras, que levam energia gerada nas usinas até os centros de carga; as distribuidoras, que compram a energia das usinas e distribuem para o consumidor; e os grandes, médios e pequenos consumidores. No meio disso, existem consultorias e empresas de gestão voltadas para grandes e médios consumidores que os ajudam a tomar decisões sobre energia, com objetivo de reduzir custos.

Em vez de bater de porta em porta, eles alcançaram todos de uma só vez, mirando nas gestoras e consultorias, algumas das quais passaram a ser atendidas pela ferramenta da startup.

A solução da PowerHub suporta a tomada de decisões na gestão de energia otimizando a redução de custos, que pode variar de 10% a 30% no valor da conta. Os sócios, porém, evitam cravar um percentual para não incorrer em “falsas promessas”. Thales explica:

“Seria excelente se pudéssemos ter um número exato da economia gerada pela nossa ferramenta, mas precisamos ser honestos e explicar que depende de decisões fora do nosso controle”

Agora, com a carteira de clientes mais “parruda”, os sócios se sentem mais confiantes para bater de porta em porta, e já têm 300 novos consumidores em fase de implantação da solução.

A LOGÍSTICA DE INSTALAÇÃO É HOJE UM DOS DESAFIOS

A instalação do equipamento para viabilizar o monitoramento do consumo de energia é um dos desafios da startup, que precisa lidar com a logística de instalação. O sistema depende da conexão entre o medidor de energia da unidade consumidora e o gateway de telemetria da PowerHub, que funciona com um chip de celular. Tudo isso é instalado localmente. Os dados são então transmitidos aos servidores da PowerHub para serem tratados, processados e disponibilizados aos usuários.

Os desafios, porém, estão aí para serem superados. Nesse sentido, a startup ainda conta com o apoio da Way2. Embora o CNPJ seja diferente, a PowerHub fica baseada na mesma estrutura física da empresa, na sede no polo tecnológico de Florianópolis. Eles até dividem as áreas como administrativo, financeiro, RH e marketing (pagando pelos serviços, é claro). Na prática, essa proximidade ajuda no posicionamento de mercado. E faz da dupla Luís e Thales um caso raro de empreendedores que montaram seu negócio sem precisar se despedir de vez dos ex-colegas de trabalho.

 

DRAFT CARD

Draft Card Logo
  • Projeto: PowerHub
  • O que faz: Monitoramento de consumo elétrico
  • Sócio(s): Luís Hioka, Thales Fonseca e Way2 Tecnologia
  • Funcionários: 10
  • Sede: Florianópolis
  • Início das atividades: 2017
  • Investimento inicial: R$ 200 mil
  • Faturamento: R$ 2,1 milhões (previsão para 2019)
  • Contato: [email protected] e [email protected]
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