O senso comum sugere que condomínio e cidade são corpos que não se misturam, como água e óleo. Pode parecer contraditório, mas quebrar esse paradigma é um dos objetivos da Alphaville Urbanismo. A própria desorganização das metrópoles é um desafio. “É muito difícil encontrar terrenos em condição de urbanização que não sejam extremamente distantes da infraestrutura”, diz Marcelo Willer, presidente da empresa. “Não queremos fazer enclaves de condomínios fora da cidade, isolados, desconectados. Queremos fazer um desenvolvimento urbano integrado e conectado na mancha urbana da cidade.”
A Alphaville Urbanismo surgiu em 1973, em Barueri, na Grande São Paulo, com o primeiro centro empresarial planejado para empresas não poluentes do país; os condomínios de casas vieram depois. Impulsionada pela demanda da classe média por segurança, a urbanizadora expandiu a partir de 2000 e hoje tem mais de 110 empreendimentos lançados em 47 cidades de 23 estados.
A prioridade é criar espaços integrados a bairros vizinhos, com livre circulação nas áreas verdes e nas estruturas de comércio e serviço – só os residenciais têm acesso restrito. “Estamos buscando fazer condomínios menores, com a cidade transitando por dentro do projeto”, diz Willer. Como exemplo, ele cita o Alphaville Flamboyant, em Goiânia. “Viabilizamos a criação de um parque linear, e o centro administrativo da prefeitura fica na nossa área de equipamentos públicos. A cidade foi para dentro do Alphaville, e o Alphaville se ligou à cidade.”
Enclausurar-se é uma opção inviável em um mundo regido pela conexão, e onde a inovação é feita de forma cada vez mais colaborativa. E inovar é preciso, mesmo (ou sobretudo) quando se tem uma marca consolidada há quatro décadas. Com essa ideia em foco e o apoio da consultoria de inovação Innoscience, a Alphaville Urbanismo lança o Alpha Inova, um programa de seleção de startups para ajudar a empresa a responder a seus desafios estratégicos. Em contrapartida, essas startups ganham a chance de validar suas soluções e a possibilidade de fazer contatos e de gerar novas receitas, preservando a propriedade intelectual de seus projetos.
A origem do programa começou a se desenhar há um ano, na área de negócios da Alphaville Urbanismo. “Somos responsáveis por viabilizar os empreendimentos do momento da contratação do terreno até o lançamento para venda”, explica Patrícia Dias Hulle, gerente geral de negócios. É um trabalho longo, que pode durar dois, três anos. “Assim, a gente acaba interagindo com todas as áreas, temos acesso a interfaces de custo e preço, e conseguimos ter uma visão 360º da empresa.” Após uma visita ao Sapiens, polo tecnológico em Florianópolis, coordenada pela Fundação Certi, cristalizou-se a percepção de que o contato com as startups poderia ajudar a Alphaville Urbanismo a equacionar alguns dilemas.
Os canais de vendas e atendimento da empresa somam 100 mil acessos no site, mais de 7 mil contatos de voz e 5 mil via email pelo call center. Um dos dilemas é como melhorar essa comunicação em qualidade e velocidade, buscando soluções, por exemplo, em automatização e análise de históricos de atendimento. Outro desafio é inovar na cobrança. A urbanizadora financia diretamente 67 mil clientes, e o relacionamento financeiro é feito por email e telefone. Ferramentas de inteligência artificial para previsão de inadimplência e plataformas para renegociação de dívidas podem agilizar exponencialmente esse processo e melhorar o relacionamento da empresa com seus clientes.
Estimular o senso de comunidade é outro ponto-chave. Mais de 75 mil pessoas moram em empreendimentos da Alphaville Urbanismo. Cabe a cada proprietário construir sua casa, segundo parâmetros de uniformidade; a urbanizadora encarrega-se das obras de infraestrutura, como água, esgoto, energia, lazer, segurança e pavimentação.
Agora, a ideia é achar soluções para estreitar ainda mais o vínculo e o sentido de pertencimento. “Hoje, vendemos um terreno e rapidamente há duzentos clientes num grupo de WhatsApp fiscalizando todas etapas do andamento da obra”, diz Patrícia. Por que não canalizar essa mobilização de forma a propiciar melhorias durante a fase de obras? Tecnologias que ajudem a acelerar a ocupação do terreno (por meio de compras coletivas de materiais de construção, por exemplo) também são bem-vindas no programa.
O Alpha Inova busca ainda acesso a novos materiais e processos construtivos para erguer os futuros empreendimentos (hoje, há 35 em implantação no país e 96 em desenvolvimento). Soluções sustentáveis, que representem uma redução no custo, são importantes, claro. “Mas temos a convicção de que simplesmente a inovação tecnológica, melhorando processos de engenharia, com materiais mais avançados, não será apenas o transformador para o nosso projeto”, diz Willer. “Não acho que um ‘asfalto de quinta geração’ vai mudar completamente a lógica da nossa atividade. São coisas mais complexas, que envolvem as pessoas, e não os materiais.”
Ficou interessado? As inscrições do Alpha Inova vão até 14 de agosto. Entre no site, confira as regras e o cronograma, conheça o perfil das startups desejadas, tire as suas dúvidas e participe!