Ao comprar uma roupa ou calçado online, poucas experiências são mais desagradáveis do que receber a encomenda e ela não servir. Tanto que 37% dos consumidores desistem de fechar o pedido em um e-commerce por causa de dúvidas sobre o caimento da peça ou por não conhecerem suas próprias medidas, de acordo com uma pesquisa da rede social de moda byMK. E 56% se sentem desconfortáveis por não poderem ver e experimentar o produto antes da compra, segundo dados do Buscapé.
Para resolver o problema, a catarinense Sizebay criou uma espécie de provador virtual, com uma ferramenta que determina o tamanho ideal para cada peça de uma loja.
O cliente precisa informar o sexo, altura, peso, idade, além de indicar a modelagem do corpo (mais ou menos o formato do busto, cintura e quadril, visível e ajustável em um desenho), e o algoritmo informa o tamanho e como será o caimento da peça — se mais larga ou mais apertada.
Com sede em Joinville, a startup foi criada em 2014 pelo consultor de negócios digitais e designer Janderson Araujo, 35, pelo especialista em gestão Marcelo Motta Bastos, 52, e pela gerente de projetos Patrícia de Castro Araujo, 39.
Entre os 150 clientes, há grandes marcas como Centauro, Riachuelo e Netshoes, que pagam mensalidades a partir de 400 reais, dependendo do tamanho da empresa e nível de personalização do serviço que, segundo os fundadores, aumenta em cinco vezes a chance de conversão nas vendas e reduz em 30% o risco de devoluções.
A empresa é hoje a única brasileira a oferecer um provador virtual, competindo com internacionais como a americana True Fit, uma das líderes desse mercado, cujo faturamento chega a 15 milhões de dólares anuais.
Os números da Sizebay são bem mais modestos, com investimento inicial estimado em 200 mil reais e faturamento de cerca de 720 mil reais em 2018. Mesmo assim, as cifras animam os sócios, que planejam agora a expansão para outros países da Europa (a startup já tem clientes na França e na Romênia).
COMO CRIAR UM EMPRESA SEM TER EXPERIÊNCIA NO MERCADO
Os empreendedores dizem que acreditavam no potencial da ideia desde o início. O que não significa que a trajetória até aperfeiçoar e colocar em prática a solução, alcançando enfim relativo sucesso e estabilidade, não tenha sido repleta de desafios e aprendizados.
O primeiro obstáculo veio do fato de nenhum dos fundadores ter experiência no setor, como conta Janderson:
“Nos questionavam como queríamos resolver um problema de moda se não éramos da área”
Quem sacou o problema, na verdade, foi Marcelo, na época dono da agência de publicidade for.b, em que Janderson trabalhava. Ao comprar uma roupa na internet para a esposa, o casal ficou frustrado ao receber uma peça de tamanho muito maior do que o esperado. “Ele me contou a história e perguntou se conseguiríamos resolver essa questão.”
Janderson, que sempre teve um pé no design de produtos e resolução de desafios, ficou intrigado e compartilhou a questão com a esposa, Patrícia, na época em período sabático após o nascimento do primeiro filho.
Ela resolveu colocar a mão na massa — o que, em determinados momentos do processo, significou literalmente ir a campo com fitas métricas para tirar medidas e entender melhor o corpo das pessoas.
Enquanto Janderson e Marcelo ainda se dividiam entre o trabalho oficial, Patrícia “mexia os pauzinhos” para desenvolver o algoritmo. Com um plano inicial mirabolante, ou “meio atravancado”, na definição de Janderson, passaram em um edital do Senai.
O projeto parecia inviável, mas chamou a atenção de um investidor-anjo, que topou dar um aporte de cerca de 200 mil reais para a criação de um MVP (Produto Mínimo Viável).
Levaram cerca de um ano trabalhando no MVP, em uma dedicação tão intensa que só foi interrompida quando Patrícia, grávida da segunda filha, entrou em trabalho de parto. O resultado da empreitada, porém, ficou aquém do esperado.
Não por falta de ambição, pelo contrário. “O problema é que fizemos um design grandioso logo de cara, com uma arquitetura de informação complicada, que pesava o produto final”, diz Janderson. E complementa:
“É importante pensar gigante, mas fazer pequeno, pelo menos no começo”
Apesar disso, em 2016, após alguns ajustes, eles conseguiram vender a solução para dez e-commerces, comprovando a viabilidade da ideia. “Vender para early adopter é fácil, eles são mais malucos que você”, diz o designer. Começaram, então, a fazer o caminho inverso, enxugando o produto e reduzindo penduricalhos desnecessários.
Durante o processo, os sócios foram aprovados no Startup SC, programa catarinense de aceleração para startups. Todo fim de semana, percorriam os 180 quilômetros entre Joinville e Florianópolis para participar de mentorias e workshops sobre empreendedorismo.
“O Startup SC foi um grande divisor de águas para moldar o negócio.” Ao fim do programa, em 2017, as coisas entraram no eixo. Além de terem um produto sólido, colocaram em prática técnicas de outbound marketing e estruturaram as vendas.
DEPOIS DE CRESCER NO BRASIL, A META É CONQUISTAR A EUROPA!
O resultado foi que em 2018 tiveram o maior crescimento desde a criação do negócio, permitindo que Marcelo, que até então ainda tocava a agência em paralelo, encerrasse as atividades e passasse a se dedicar inteiramente à Sizebay.
Por outro lado, Patrícia deixou a empresa, pois o aumento da demanda dificultou a conciliação dos negócios com o cuidado dos filhos.
“Brinco que ela agora está investindo na startup que nossos filhos vão fundar daqui a alguns anos, e não duvido que, em breve, ela tenha outra ideia”, diz Janderson.
Além das mudanças e melhorias trazidas pelo Startup SC, o cofundador atribui o crescimento a outros dois fatores. O primeiro foi a conquista da Riachuelo como cliente. “Todo mundo passou a nos enxergar e até quem tinha recusado nosso serviço voltou a nos procurar.” Hoje, a ferramenta da Sizebay tem, por minuto, cerca de 30 milhões de requisições.
O segundo fator, e talvez mais relevante, foi a estratégia e jeitinho brasileiro de fazer negócios. No bom sentido, é claro. Segundo Janderson, o mercado de moda do país tem muitas particularidades e é bastante desestruturado, com ampla variação de tamanhos.
Nem sempre os estrangeiros, mesmo com mais dinheiro, conseguem entender e atuar nesse cenário. “Muitos chegam aqui e dizem ‘você deve fazer assim e pronto’, e não funciona, brasileiro gosta muito de personalização.”
O foco para 2019 é levar esse “jeitinho de fazer negócios” para a Europa. No ano passado, a Sizebay participou do StartOut Brasil em Lisboa, e os sócios contam que foram muito bem recebidos. Aproveitaram e deram início aos planos de internacionalização, que incluíram liquidar os investimentos recebidos do investidor-anjo e a entrada em uma incubadora portuguesa.
“Queremos incomodar os caras grandes lá fora”, diz Janderson. Tamanho, afinal, não assusta a Sizebay — na verdade, é a especialidade da empresa.
A venda direta ainda engaja milhões de pessoas no Brasil, sobretudo mulheres. Com um aplicativo e centenas de produtos no catálogo, a Vendah fornece uma alternativa para quem busca complementar sua renda sem precisar sair de casa.
Um ajuste de rota pode decidir o futuro de uma startup. Saiba como os sócios da Smash. pivotaram na hora certa e conquistaram milhares de clientes corporativos apostando no mercado de gift card, o vale-presente digital.
Do lançamento de marcas próprias de móveis à abertura de uma centena de lojas físicas: conheça as estratégias do e-commerce MadeiraMadeira para abraçar a omnicanalidade, cativar o cliente e acelerar a sua operação.