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Conheça os bastidores da Sportheca, a startup que quer acelerar a transformação digital do esporte brasileiro

Marina Audi - 17 nov 2020
Da esq. à dir.: Gustavo Verginelli, Eduardo Tega e Fabio Scripilliti, os sócios da Sportheca (foto: Anderson Mendes).
Marina Audi - 17 nov 2020
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Em março de 2020, um estudo da Liga Insights mapeou 135 startups nichadas no segmento esportivo e considerou o mercado em estágio de consolidação e crescimento. 

Alavancar esse segmento em formação é a proposta da Sportheca, que se pretende um guarda-chuva de soluções tecnológicas para o esporte brasileiro.

À frente da empresa, fundada em outubro 2019, está uma trinca de sócios: Eduardo Tega, 47, consultor em desenvolvimento e inovação no esporte; Fabio Scripilliti, 22, administrador; e Gustavo Verginelli, 40, um publicitário apaixonado por esportes, matemática e tecnologia.

“O Gustavo teve uma boa inspiração ao nos descrever como uma API”, diz Eduardo, o CEO, referindo-se às interfaces que possibilitam a conversa entre soluções desenvolvidas por engenheiros distintos. Ele explica:

“Temos a ambição de conectar clubes e entidades esportivas às suas torcidas, via soluções inovadoras; conectar startups à nossa plataforma digital proprietária, ampliando o número de soluções; e conectar novos empreendedores a investidores e clientes, dentro do nosso campus de inovação”

Grande aposta da Sportheca, esse centro de inovação acaba de ser inaugurado (no último dia 11), e já tem oito empresas residentes. Antes, porém, os três sócios precisaram testar o mercado e desenvolver seus próprios produtos.

A IDEIA DA EMPRESA COMEÇOU A GERMINAR AINDA EM 2017

Em 2017, Eduardo encerrava um ciclo de 12 anos à frente da Universidade do Futebol, que pesquisa e propõe mudanças no esporte (assista ao TEDx em que ele conta essa história). 

Cursando mestrado em Governança Esportiva na Universidade de Limoges, na França (o programa era apoiado pela UEFA, a entidade máxima do futebol europeu), tinha acesso a contatos e cartolas — e via as demandas do setor se escancararem como um gol aberto, sem goleiro. 

Da federação romena, por exemplo, Eduardo ouviu a dica: deveria desenvolver soluções em reais e vender para os europeus em euros.

“O mercado brasileiro é muito bom para testagem de produtos esportivos, em especial no futebol, porque as torcidas aqui são muito grandes. Uma prova de conceito realizada aqui tem o peso de milhões de usuários por trás!”

A aspa acima é de Gustavo, o sócio. A tabelinha entre os dois começou naquele ano. Desde 2013, um insight deixava o publicitário (e então dono de agência) inquieto:

“Me dei conta de que o mercado publicitário estava à beira de uma transformação radical por conta das novas tecnologias…” , diz Gustavo.

Paralelamente, ele se empenhava em aplicar ciência de dados e machine learning no esporte, atuando em outras duas frentes: a startup SportsMatch e a Distrito.me, plataforma de inovação aberta para corporações.

“Aproveitei para unir um hobby antigo e dei uma guinada”, diz. “Passei a olhar para negócios e TI, e em 2017 já estava full-time na SportsMatch.”

A CHEGADA DO TERCEIRO SÓCIO ENCORPOU O BRAINSTORMING

Eduardo e Gustavo começaram a trabalhar juntos em projetos avulsos. Nos intervalos, trocavam ideias sobre montar um negócio. No horizonte, vislumbravam um ecossistema de soluções para o esporte.

O brainstorming ganhou um gás extra com a chegada de Fábio. Ex-monitorando de Eduardo na Universidade do Futebol, ele fechou a trinca de sócios (e hoje atua como diretor de Inteligência da Sportheca). 

“Até os 13 anos de idade eu não gostava de futebol”, admite Fabio. “Por conta dos games, comecei a me interessar… Até que, em 2016, fiz um curso de Gestão Técnica do Futebol.” 

Leia também: Um clube da Série A está atrás de startups para resolver seus desafios internos. A inovação aberta está chegando ao futebol?

Em 2018, cursando o terceiro ano de Administração, Fabio chegou a fundar uma entidade estudantil (Insper Sports Business) para tocar projetos que fomentassem o esporte como negócio.

Inspirado pelos papos com Eduardo e Gustavo, o jovem se debruçou sobre uma nova ideia: um centro de inovação que servisse como aceleradora de projetos, vitrine de startups e espaço de coworking.

Em 2019, com apoio dos outros dois, Fábio trancou a faculdade, fez intercâmbio em Stanford, frequentou cursos na Draper University e na Singularity University. Dessa vivência no Vale do Silício, conta, vieram insights e a experiência para materializar o projeto do Sportheca Campus. 

A STARTUP ENGAJA DIGITALMENTE TORCEDORES DE TRÊS CLUBES DA SÉRIE A

Antes de concretizar essa visão, os sócios tiveram que começar desenvolvendo e vendendo suas próprias soluções. Segundo Eduardo:

“Nosso maior desafio foi ter de inverter a ordem do que imaginávamos fazer e decidir entregar o campus de inovação depois da plataforma”

Resolveram se focar inicialmente no desenvolvimento de um produto digital: aplicativos customizados com funcionalidades de marketplace, experiências em realidade aumentada, gamificação e notícias. 

Dessa forma, foram conquistando os primeiros clientes. Hoje, a Sportheca roda projetos de fan engagement monetization com três clubes da Série A do Campeonato Brasileiro: São Paulo, Fortaleza e Atlético Mineiro.

O app são-paulino foi a primeira dessas plataformas de engajamento do torcedor. Desenvolvido a partir de outubro de 2019, o aplicativo foi lançado em abril deste ano. 

Na sequência, em julho, surgiu o App do Leão — nos primeiros dez dias, segundo a Sportheca, a ferramenta do Tricolor cearense alcançou 3 milhões de acessos. O App Atlético Oficial, do clube mineiro, chegou em agosto. 

COMO CRIAR SUPERAPPS CUSTOMIZADOS PARA CLUBES E FEDERAÇÕES

No período de maio (quando existia só o App São Paulo FC) até outubro, as três plataformas apresentaram, segundo a Sportheca, crescimento somado de 53% e mais de 5,5 milhões em moedas digitais distribuídas. 

As moedas são recompensas que premiam o torcedor a cada interação com a plataforma. Segundo JP Castilhos, diretor de comunicação da Sportheca: 

“Isso é uma troca muito saudável: o clube tem os dados cada vez mais enriquecidos, consegue trabalhar essas informações internamente e também com marcas, que vão conhecer melhor os torcedores, e entende que tipo de produto, serviço ou experiência pode entregar para cada cluster”

O cliente paga um set up inicial, para integrar seus sistemas à plataforma da Sportheca. Uma mensalidade cobre gastos com servidores em nuvem e desenvolvedores; há ainda acordos de revenue share, sobre os negócios e lucros gerados a partir da tecnologia disponibilizada aos torcedores. 

Há mais dois projetos de engajamento de torcida engatilhados: um com a Federação Romena de Futebol (a partir dos contatos iniciados por Eduardo no mestrado) e o outro com a Federação de Futebol de Alagoas. 

Os sócios da Sportheca se esquivam na hora de falar de grana: cada projeto tem negociação particular e os clientes não autorizam a divulgação dos valores. Em termos de audiência, porém, a meta é somar 1 milhão de usuários ativos em todos os apps.

COM RESTRIÇÕES PELA PANDEMIA, O CAMPUS ACABA DE ABRIR

Com o mercado já mais amadurecido, a empresa pôde enfim realizar o plano que moveu os empreendedores lá no início: a construção de um ecossistema, com direito a sede física.

O Sportheca Campus abriu as portas no último dia 11, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. São 1 600 metros quadrados, 230 posições de trabalho, 12 salas privativas, estúdio para produção de conteúdo e centro de eventos com 100 lugares. Segundo JP:

“O espaço ficou fenomenal. Mas, por conta da pandemia, não vamos abrir para a capacidade máxima [por enquanto], vai ser uma abertura responsável. Hoje, temos oito startups trabalhando lá, nem todas full-time, algumas fazendo rodízio… E tem muita gente querendo visitar, entender quais são os planos…”

As oito startups hoje são: Alambrado FC, Bornlogic, Go.on, iSPORTiSTiCS, Mercado Favo, NFE, SMPlay e SportsMatch.

A ideia é abrir o campus a empresas em qualquer estágio de maturidade, após o crivo dos sócios, que avaliam o fit entre as propostas e o que eles já têm plugado em casa. 

COMO SE CONECTAR AO NOVO CENTRO DE INOVAÇÃO

Há três modelos para se conectar ao campus. 

O primeiro é como startup residente; custa 750 reais mensais por posição de trabalho. Um segundo modelo, de residente corporativo (fee anual: 36 mil reais) mira clubes e federações, e dá direito a duas posições, participação em eventos, 5 horas de sala de reunião por mês e organização de um evento próprio por bimestre. 

Para mantenedores, o fee (150 mil reais/ano) inclui exposição de marca, quatro posições, participação nos eventos, organização de um evento próprio por bimestre, 20 horas mensais de sala de reunião e preferências na hora de testar tecnologias e investir em startups selecionadas. 

O mantenedor terá direito também a uma cadeira na banca julgadora de um programa de alavancagem de startups ainda em desenvolvimento. 

Batizado de Smash Challenge, o programa deverá ocorrer em parceria com a Fatec e o Insper para acelerar soluções que permitam a clubes e entidades esportivas criarem fontes alternativas de receita.

A PANDEMIA ACELEROU O VALOR DA INOVAÇÃO ENTRE OS PLAYERS DO ESPORTE

Além das plataformas de engajamento, um segundo produto chamado Second Field está em negociação com “um grande time brasileiro”, afirmam os sócios. 

Trata-se de um aplicativo para organizações esportivas fazerem a “gestão 360º” dos atletas. A ideia é entregar, numa única plataforma, funcionalidades para gerir treinos, competições e outras atividades, distribuir conteúdos e agilizar a comunicação entre equipe e comissão técnica.

A Sportheca não divulga sua previsão de faturamento, porém mensura o mercado de forma assertiva, mirando mais de 100 clubes — sem falar em entidades ligadas a outros esportes.

“Se teve alguma coisa boa nessa pandemia foi que a transformação digital foi acelerada em cinco anos”, diz Eduardo. “Hoje, os players do esporte já têm plena consciência da importância de inovar.”

DRAFT CARD

Draft Card Logo
  • Projeto: Sportheca
  • O que faz: Desenvolve soluções tecnológicas para o esporte
  • Sócio(s): Eduardo Tega, Fabio Scripilliti e Gustavo Verginelli
  • Funcionários: 20 colaboradores (sendo 7 desenvolvedores)
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 2019
  • Investimento inicial: NI
  • Faturamento: NI
  • Contato: [email protected]
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