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A TriCiclos quer desencadear mudanças transformando lixo em oportunidades

Raquel Beer - 26 set 2018
Daniela Lerario, CEO da TriCiclos no Brasil: busca por reduzir a geração de resíduos
Raquel Beer - 26 set 2018
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Se eu tivesse ido atrás de cada aventura que aparecesse, eu não estaria hoje nesta cadeira... A bióloga paulistana Daniela Lerario, 35, ouviu muitas frases do tipo quando, em 2012, decidiu deixar o emprego na área de sustentabilidade do Grupo Pão de Açúcar para embarcar em um veleiro e perseguir (por cinco semanas e 7 mil quilômetros) o rastro de resíduos flutuando no Oceano Pacífico em direção ao Havaí e à costa oeste norte-americana, consequência de um tsunami no ano anterior, no Japão.

Daniela ainda não sabia, mas naquele momento estava iniciando uma guinada que a levaria mais tarde ao posto de CEO da TriCiclos no Brasil, cargo que ocupa desde 2014. Com origem no Chile (e presença também na Colômbia), a empresa busca soluções para reduzir a geração de resíduos – e é uma das participantes da edição 2018 do Braskem Labs Scale, o programa de aceleração de startups de impacto socioambiental promovido pela Braskem.

Apaixonada por natureza e pela vida outdoor, Daniela se sentiu imediatamente arrebatada ao deparar, no blog da fundação de pesquisa marítima Algalita, com um anúncio convidando internautas a se inscrever na Expedição Pangeia, à caça dos resíduos deixados pelo tsunami. A promessa de combinar aventura e sustentabilidade era irresistível: ela pediu demissão, fez as malas e embarcou.

De volta à terra firme, Daniela concluiu os estudos da expedição, casou-se, engravidou, saiu de licença-maternidade… E descobriu o trabalho da TriCiclos, que naquela época estava justamente desembarcando no Brasil. A bióloga enviou um e-mail enorme, em três idiomas, para um dos fundadores, Gonzalo Muñoz. O primeiro café logo virou parceria.

A TriCiclos presta serviços variados que visam públicos diferentes. Entre eles estão os Pontos Limpos, centros de coleta e triagem para até 20 tipos de materiais (como vidro, polietileno, polipropileno e PET), que são encaminhados à reciclagem.

Nesses pontos de recepção, membros das cooperativas de reciclagem, contratadas pela TriCiclos como prestadoras de serviço, explicam aos usuários o destino dos materiais e por que, por exemplo, determinada embalagem não pode ser reciclada. No Brasil, já são nove Pontos Limpos (no Chile, há mais de 70): oito no estado de São Paulo e um no Rio de Janeiro, localizados nos pontos dos varejistas Pão de Açúcar, Sodimac e Posto Ipiranga.

O foco da TriCiclos por aqui, porém, são os serviços B2B (business to business), ajudando empresas a desenvolver produtos e embalagens que podem ser totalmente reciclados, reutilizados ou transformados; e também a reformular seus modelos de negócios, olhando não só para o produto, mas para os resíduos criados pelos fornecedores e pela parte logística, de modo que a empresa entenda verdadeiro impacto de suas atividades.

Hoje, o maior desafio para cumprir o objetivo de transformar o lixo em oportunidades é conseguir desencadear uma mudança de comportamento da sociedade em geral.

“Não falo só dos tomadores de decisão, mas também do consumidor: ao escolher uma marca, a gente escolhe também o mundo em que queremos viver. O cidadão tem voz ativa para participar dessa luta”, diz.

Outras dificuldades são a questão logística, que precisa ser melhorada para que os resíduos circulem com mais facilidade, e a falta de cooperação e visão a longo prazo das empresas.

“O cidadão está ficando cada vez mais empoderado, e logo as indústrias não poderão mais ignorar essas questões. Por isso é importante parar de pensar a curto prazo e convidar pesquisadores e até mesmo concorrentes para desenvolver juntos uma solução que beneficie a todos.”

Daniela também explica que muitas empresas não têm a confiança para contratar um serviço terceirizado e desenhar juntos um produto ou um modelo de negócios. Isso pode ser parcialmente explicado pelo fato de as grandes companhias já terem equipes internas responsáveis por esse trabalho.

Além disso, Daniela vê preconceito no país em relação a serviços ambientais.

“No Brasil, muita gente ainda pensa que sustentabilidade é coisa de hippie, de gente que abraça árvore, que é algo que vai ser caro e não vai trazer retorno nenhum. Com a reciclagem é ainda pior: as pessoas acham que ela se resume a jogar o lixo nas lixeiras coloridas, mas alguém sabe para onde vai esse material depois?”

Em quatro anos, a equipe identificou os pontos de divergência entre os mercados do Chile e do Brasil e reconheceu a necessidade de se reinventar. Foi nessa tentativa de descobrir sua nova identidade que a TriCiclos se candidatou ao Braskem Labs Scale 2018. Em abril, a startup se tornou uma das dez selecionadas e, de lá para cá, participou da fase de capacitação, com mentorias exclusivas e acesso irrestrito ao time da Braskem e da ACE.

Daniela afirma que o Braskem Labs trouxe muitos ganhos em networking e visibilidade. E elogia a qualidade do programa:

“Os mentores têm nos ajudado bastante a entender qual é a TriCiclos Brasil, com olhar estratégico e ferramentas estruturadas”, afirma. “Todo esse conhecimento será usado em nossos novos negócios.”

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