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E-mails, uma captura de tela, tudo isso pode servir como prova em um processo. A Verifact simplifica a coleta de evidências digitais

Marília Marasciulo - 5 jul 2022
Alexandre Munhoz e Regina Acutu, fundadores da Verifact.
Marília Marasciulo - 5 jul 2022
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Nascida a partir de um problema específico na área de registro de propriedade intelectual, a startup Verifact resolve, de forma geral, uma dor comum a quem enfrenta conflitos no meio digital. 

Como garantir, por exemplo, que a captura da tela do computador ou um e-mail possam ser utilizados como prova válida em um processo judicial? 

A legaltech desenvolvida pela paranaense Regina Acutu, 43, e o paulista Alexandre Munhoz, 43, soluciona isso de maneira rápida, barata, segura e certificada. Ela explica:

“Somos a única empresa que tem meio de coleta online com aceitação em todas as instâncias da Justiça, primeiro e segundo graus e Supremo Tribunal de Justiça. Inclusive em citação no processo” 

Na prática, explica Regina, isso significa que “as provas coletadas pela Verifact realmente foram importantes para que as decisões fossem tomadas nesses casos”.

NO CARTÓRIO, PROVAR A AUTENTICIDADE DE UM DOCUMENTO DIGITAL PODE CUSTAR MILHARES DE REAIS. A STARTUP VEIO PRA RESOLVER ISSO

A ideia do negócio surgiu quando os sócios perceberam que o caminho para comprovar que um conteúdo online é verdadeiro pode ser muito longo e tortuoso. E caro, também: era preciso fazer uma perícia ou ir ao cartório registrar a informação via ata notarial.  

“Para registrar uma conversa por mensagens uma pessoa pode chegar a gastar [no cartório] 3 mil reais só para documentar o conteúdo. Isso é elitização do direito!” 

Eles decidiram, então, criar uma alternativa tecnológica para simplificar e baratear o processo. O resultado foi uma plataforma em que o usuário compra sessões de 30 minutos para selecionar e registrar todas as páginas, imagens e vídeos, que depois serão reunidos em um relatório. 

O documento também traz todas as informações técnicas, como links, endereço de IP, data da navegação – tudo certificado digitalmente e com carimbo de tempo. 

Cada sessão custa 89 reais e, no período de captura, é possível documentar até 50 telas. Segundo a empreendedora, esse serviço poderia custar de 12 mil a 15 mil reais se fosse feito por ata notarial.

ANTES DE FUNDAR UMA LEGALTECH, ELA ATUOU DEZ ANOS COMO ARQUITETA (E APRENDEU A ENTENDER AS DEMANDAS DO CLIENTE)

Embora tenham criado uma solução para uma área bastante específica, os sócios da Verifact não possuem formação na área jurídica. 

Antes de entrar para o mundo do empreendedorismo, Regina atuou durante dez anos como arquiteta especializada em desenvolver projetos de layout para agências bancárias, o que envolvia entender as demandas dos clientes. 

“Antes de todo mundo falar em customer success e experiência do usuário, eu já tinha uma certa habilidade nisso, porque a lógica na arquitetura não é muito diferente do setor de tecnologia”

Nesse período da carreira, além dos projetos arquitetônicos, Regina fazia análise e fiscalização das obras. Para isso, elaborava relatórios técnicos, em que precisava comprovar suas análises e se fazer entender por qualquer pessoa que tivesse acesso ao documento. 

SINERGIA NO AMOR E NOS NEGÓCIOS: ELES SE CONHECERAM, SE APAIXONARAM E DECIDIRAM ABRIR UMA EMPRESA DE CONSULTORIA

Em 2012, a coceirinha por empreender coincidiu com a chegada de Alexandre, formado em administração e marketing, na vida de Regina. 

Os dois moravam em Londrina, onde cursaram pós-graduação, e foram apresentados por um amigo em comum. Foi sinergia à primeira vista, tanto nos negócios quanto no amor. 

“A gente viu que se combinasse nossas habilidades, conseguiria atender empresas de forma completa. Entendemos de estratégia, marketing, experiência do usuário. E começamos a oferecer isso para empresas, desde pequenas até grandes”

A transição durou alguns meses. Ainda em 2012, Alexandre terminou o mestrado em administração e marketing e se mudou de Londrina para Maringá. Começou a formalizar a empresa enquanto Regina terminava projetos no banco. 

Fundaram então uma consultoria, a Paraleloz, e se credenciaram no edital de fornecedores do Sebrae. Passaram a atender clientes das áreas de administração, marketing e arquitetura corporativa, recorrendo ao know-how de cada sócio. 

A empresa fazia de tudo um pouco: layout de lojas e consultorias de marketing, vendas e branding. “Logo vimos que só consultoria não era o suficiente”, diz Regina. “Talvez fosse mais interessante fazer projetos mais complexos, de forma mais ampla.”

AO PRECISAR COMPROVAR A PROPRIEDADE INTELECTUAL EM UM PROJETO DE BRANDING, ELES VIRAM O TAMANHO DO PROBLEMA

Em 2015, a dupla participou do evento Startup Weekend e enxergou novas formas de pensar a empresa. Era preciso criar algo replicável, buscando modelos de negócios que ampliassem o alcance. Descobriram então um problema que demandava uma solução: 

“Uma demora de mais de 7 segundos no carregamento de sites é matador para que os clientes de e-commerce desistam da compra”, diz Regina. “A maioria das empresas desse setor são micro e pequenas, e muitas quebram antes de três anos porque não têm recursos.”

Decidiram então desenvolver um software para otimizar o carregamento. Mas a empreitada não avançou. Ela explica o porquê.

“Esse primeiro projeto não deu certo, perdemos o timing. A gente tocava a empresa e a startup ao mesmo tempo. E outras grandes empresas começaram a lançar um produto muito parecido com o nosso”

A tentativa fracassada não desanimou os sócios, que seguiram com os projetos da Paraleloz enquanto buscavam novas ideias. E foi em um deles que surgiu o embrião da Verifact. 

Em um projeto de branding, um dos clientes acabou não fazendo o registro da marca no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Tempos depois, ele acabou sendo copiado e se viu obrigado a fazer uma prova de anterioridade – o que envolveu recuperar e-mails, croquis, desenhos, manuscritos. 

“Era um trabalhão fazer esse tipo de prova”, diz Regina. “E o meu sócio começou a se perguntar: como as pessoas fazem? Como as agências fazem? Começamos a investigar.”

DE OLHO EM MERCADOS POTENCIAIS, ELES REAJUSTARAM O FOCO DO NEGÓCIO E PASSARAM A MIRAR EXCLUSIVAMENTE A ÁREA JURÍDICA

No estudo de produto, Regina e Alexandre ouviram mais de 150 pessoas entre advogados, juízes, magistrados, policiais e vítimas de crimes ou fraudes na internet. 

Também estudaram a legislação e foram atrás de soluções já existentes: perícia forense, atas notariais e até mesmo produtos em blockchain. Descobriram que além de ser uma dor relevante, a solução atenderia muitos setores. 

“No início a gente buscou o mercado de propriedade intelectual. Existia a demanda, mas sentimos que seria um mercado pequeno… Na área jurídica, tinha a mesma aplicabilidade, então decidimos que seria o primeiro [setor] a ser abordado – e a partir daí, fomos atrás da solução”

O ano era 2017 e os sócios dividiram a equipe da Paraleloz para desenvolver a plataforma que se tornaria a Verifact. 

Foram dois anos criando o sistema e o adequando ao que rege a certificação internacional ISO 27037, que padroniza a identificação, coleta, aquisição e preservação de evidências digital. 

Também colocaram o produto à prova com peritos profissionais, que emitiram pareceres técnicos sobre sua validade jurídica. 

A ESPERANÇA É QUE A FERRAMENTA SIRVA PARA FREAR OS CRIMES CIBERNÉTICOS E PROVAR QUE A INTERNET NÃO É UMA TERRA SEM LEI

Até que, em 2019, a Verifact foi oficialmente lançada, e os sócios encerraram as atividades da Paraleloz. 

Hoje, três anos depois, os usuários da Verifact já fizeram mais de 20 mil capturas de provas digitais pela plataforma. 

“Temos como clientes todos os players do meio jurídico: ministério público, polícia, grandes empresas, advogados e escritórios em todos os estados”, afirma a empreendedora. “E pessoas comuns.”

Mirando o futuro, e pensando em popularizar cada vez mais a ferramenta, os sócios acreditam no potencial da Verifact para ajudar a frear o número de crimes cibernéticos no país.

“As pessoas estão achando que internet é uma terra sem lei, há uma falsa sensação de impunidade. Mas hoje existe uma ferramenta tecnológica para que as vítimas se defendam de uma forma mais confiável, robusta” 

A justiça, afinal, é para todos. E a grande disrupção da Verifact é trazer uma solução financeiramente acessível.

“Não tem mais isso de quem tem mais dinheiro vai ter mais recursos para se defender”, diz Regina. “A gente colocou todo mundo em pé de igualdade.”

DRAFT CARD

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  • Projeto: Verifact
  • O que faz: Ferramenta online de coleta de conteúdos da web com validade jurídica para comprovar que o fato existiu na internet
  • Sócio(s): Regina Acutu e Alexandre Munhoz
  • Funcionários: 14
  • Início das atividades: 2019
  • Investimento inicial: R$ 500 mil
  • Contato: [email protected]
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