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O nascimento de uma empresa, aquele momento um tanto instável dos primeiros passos no caminho do empreendedorismo, vem sempre carregado de perguntas e desafios: devo mesmo empreender? Tenho o perfil necessário? Como transformar minha ideia em um negócio real? E como conseguir a infraestrutura que permita que ele se desenvolva? Talvez seja a hora de procurar um ambiente de inovação.
Com o intuito de estimular e apoiar o empreendedorismo, esses espaços se tornaram característicos da nova economia. Eles articulam empresas, diferentes níveis de governo, Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovações (ICTs), agências de fomento e a sociedade. E podem ser lugares que tanto apostam na gestão do conhecimento, na criação de novos produtos, serviços e processos, como também oferecem suporte para transformar ideias em empreendimentos de sucesso (tais quais as incubadoras de empresas e aceleradoras de negócios).
De olho no futuro
No Brasil, é a Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores) que lidera o movimento de fomento à inovação e empreendedorismo. A organização reúne cerca de 300 associados, entre incubadoras de empresas, parques tecnológicos, aceleradoras, coworkings, instituições de ensino e pesquisa, órgãos públicos e outras entidades.
Segundo a Anprotec, atualmente são três os principais ambientes de inovação no país:
1) Incubadora de Empresa
É um dos ambientes de inovação mais bem estabelecidos no Brasil. Assim como os bebês encontram em uma incubadora neonatal o lugar propício para amadurecer e sobreviver mesmo em condições difíceis de nascimento, a sua ideia ou negócio que ainda está engatinhando pode encontrar na incubadora de empresas o apoio que precisa para tornar essa fase inicial menos complicada. Para isso, ela oferece infraestrutura e suporte gerencial, orientando os micro e pequenos empreendedores quanto à gestão do negócio e sua competitividade, principalmente se o seu modelo de negócios é mais baseado na economia tradicional.
Atualmente, o Brasil conta com 363 incubadoras de empresas, boa parte ligadas às universidades, principalmente federais. E nem todas são iguais, seja no foco ou no processo seletivo, por exemplo. O Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), ligado à USP (Universidade de São Paulo), é reconhecido como o maior polo de incubação de negócios de base tecnológico da América Latina. Possui quase 80 empresas incubadas e já graduou 140.
Ligada à UFC (Universidade Federal do Ceará), em Fortaleza, o Padetec (Parque de Desenvolvimento Tecnológico) se tornou um dos principais centros de laboratórios e P&D (pesquisa e desenvolvimento) na América Latina, pela descoberta e desenvolvimento de novas tecnologias. A instituição conta com 17 empresas residentes, 3 associadas e 70 graduadas.
2) Aceleradoras
O modelo é bem parecido com o das incubadoras, mas tornou a capacitação dos pequenos negócios muito mais rápida. Essas entidades jurídicas são dedicadas a apoiar o início do desenvolvimento de novos negócios inovadores, usualmente com aporte de capital financeiro inicial, em troca de uma possível participação societária futura. Diferente das incubadoras, as aceleradoras têm o foco nas startups, com apoio em tempo determinado e que inclui a seleção, capacitação, mentorias, oportunidades de acesso a mercados, infraestrutura e serviços de apoio.
É o caso da B2Mamy, criada em 2016 e focada em negócios de mães empreendedoras. A fundadora Dani Junco conta que a ideia é capacitar e conectar mães ao ecossistema de inovação e tecnologia para que sejam líderes e livres economicamente. E tem dado muito certo. Nos últimos três anos, a empresa acelerou 170 negócios que, juntos, faturaram R$ 2 milhões. “Para participar da seleção, os três principais critérios são a fundadora ser mulher, ser uma empresa com base tecnológica e ter mais de um sócio na equipe”, orienta.
Há, ainda, os programas de aceleração, que são conduzidos por entidades que não são pessoas jurídicas dedicadas ao processo de aceleração e não investem diretamente nas startups. Consequentemente, não assumem participação societária nessas empresas nascentes. É o caso da jornada de mentoria, capacitação e desenvolvimento do programa Aceleração Itaú Mulher Empreendedora, com foco em negócios liderados por mulheres e com alto potencial de transformação socioambiental.
A aceleração é liderada pela Yunus Negócios Sociais, unidade brasileira da empresa global criada pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus. A parceira com o Itaú completa o seu terceiro ano e oferece 80 horas de capacitação, apoio, encontros coletivos, mentorias especializadas e personalizadas. “A Yunus entra trazendo o olhar de negócios de impacto dentro do empreendedorismo feminino, ou seja, estruturando uma jornada de aprendizagens, conexões e resultados que potencialize esse status, e com isso permitindo maior chance de que seus negócios sejam escalados”, explica Marcella Puglia, Corporate Social Innovation Developer da Yunnus.
3) Coworking
Ambiente mais recente no mundo da inovação, o Coworking se tornou popular no Brasil nos últimos anos. Esse modelo de trabalho se baseia no compartilhamento de espaço e recursos de escritório, reunindo pessoas que trabalham não necessariamente para a mesma empresa ou na mesma área de atuação, podendo reunir entre os seus usuários os profissionais liberais, empreendedores e usuários independentes. Geralmente é utilizado como uma alternativa para aumentar a produtividade e fazer novos contatos de negócios através do networking.
“Os coworkings são fantásticos porque juntam as peças do ecossistema. Neles, há cursos, prêmios, hackathons e uma série de eventos importantes para reunir startups, mentores e representantes de entidade de fomento. Sua chegada foi bem-vinda e, como uma entidade que reúne ambientes de inovação, a Anprotec não poderia deixar de valorizá-los”, diz Francisco Saboya, presidente da Anprotec.
O Itaú Unibanco apostou nessa ideia em 2015, quando se juntou ao fundo Redpoint Eventures e criou o Cubo Itaú. O modelo, até então inexistente no Brasil, transita entre um coworking e um centro de negócios, tornando-se um hub que conecta empreendedores, grandes empresas, investidores, universidades e talentos para geração de negócios.
Mas não é qualquer pessoa ou empresa que pode entrar no ambiente e alugar um espaço para trabalhar. Para estarem no Hub, as startups passam por um processo de seleção e curadoria intensos, que conferem a elas um “selo Cubo” de excelência para o mercado. Renata Zanuto, co-head do Cubo, explica que o processo seletivo é formado por um conselho que conta com uma equipe especializada do Itaú e Redpoint.
“Quando grandes empresas vêm fazer negócio, elas já sentem uma confiança maior porque sabem que as startups passaram por uma seleção rígida. Com isso, as startups fazem muitos negócios com corporações, pois o Cubo acaba sendo uma grande chancela para o mercado”, ressalta.
Ela também aponta como funciona o processo de seleção. “O nosso modelo de negócio é simples: a gente seleciona muito bem quem faz parte da nossa comunidade. Então as startups que estão aqui são as 300 melhores do Brasil. E não só isso. As 30 empresas que estão aqui como mantenedoras também passam pelo processo de curadoria”, conta.
Esta matéria pode ser encontrada no Itaú Mulher Empreendedora, uma plataforma feita para mulheres que acreditam nos seus sonhos. Não deixe de conferir (e se inspirar)!
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