Por Marcia Neder
O Brasil está passando por uma dramática transformação demográfica. Deixa de ser um país jovem para ser um país maduro. Hoje, as pessoas acima de 50 já representam 21% da população. As análises indicam que, em 2030, daqui a apenas quinze anos, teremos mais gente com mais de 65 do que entre 0 e 14 anos. Em meados do século, a turma 50+ representará 40% dos brasileiros.
O Brasil mais velho é feminino. A nossa expectativa de vida, hoje, já é de quase oito anos a mais que os homens. E esse número não para de crescer.
Dentro do grande borrão dessa crescente Terceira Idade, quem olhar o detalhe vai encontrar um grupo que se destaca. São as baby boomers, mulheres nascidas entre 1946 e 1964, que protagonizaram a Revolução Feminina, que foi a mais bem-sucedida mudança social e econômica do século 20.
Essa geração transformadora, que hoje tem mais ou menos entre 50 e 70 anos, não podia envelhecer como suas mães e avós. E, no momento em que a sociedade tradicional imaginava que ela se recolheria em casa cuidando dos netos, conformada com a invisibilidade que acomete essa parcela da população, ela simplesmente começa uma nova revolução, reinventando o envelhecimento e criando um novo sentido para a maturidade.
Trata-se de um momento especial da vida, que nada tem de fragilidade – embora esse estereótipo ainda esteja vivo por aí. A verdade que ele tenta esconder se traduz numa legião de mulheres profissionais e empreendedoras que nem pensam em parar. Ao contrário: querem inovar, gerar novos negócios e projetos, desenvolver novas habilidades, dar empregos e criar riqueza para o país. Essas mulheres estão cheias de curiosidade e de planos. Estão bonitas, saudáveis, bem cuidadas, vaidosas e dinâmicas. Não sentem nenhuma ligação, nem externa nem interna, com o sentido tradicional daquele número que está na carteira de identidade.
Esse sentimento é mais uma pista para um dos aspectos mais interessantes desse processo: a criação de uma nova verdade para a idade. Aquela geração privilegiada, que teve a sorte de viver no momento mais transformador da história humana e que mudou para sempre a vida das mulheres que nasceram a seguir, além de estar saindo da juventude para entrar na maturidade, está vivendo ao mesmo tempo outra passagem: a da Era Industrial, do século 20, para a Era do Conhecimento, do século 21.
Os paradigmas mudam. O número que está na carteira de identidade ganha um novo sentido. Aquele clichê que diz que os 50 são os novos 40, os 60 são os novos 50 está, portanto, totalmente ultrapassado.
Agora, os 60 são os novos 60.
A velhinha de 60 anos do século passado dá lugar a uma mulher de 60 poderosa e atuante no século 21. A nova mulher 50+, 60+ da Sociedade do Conhecimento vai revolucionar a vida das mulheres outra vez, mostrando que a maturidade não é o começo do fim, mas o início de uma nova fase, igualmente rica e divertida, com um longo futuro pela frente.
Essa mudança que já está provocando um gigantesco impacto na sociedade, na cultura e nas políticas públicas. E está abrindo, desde já, novas perspectivas para as mulheres – e também para os homens – mais jovens. Como diz Ricardo Guimarães, consultor de desenvolvimento de marcas na Thymus Branding, “a geração dos baby boomers vai, finalmente, colocar o velho no seu devido lugar”.
Estamos vivendo tempos muito bons!
Marcia Neder, 63, é jornalista, dirigiu as revistas Claudia e Nova, e está lançando o livro “A Revolução das 7 Mulheres: os sete perfis que representam a geração 50+, 60+ que está reinventando a maturidade“.
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