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Associação Livre, um coletivo de insights

Giovanna Riato - 1 set 2015
Fernanda, especialista na área financeira, é o contraponto para a criatividade de Alexandre.
Giovanna Riato - 1 set 2015
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Somar a visão e a experiência de profissionais de diversas áreas para encontrar os melhores insights, respostas e impulsionar a inovação. Esse é o objetivo da Associação Livre, que nasceu em julho deste ano depois de passar quatro anos em gestação na cabeça de Alexandre Pereira, publicitário formado pela Cásper Líbero que chegou perto de concluir um curso de gastronomia pela Anhembi Morumbi.

O serviço, aparentemente simples, inova ao ser oferecido de forma coletiva. O trabalho que normalmente seria executado por um único free lancer para uma agência de publicidade, por exemplo, é enriquecido ao passar pelas mãos de vários profissionais, especialistas em áreas diferentes. De quebra o custo ainda é baixo. São 1.800 reais para reunir um grupo de trabalho com quatro pessoas. Valor que pode chegar até 3.600 reais para um núcleo de oito profissionais.

Hoje, a Associação Livre conta com 28 integrantes, incluindo os dois sócios, Alexandre e Fernanda Menezes, e seis gestores, que são os geradores de negócios, aqueles que fazem a interface entre a iniciativa e os clientes. Apesar de todos serem brasileiros, eles vivem em diferentes partes do mundo: São Paulo, Nova York, Bogotá e Singapura são algumas das cidades onde se estabeleceram. A iniciativa chega em qualquer lugar que tenha internet e um profissional disposto e capaz de contribuir. A maior parte dos colaboradores vem da área publicitária, pois é neste segmento que Alexandre construiu seu networking.

“As pessoas materializam a ideia do negócio. Por isso, não precisamos de estrutura física”, afirma. Para ele, reunir um grupo com diferentes referências, históricos e lugares só enriquece o trabalho que a Associação Livre entrega.  O cliente pode ser uma agência de publicidade que precisa de ideias para entrar em uma concorrência ou  uma empresa pequena que não tem faturamento para a contratação de uma empresa de comunicação, mas que também está em busca de soluções criativas para seus projetos.

Rede de 28 profissionais tem oito gestores, que geram novos negócios para a associação.

Rede de 28 profissionais tem oito gestores, que geram novos negócios para a associação.

Ao lado do cliente, a Associação Livre chega a uma pergunta central para a qual é preciso encontrar respostas. A questão é jogada na rede e os interessados em trabalhar se candidatam para participar. A partir daí, o gestor do projeto seleciona os profissionais mais adequados para aquela tarefa.

Todos contribuem com ideias e o produto final são os insights que só um grupo tão heterogêneo poderia entregar, como afirma Alexandre. “Parece mágico, mas não é tão simples. É preciso juntar pontos de vista e ideias para chegar a alguma coisa. Adaptamos o processo de brainstorm para que ele aconteça totalmente on line”. O cliente tem acesso não apenas à solução, mas recebe também a discussão na íntegra e todo o material que foi levantado durante o processo,  diz Alexandre:

 “Quando uma agência de publicidade faz um serviço do gênero, ela entrega apenas a melhor ideia. O resto da discussão vai para o lixo. Para mim isso não é lixo. Uma ideia ruim é o fragmento de uma ideia boa. Como na gastronomia, é tudo ingrediente.”

COMPARTILHAR É MULTIPLICAR

Depois de seis anos de experiência em agências de comunicação, Alexandre decidiu tomar outro rumo. A pressão, a falta de liberdade e o cansaço foram alguns dos motivos que impulsionaram o publicitário a escolher a gastronomia como sua nova profissão. Foi então trabalhar como assistente de cozinha em hotéis em Foz do Iguaçu, no Paraná. Oito meses depois voltou para São Paulo e começou a estudar.

Entre 2006 e 2009, Alexandre passou por restaurantes como Brasil à Gosto e Oscar Café. Mas, a dificuldade que encontrou para ganhar dinheiro com a gastronomia,  o fez entender que apesar de gostar de cozinhar, ter um negócio nesta área não era a sua prioridade. Foi aí que ele abandonou o plano de virar chef  e voltou para a publicidade. Ele conta, no entanto, que o “estrago” estava feito: durante um passeio pela avenida Paulista teve o insight que resultaria na concepção da Associação Livre.

Já com a ideia da futura empresa na cabeça,  ele foi estudar planejamento de negócios, empreendedorismo e administração. Neste período, Alexandre elaborou o projeto de cinco empresas, incluindo o do salão de beleza da mãe e o de uma loja de livros-brinquedo de uma amiga. Um dos planos rendeu à ele o primeiro lugar na VII Feira de Inovação da Universidade Anhembi Morumbi. Era o empurrão que faltava. “Aquilo me deu coragem. Me fez ganhar confiança”, diz.

Com a experiência, Alexandre afirma que a arte de ser um bom empreendedor está em fazer ajustes o mais rápido possível. Ao estudar empreendedorismo, ele conta que descobriu duas máximas:

“Se você tem uma ideia e não quer contar a ninguém é porque ela não é boa. A outra é que, na verdade, nenhuma ideia é boa. Ela precisa ser dividida para ser melhorada”

Em 2014, determinado a dedicar mais tempo para tornar o seu projeto realidade, ele saiu da Simple Comunicação, agência que trabalhava na época, para transformar o plano da Associação Livre em realidade. Já em 2015, a amiga Fernanda, economista com uma trajetória profissional ancorada no mundo corporativo, entrou como sócia de Alexandre no projeto e deu o impulso necessário. Foi o casamento perfeito, ele afirma. “Eu tenho o lado forte das ideias e ela complementou isso com o domínio da área financeira”.

Com o plano de negócio pronto, surgiram os primeiros trabalhos inicialmente como protótipo. Ele pegava projetos como free lancer, jogava na rede e as pessoas contribuíam. “Os resultados são muito bons, bem melhores do que um profissional sozinho seria capaz de desenvolver. Entregamos o que o coletivo pode fazer”, diz.

Faltava apenas um ajuste: o formato do contrato dos associados. Se todos tivessem que emitir uma nota fiscal para o trabalho, esse seria bitributado. Com os insights fornecidos pela iniciativa, que podem vir das mais diversas áreas, a solução veio da construção civil: a Sociedade em Conta de Participações (SCP). O formato permite a criação de sociedades para projetos específicos, que se diluem conforme eles são concluídos.

O toque final, mesmo que involuntariamente, foi dado por Sigmund Freud. Na década de 1920 ele desenvolveu a técnica da Associação Livre para tratar seus pacientes, deixando-os livres para dizer tudo o que vem à mente. O psicanalista acreditava que, desta maneira, era possível romper a barreira da coerência e superar preconceitos para encontrar respostas. Pronto, o negócio estava batizado. “É um processo para destravar as coisas e ideias, assim como nós fazemos”, conta Alexandre.

PAGAR PARA TRABALHAR?

Tudo pronto, era hora de chegar ao mercado. Em julho deste ano nasceu oficialmente a Associação Livre. Em menos de dois meses a iniciativa já rendeu frutos importantes. Eles trabalharam com a Amüse como cliente direto, uma loja de comida na Vila Madalena, em São Paulo. Nesse pouco tempo estabeleceram parceria com a Agência 96, atuando em projetos da Unilever. Tiveram ainda a Heineken como cliente, para quem buscaram insights que definirão a presença da marca no Rock in Rio, que acontece em setembro.

Com estes trabalhos a iniciativa obtém a parte variável do faturamento. “Nada fica retido, repassamos tudo para aqueles que atuaram nos projetos”, afirma Alexandre. Os profissionais entregam o chamado de Mini Momento, ou, como ele brinca, de Meu Melhor. “Nós não aprisionamos. Não precisamos saber quanto tempo o profissional trabalhou naquilo ou de onde. Queremos que ele entregue a sua melhor contribuição”.

Há ainda a receita fixa, que vem da mensalidade de 55 reais paga por cada profissional associado à iniciativa. “É como o valor de um condomínio dividido entre as 28 pessoas envolvidas para cobrir as despesas fixas”, diz. Esse montante dá conta dos gastos com as plataformas digitais necessárias para que a associação exista, como as soluções do Google for Work, o aplicativo para controle de custos Conta Azul e o software de gerenciamento de produtividade Runrun.it.

O compromisso de Alexandre é garantir trabalho para os associados, assegurando que não haja prejuízo para o bolso do colaborador. Ninguém deve ficar mais de três meses sem projeto. Pelo menos até agora, nenhum dos profissionais, nem mesmo os sócios, tem na Associação Livre a principal fonte de renda. Ainda assim, Alexandre acredita que a remuneração é justa, equivalente ao que o profissional entrega. Além disso, ele afirma que o formato permite que as pessoas sejam livres e componham suas receitas com outras atividades.

EM BUSCA DE INVESTIMENTO

“Brinco que quero perder o controle”, diz Alexandre ao revelar o plano de internacionalização da Associação Livre. Hoje ele acompanha todas as atividades da empresa, e está sempre informado sobre o projeto que cada núcleo de trabalho desenvolve. O sonho é fazer com que a operação fique tão grande que ele não seja capaz de monitorar tudo o que acontece. Em agosto ele visitou Berlim, na Alemanha, para buscar colaboradores e aproveitar a efervescência do empreendedorismo na cidade.

Em Berlim, além de buscar novos colaboradores, Alexandre aproveitou para mergulhar no clima de inovação da cidade.

Em Berlim, além de buscar novos colaboradores, Alexandre aproveitou para mergulhar no clima de inovação da cidade.

Nos próximos três meses a Associação Livre deve duplicar o número de integrantes de sua rede. A ideia é chegar a um novo ponto de equilíbrio, que renderá superávit, com receitas fixas maiores do que os custos.

No futuro este excedente será usado na construção de uma plataforma on line de pagamentos, recurso chave para a globalização da iniciativa, permitindo a contratação de colaboradores estrangeiros, como conta. “Hoje só conseguimos contratar pessoas que, mesmo morando fora, tenham conta em algum banco no Brasil. Precisamos de uma operação financeira global muito robusta”.

A ferramenta deve ser feita na Austrália e precisará de investimento de cerca de 600 mil dólares australianos, cerca de 1 milhão de reais. Para chegar a este montante, eles pretendem atrair um investidor. “Estamos começando agora, por isso temos muita cautela”, conta Alexandre. O objetivo dele é evitar que o conceito livre do negócio seja prejudicado por exigências de um possível parceiro.

Paralelamente ao crescimento fora do Brasil, a sociedade pretende expandir a gama de soluções que oferece. “Hoje vendemos apenas o live brainstorm, mas já tenho oito métodos idealizados”.  Sem detalhar, ele adianta que um deles inclui a presença de membros da Associação Livre nas agências dos clientes. Ele afirma que os novos serviços vão seguir a essência da iniciativa, ou seja, somar diversos pontos de vista para chegar às melhores soluções. “Tudo precisa ser maturado. Quando eu divido, na verdade, eu multiplico”, conclui.

 

DRAFT CARD

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  • Projeto: Associação Livre
  • O que faz: Gera insights para a inovação
  • Sócio(s): 2
  • Funcionários: 28
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 2015
  • Investimento inicial: NI
  • Faturamento: NI
  • Contato: [email protected]
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