Mayara Rigota de Souza nem sequer estava grávida quando deu início, junto com o marido, à montagem do enxoval para o seu futuro bebê. Excesso de ansiedade? Nada disso: oportunidade e planejamento. O casal, que mora em São Paulo, aproveitou uma viagem à Europa para ir às compras.
“Já tínhamos planos de engravidar, então dedicamos três dias inteiros nas férias para comprar tudo o que sabíamos que precisaríamos”, diz a administradora, de 26 anos. “No fim, economizamos quase 40% comparando com os valores encontrados no Brasil.”
A economia poderia ter sido ainda maior se tivessem lembrado de comprar uma mala extra, para evitar o excesso de bagagem. De qualquer forma, voltaram para casa felizes, carregados de brinquedos, roupinhas, carrinho de bebê, acessórios e produtos para a saúde e bem-estar de mãe e filho – após a viagem, o casal “encomendou” um menino, que nasce no fim de 2018.
Mas não é arriscado comprar tudo assim, com tanta antecedência? Sem nem saber se iriam conseguir engravidar? Um risco calculado: “Pensamos que, se algo desse errado, doaríamos tudo para alguém que precisasse”, diz Mayara.
Agora, falta apenas montar o quarto do neném, escolher o nome (por ora, os pais estão em dúvida entre Ian e Gael) e juntar a grana para o parto e outros gastos pontuais, que o casal planeja quitar ainda antes do nascimento – para depois se concentrar apenas em curtir o filhote e em acumular o máximo de horas de sono possível!
“Horas de sono” não são a única moeda em falta nessa hora. A chegada de uma criança na família impacta progressivamente o orçamento, conforme sua alimentação transcende o leite materno, o estoque de fraldas recebidas no chá de bebê se esgota e a mensalidade dolorosa da escolinha bate da conta.
Planejar bem esse momento e controlar as finanças com “rédea curta” são essenciais. Infelizmente, ainda são poucos os brasileiros que aplicam esse entendimento na prática. Realizada em 2015, a S&P Global Financial Literacy Survey, maior pesquisa sobre o tema, confirma que dois em cada três adultos do Brasil podem ser considerados analfabetos financeiros.
Não é o caso de Mayara. Ligada em investir desde os tempos de estagiária, ela lança mão de planilhas de Excel (“já tentei alguns aplicativos, mas não me adapto”) para fazer uma gestão supereficiente do seu dinheiro. Agora, para encarar a turbulência inicial dessa nova fase, ela resolveu reduzir temporariamente seus aportes mensais em produtos de renda fixa.
Nos próximos meses, em vez dos 20% a 30% que aplica a cada mês, Mayara vai investir apenas 10% do seu salário – um “recuo estratégico” que permitirá ganhar fôlego financeiro antes de retomar os aportes normais. Em breve, pretende também iniciar uma aplicação de longo prazo para garantir que o filho tenha um bom pé de meia lá na frente.
Ao contrário de Mayara, a securitária Carolina Santos, de 37 anos, também de São Paulo, admite que nunca foi um “primor” em organização financeira. Ainda que tardiamente, ela entendeu que precisaria se reinventar e evoluir na sua relação com o dinheiro para assegurar o futuro do seu filho, Gustavo.
No fim de 2015, recém-separada, com o filho prestes a completar um ano e meio, Carolina decidiu investir em uma previdência privada infantil. Começou depositando o que dava, uma quantia modesta, R$ 30 por mês. Dois anos depois, ela já havia conseguido quintuplicar o valor para R$ 150. No ano que vem, diz, sua intenção é aumentar ainda mais a contribuição.
“Esse dinheiro está sendo guardado com muito amor e dedicação porque o Gustavo é o meu bem mais precioso. Espero que o ajude a começar a investir, pagar a faculdade ou fazer um curso no exterior. Claro que pretendo auxiliá-lo nessas empreitadas, mas a gente não sabe o dia de amanhã.”
A previdência privada infantil é basicamente uma oferta de modalidade de investimento a longo prazo. Em geral, o resgate é feito quando o beneficiário chega aos 18 ou 21 anos – aquela idade em que ou o jovem dá o pontapé inicial na sua vida adulta, ou é a própria vida que se encarrega de dar um pontapé na sua bunda.
A função dos planos de previdência é garantir uma renda após o período de contribuição. É importante, porém, ficar de olho em variáveis como prazo, taxas e rentabilidade – e avaliar se não vale mais investir em produtos de renda fixa, que podem ter um retorno bem mais interessante. Uma alternativa é o Tesouro Direto, que permite aplicações a partir de R$ 30. Bastante procurado por investidores de perfil conservador, o CDB (Certificado de Depósito Bancário, emitido pelos bancos para captar recursos) também está pagando taxas atrativas, tanto o pré-fixado quanto o pós-fixado.
Aliás, sabia que é possível abrir uma conta na Easynvest para o seu filho? Mesmo se ele ainda usar fraldas e chupeta? Basta que a criança tenha CPF e uma conta bancária em seu nome ou em co-titularidade com um dos pais (dica: confira o webinar que explica direitinho tudo sobre abertura de contas para menores de idade e investimentos a longo prazo).
Não adianta investir no futuro dos filhos sem equipá-los com as ferramentas para que se tornem pessoas autônomas, responsáveis. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) informa e o bom senso confirma: educar financeiramente crianças e jovens é uma das formas mais eficientes de se promover uma vida adulta saudável em matéria de grana.
É comum dizer que “educação começa em casa”. Muitas mães (e pais, claro) se orgulham disso e dos ensinamentos que transmitem aos rebentos – mas esquecem que é preciso incluir também a educação financeira. Mesadas, cofrinhos e boas conversas são alguns dos recursos que podem estimular as crianças a entender desde cedo o valor do dinheiro.
“Eu espero que meu esforço faça com que o Gustavo entenda a importância de economizar”, diz Carolina. “Quero que que ele seja muito mais organizado do que eu. Vou tentar ensiná-lo e, com isso, me sentir incentivada para conseguir me organizar melhor também.”
Filhos são sinônimo de alegrias imensas e amor incondicional, mas planejar a sua chegada (e ajudar a garantir o seu futuro!) são importantes para evitar sobressaltos nessa hora tão feliz. E você? Estão preparados?